segunda-feira, 31 de março de 2014

Militares são acusados de venda de munição a facção criminosa paulista

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, dois militares do Batalhão de Infantaria Leve de Campinas foram acusados de repassar cerca de 700 balas de fuzil pertencentes ao Exército para traficantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Os acusados são o sargento Ivan Carlos dos Santos, de 40 anos, e o soldado Geraldo Júnior Rangel dos Santos, de 22, que respondem pelos crimes de peculato e furto. (O Estado de S. Paulo – Brasil – 28/03/14)

Coluna opinativa critica movimentos de esquerda da época do regime militar

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Reinaldo Azevedo criticou os movimentos de esquerda da época do regime militar (1964-1985), caracterizando como “homicidas” os integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Vanguarda Armada Revolucionária (VAR-Palmares). Alcunhou de “vigaristas” e “oportunistas” os historiadores que, segundo o jornalista, usam a história de modo revanchista, além de usar expressões como “delírios do Araguaia”. Segundo Azevedo, os militares foram os únicos a defender a democracia em 1964. Em sua visão, “Getúlio virou um divisor de águas ideológicas na história inventada pelos comunistas, oportunistas e palermas e é o pai intelectual de João Goulart, o golpista incompetente deposto em 1964”. (Folha de S. Paulo – Poder – 28/03/14)


General da reserva foi entrevistado pela Folha de S. Paulo

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o general da reserva Leônidas Pires Gonçalves, 94 anos, ex-comandante do Exército durante a transição democrática, afirmou que não houve mortes durante o regime militar brasileiro (1964-1985), mas que “eles [a esquerda] montam essas teorias”. Ao ser questionado sobre as torturas, não negou que tenham existido, mas argumentou que “você não controla a raça humana”. Em seguida, declarou que os militares seguem ordens, e que “contra bandido, você não pode fazer outra coisa”. Gonçalves defendeu o papel do Exército como “poder moderador, garantidor da lei e da ordem”, afirmando que não houve ditadores, mas “sucessivos presidentes eleitos”, pois o caráter indireto das eleições não as deslegitimam. (Folha de S. Paulo – Poder – 28/03/14). 

Ministro da Defesa fez declarações sobre as Forças Armadas

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, no dia 27/03/14, durante uma audiência no Senado Federal, o ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que as Forças Armadas de hoje não tem relação com a que atuou durante o regime militar (1964-1985). Quando questionado sobre o caso do desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva, na época do regime, Amorim afirmou que o Brasil, “ao pagar as indenizações já, de certa maneira, pediu desculpa por tudo que ocorreu”. (Folha de S. Paulo – Poder – 28/03/14).

Periódico traça a evolução da participação política dos militares antes de 1964

Conforme o periódico Correio Braziliense, a deposição do então presidente da República João Goulart pelos militares em 1964 não está necessariamente associada a tentativas anteriores de tomada de poder. De acordo com avaliação do professor de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodrigo Patto Sá Motta, apesar de haver militares com projeto de poder antes de 1964, eram “marginais do sistema político”, ou seja, seriam grupos minoritários, tanto que não conseguiram impedir a posse de Goulart. Para Motta, no entanto, 1964 constituiu um cenário político distinto, pois os militares contavam com o apoio de outros setores da sociedade, o que contribuiu para que conseguissem tomar o poder. Segundo o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriano Codato, Goulart, já possuindo desavenças com os militares quando era ministro do Trabalho do segundo governo do então presidente da República Getúlio Vargas (1951-1954), foi demitido por esse em 1954, que cedeu à pressão das Forças Armadas, as quais acusavam Goulart de arquitetar uma revolução comunista no Brasil. Apesar da demissão, Vargas acatou a proposta de Goulart, enquanto ministro, de dobrar o salário mínimo, gerando o Manifesto dos Coronéis, redigido pelo general Golbery de Couto e Silva, no qual “considerava um ultraje um trabalhador braçal ganhar quase o mesmo que um tenente”. De acordo com o Correio, tal fato deteriorou a relação de Vargas com os militares e os segmentos da chamada linha-dura pressionaram Vargas com a tentativa de transformar sua licença provisória em afastamento definitivo, tendo o então presidente se suicidado logo depois. Segundo o periódico, o presidente da República eleito em 1955, Juscelino Kubitschek, foi também confrontado pelos militares. A chamada Revolta de Jacareacanga em 1956, liderada pelo major Haldo Coimbra Velloso, juntamente com o capitão José Chaves Lameirão, tentou cooptar aliados na Aeronáutica para depor Kubitschek. A revolta, porém, foi facilmente controlada pelo governo. Em 1959, houve uma nova tentativa com a Revolta Aragarças, que foi contida em 36 horas e seus líderes fugiram para a Argentina, Bolívia e Paraguai. De acordo com a pesquisadora da Revista História da Biblioteca Nacional, Nashla Dahás, a posse de Goulart como presidente da República em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, desencadeou uma articulação entre militares, empresários, conservadores, liberais, setores da Igreja Católica e da grande imprensa. Para o filho de Goulart, João Vicente Goulart, Quadros renunciou quando seu vice estava em uma visita à China a fim de abrir espaço para três ministros militares – que foram signatários do Manifesto dos Coronéis em 1954 - assumirem o poder. Segundo o Correio, os militares tentaram impedir Goulart de tomar posse no governo, entretanto cederam quando o Congresso Nacional propôs a adoção do parlamentarismo, que passou a chefia de governo ao primeiro-ministro, Tancredo Neves. Segundo Motta, a reinstalação do presidencialismo por Goulart, que havia se fortalecido no poder naquele momento, levou à sua deposição em 1964. De acordo com o Correio, além das pesquisas relacionadas à participação das Forças Armadas na política anterior ao regime militar, um esforço vem sendo feito para entender o papel das grandes lideranças políticas durante a tomada de poder pelos militares. Ações como a deflagração precipitada da tomada de poder por parte do general Olympio Mourão Filho, que decidiu não seguir a operação que estava sendo organizada pelas Forças Armadas, estão sendo estudadas. Um personagem-chave no golpe foi o general Castelo Branco, que é apontado como a ponte entre os Estados Unidos da América e entidades como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad). Houve ainda as personagens que defenderam a permanência de Goulart e a legitimidade de seu poder como Tancredo Neves, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. (Correio Braziliense – Política – 24/05/14; Correio Braziliense – Política – 27/05/14)

