sábado, 10 de setembro de 2011

Almirante reformado discorre sobre a Estratégia Nacional de Defesa

Em coluna opinativa no jornal O Estado de S. Paulo, o almirante de esquadra Mário César Flores, discorreu sobre a Estratégia Nacional de Defesa (END), que, em sua opinião, não tem suscitado interesse da sociedade brasileira nem gerado repercussão no Congresso. Flores abordou alguns aspectos da END que, a seu ver, poderiam contribuir para despertar o interesse pelo tema. Primeiramente, o almirante destacou que a formulação da END, em 2008, apesar de ter ocorrido com a participação de diversos setores do governo, não contou com a presença do então ministro das Relações Exteriores. Em segundo lugar, ressaltou que o documento propaga a ideia de unificação doutrinária, estratégica e operacional, contrária à autonomia outrora conferida às Forças. Em terceiro lugar, Flores indicou que o texto da END não faz menção a ameaças ou inimigos, mas defende a organização das Forças em torno de capacidades. Flores questiona quais são essas capacidades e em relação a que tipo de ameaças, além de questionar a motivação da nova distribuição das mesmas pelo território. Em quarto lugar, o almirante afirmou que o texto deixa ambígua a relação entre tecnologia e desenvolvimento e o compromisso com a não-proliferação nuclear. Segundo Flores, essa seria uma “fórmula semântica ambígua, usada por países (Irã...) que querem manter aberta a porta nuclear”. O quinto ponto levantado por Flores disse respeito ao fato de a END trabalhar com a prioridade da continuidade orçamentária para o desenvolvimento de projetos a longo prazo, a qual não existe. O sexto apontamento indicou que o texto da END não faz referência à segurança coletiva, visto que não há ameaça comum, mas, ao afirmar que o Conselho Sul-Americano de Defesa criará mecanismo consultivo que permitirá prevenir de conflitos, fornece ao mesmo um caráter político, segundo Flores, não comum e com exclusão à participação norte-americana. Por fim, quanto à ênfase do documento ao serviço militar obrigatório, Flores criticou a ausência de recrutas das camadas sociais mais favorecidas e destacou a necessidade de conciliar o recrutamento com tecnologia moderna, o que exige alta capacitação. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 31/08/11)

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