terça-feira, 21 de abril de 2015

Rubens Barbosa criticou em coluna opinativa a situação dos investimentos na defesa nacional

Conforme coluna opinativa publicada pelo periódico O Estado de S. Paulo, o embaixador Rubens Barbosa afirmou que a defesa nacional e as relações exteriores foram relegadas a um segundo plano nos últimos anos. Com a redução da participação dos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores no Orçamento Geral da União, grandes problemas operacionais colocaram em questão a segurança nacional. Segundo Barbosa, 1,3% do Orçamento Geral da União destina-se ao Ministério da Defesa, o que fica aquém das necessidades das Forças Armadas. O contingenciamento orçamentário de 2015 trará prejuízo para a manutenção das estruturas físicas, aquisição de armamentos convencionais, e principalmente na qualidade dos serviços prestados, uma vez que as atividades de formação, treinamento e aperfeiçoamento de pessoal são altamente especializadas e relevantes para a segurança do Brasil. No Exército, a escassez de recursos afeta a modernização dos equipamentos e a execução de sete projetos, além de vários projetos e programas setoriais em andamento. Como é o caso dos projetos Guarani (blindados sobre rodas), Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), Defesa Antiaérea, sistema de artilharia Astros 2020, Defesa Cibernética e Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre (Recop). Além disso, o prazo final da entregar de 50 aeronaves EC-725 (Caracal), montadas pela empresa brasileira Helibrás para as três Forças foi estendido de 2017 para 2019. Em relação à Marinha, Barbosa declarou que a “esquadra está próxima de um colapso inaceitável”. A fragata brasileira Constituição, que lidera a força multinacional no litoral do Líbano (Unifil) quebrou no mês de março na costa libanesa, sendo necessário deslocar um navio patrulha para substituí-la. De acordo com o embaixador, isso traz o risco do Brasil perder a liderança da missão, na qual participam 15 países. Ademais, Barbosa afirmou que a Marinha deixou de fazer a manutenção em diversas embarcações, que em média têm 30 anos de uso, deixando-a, na prática, reduzida a 10 navios, 1 submarino, 3 fragatas da classe Niterói, 2 fragatas tipo 22, 1 corveta e 3 navios patrulha. Nesse contexto o programa Prosuper, de incorporação de 5 novas fragatas e 5 navios patrulha, está paralisado. No que tange à Força Aérea Brasileira (FAB), Barbosa declarou que a modernização das aeronaves de ataque A1 (AMX) está praticamente parada, além do leasing de 8 a 12 caças suecos Gripen C (versão anterior do Gripen NG) para garantir a defesa aérea do país enquanto o modelo NG (vencedor do programa FX-2) não for entregue. Outra questão levantada pelo embaixador foi o adiamento do projeto de aquisição de um lote de jatos de treinamento para pilotos de combate pela FAB. A necessidade desses jatos deve-se ao fato dos pilotos passarem, atualmente, da fase de treinamento com os aviões turboélice Super Tucanos diretamente para o caça supersônico F-5. Barbosa também apontou o atraso e a falta de repasses pelas Forças Armadas às empresas que atendem a seus programas. Com isso, conclui o embaixador, “a falta de recursos adequados está prejudicando programas de significado estratégico e político”, como, por exemplo, é o caso de atividades relacionadas ao Programa Espacial Brasileiro. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 14/04/15)

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