Segundo
noticiado pelo jornal O Estado de S.
Paulo, o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da Comissão Nacional
da Verdade (CNV), afirmou em entrevista para o programa “Roda Viva” da rede de
televisão Cultura, que a CNV enviará recomendação para as Forças Armadas acerca
do ensino nas academias militares, sobretudo quanto à insistência destas
instituições em sustentar “o mito de que o golpe de 1964 foi uma revolução
democrática para impedir o comunismo.” Segundo o sociólogo, as Forças têm
insistido em tratar de outra maneira em seu ensino o que é encarado pela
sociedade brasileira como uma situação de interrupção democrática, não podendo
ser sustentada essa “esquizofrenia” e, embora a CNV não possua o poder de
intervir no currículo das academias militares, certamente fará recomendações
acerca deste assunto. De acordo com o jornal, esse posicionamento dos militares
com relação ao golpe de 31 de março de 1964 é um ponto que gera críticas de
diversos setores da sociedade; os militares, porém, têm sido enfáticos ao
resistir às mudanças. Segundo o general da reserva Durval de Andrade Néri,
ex-diretor do Clube Militar do Rio de Janeiro e conselheiro da Associação dos
Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), o que ocorreu na ocasião foi
“um contragolpe em defesa da democracia, uma ação dos militares para evitar o
golpe de esquerda que levaria à comunização do Brasil". O general ainda
argumentou que o ato foi necessário, pois o governo do presidente João Goulart
visava a realização de um golpe para alinhar o Brasil ao
bloco da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviética, o que não ocorreu porque
“o povo exigiu uma atitude das Forças Armadas para impedir esse golpe
comunista.” Néri ainda afirmou seu descontentamento com a condução da
redemocratização, uma vez que “os criminosos estão aí. Foram anistiados e, com
essa Comissão da Verdade, querem mais dinheiro.". Durante sua fala no
programa “Roda Viva”, Pinheiro ainda tratou dos documentos produzidos durante o
período do regime militar (1964-1985), afirmando que não acredita que toda a
documentação do período tenha sido queimada e que a CNV tem realizado um
diálogo importante com o Ministério da Defesa acerca destes documentos.
Defendeu ainda durante a entrevista a missão da CNV em trazer esclarecimento
sobre o período do regime militar, sendo esta a principal contribuição da
Comissão para a sociedade brasileira. (O Estado de S. Paulo – Nacional –
08/10/12)
Nenhum comentário:
Postar um comentário