sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ministério da Defesa III: Nomeação de Amorim enfrenta resistência entre militares

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, no dia 05/08/11, Dilma Rousseff reuniu-se com Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República, para discutir a nomeação do ex-chanceler Celso Amorim como ministro da Defesa. Após a reunião, Lula aconselhou Amorim a dialogar com a cúpula das Forças Armadas. Durante encontro da presidente com os comandantes da Aeronáutica, Marinha e Exército, no dia 06/08/11, Rousseff teria solicitado aos comandantes que permanecessem em seus cargos e procurassem não comentar a nomeação de Amorim. A presidente teria asseverado que não é necessário temer mudanças, referindo-se à questão da não-revisão da Lei de Anistia, a qual prevê que processos e punição contra agentes de Estado que atuaram no regime militar (1964-1985) sejam barrados. Segundo a Folha, o general Augusto Heleno, porta-voz informal do Exército, declarou que a indicação não ocasionará conflitos, uma vez que a alteração de comando é usual aos militares. O general também lembrou que as Forças Armadas são instituições apolíticas e apartidárias, nas quais viés ideológico não é bem quisto. Conforme noticiado pelo Estado de S. Paulo, segundo opiniões anônimas de militares, a nomeação de Amorim teria desagradado ao Exército, uma vez que a instituição defende que a cultura profissional necessária à diplomacia é diferente da requerida pela militar, e também devido à opinião de que Amorim, como chanceler, teria conferido à diplomacia brasileira um viés ideológico bolivariano, que em muitas situações, como no apoio ao Irã, Cuba e Venezuela, foram de encontro aos valores das Forças Armadas. Diante dessa resistência, Lula se manifestou, afirmando que quem tem autoridade para nomear ministros é a presidente, que é chefe suprema das Forças Armadas, e concluiu declarando que "eu não sei se cabe aos militares gostarem ou não gostarem". Segundo a Folha de S. Paulo, a Marinha e a Força Aérea não seriam desfavoráveis à Amorim que, após viajar 597 vezes como chanceler, declarou que "o principal instrumento de política externa são os aviões da FAB". Entretanto, a maior dúvida quanto a aprovação do novo ministro provém do Exército, que o julgaria “esquerdista” devido aos alinhamentos políticos supracitados. Em coluna opinativa dirigida à Folha, Eliane Cantanhêde, afirmou que, apesar do sentimento de insatisfação inicial, os representantes das três Forças aparentaram certo conformismo com a indicação de Rousseff, afinal a tendência, segundo a colunista, seria a de que o ministro mantenha as diretrizes da gestão anterior. Conforme apresentado pelo periódico, para o assessor especial da presidência para Assuntos Estratégicos, Marco Aurélio Garcia, a escolha de Amorim minimizou divergências entre os militares. (Correio Braziliense - Política - 06/08/11; Correio Braziliense - Política - 07/08/11; Correio Braziliense – Política – 08/08/11; Folha de S. Paulo - Poder- 06/08/2011; Folha de S. Paulo – Poder – 07/08/11; Folha de S. Paulo – Opinião – 09/08/11; O Estado de S. Paulo - Nacional- 06/08/11; O Estado de S. Paulo - Notas e Informações - 06/08/11; O Estado de S. Paulo – Nacional – 08/08/11)

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