terça-feira, 16 de outubro de 2012

Comissão da Verdade pedirá alteração no currículo de ensino das Forças Armadas

Segundo noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, integrante da Comissão Nacional da Verdade (CNV), afirmou em entrevista para o programa “Roda Viva” da rede de televisão Cultura, que a CNV enviará recomendação para as Forças Armadas acerca do ensino nas academias militares, sobretudo quanto à insistência destas instituições em sustentar “o mito de que o golpe de 1964 foi uma revolução democrática para impedir o comunismo.” Segundo o sociólogo, as Forças têm insistido em tratar de outra maneira em seu ensino o que é encarado pela sociedade brasileira como uma situação de interrupção democrática, não podendo ser sustentada essa “esquizofrenia” e, embora a CNV não possua o poder de intervir no currículo das academias militares, certamente fará recomendações acerca deste assunto. De acordo com o jornal, esse posicionamento dos militares com relação ao golpe de 31 de março de 1964 é um ponto que gera críticas de diversos setores da sociedade; os militares, porém, têm sido enfáticos ao resistir às mudanças. Segundo o general da reserva Durval de Andrade Néri, ex-diretor do Clube Militar do Rio de Janeiro e conselheiro da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), o que ocorreu na ocasião foi “um contragolpe em defesa da democracia, uma ação dos militares para evitar o golpe de esquerda que levaria à comunização do Brasil". O general ainda argumentou que o ato foi necessário, pois o governo do presidente João Goulart visava a realização de um golpe para alinhar o Brasil ao bloco da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviética, o que não ocorreu porque “o povo exigiu uma atitude das Forças Armadas para impedir esse golpe comunista.” Néri ainda afirmou seu descontentamento com a condução da redemocratização, uma vez que “os criminosos estão aí. Foram anistiados e, com essa Comissão da Verdade, querem mais dinheiro.". Durante sua fala no programa “Roda Viva”, Pinheiro ainda tratou dos documentos produzidos durante o período do regime militar (1964-1985), afirmando que não acredita que toda a documentação do período tenha sido queimada e que a CNV tem realizado um diálogo importante com o Ministério da Defesa acerca destes documentos. Defendeu ainda durante a entrevista a missão da CNV em trazer esclarecimento sobre o período do regime militar, sendo esta a principal contribuição da Comissão para a sociedade brasileira. (O Estado de S. Paulo – Nacional – 08/10/12)

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