Projeto “Opening the Archives” disponibilizou documentos sobre o regime militar

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o projeto “Opening the Archives”, parceria entre a Universidade Brown, dos Estados Unidos da América, e a Universidade Estadual de Maringá, no estado do Paraná, digitalizou e indexou materiais do Departamento de Estado e da Agência Central de Inteligência (CIA sigla em inglês) estadunidenses e os publicou na internet, tornando-os acessíveis a partir do dia 26/03/14. A maior parte dos documentos estava acessível somente nos Arquivos Nacionais estadunidenses. Foram publicados cerca de 2000 documentos e ainda faltam cerca de dez mil. Os arquivos ficarão disponíveis até o dia 10/04/14, quando a Universidade Brown os lançará oficialmente durante simpósio sobre o regime militar brasileiro (1964-1985). O historiador James Green, da Universidade Brown, disse à Folha que "o projeto oferece a possibilidade de uma análise mais detalhada sobre os contatos cotidianos entre os americanos e os brasileiros que assumiram o poder em 1964". (Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14)

Resquícios de 1964 em 2014

Em coluna para o periódico Folha de S. Paulo, Elio Gaspari afirmou que o golpe de 1964 mantem-se como fator de divisão na história política do Brasil e que alguns pontos da agenda daquele período permanecem no cenário político contemporâneo. Em sua opinião, a análise dos atos derivados de pensamentos autoritários cometidos no período anterior pode permitir “que se descubra, em 2014, o código genético do golpismo de 1964”. O primeiro desses atos consiste no desrespeito à vontade popular. O regime militar (1964-1985) instituiu a escolha do presidente da República de maneira indireta, sem participação do voto popular. O general Emílio Garrastazu Médici foi eleito presidente da República sem que se soubesse como tal escolha foi feita. Tais fatos ocorreram há 50 anos, porém, para Gaspari, em 2014 “a desqualificação do voto alheio” continua presente. O segundo ato consiste no fato de que em 1964 era saliente no Brasil o descontentamento com o Congresso Nacional e os políticos brasileiros. Era comum a ideia de que a população não escolhesse seus candidatos nas votações, existindo ainda quem apoiasse a instituição de uma Assembleia Constituinte para realizar reformas no país, ou até mesmo para permitir que o ex-presidente da República João Goulart fosse candidato a presidente novamente. Segundo Gaspari, tais características permanecem presentes em 2014 no cenário nacional e o que antes era chamado de “infiltração comunista no governo” hoje se refere ao mecanismo de governo do Partido dos Trabalhadores (PT). (Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14) 

Apoio estadunidense aos militares em 1964

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, os Estados Unidos da América (EUA) e o ex-embaixador estadunidense no Brasil, Lincoln Gordon, sempre negaram a existência da Operação Brother Sam. Entretanto, a liberação de documentos secretos e sigilosos estadunidenses vem comprovando a participação do país na tomada de poder pelos militares no Brasil em 1964, participação na qual Gordon possui papel significativo. Segundo a Folha, o ex-embaixador afirmou ao então presidente dos EUA John Kennedy que caso o presidente da República do Brasil João Goulart tivesse maiores poderes, se transformaria em um “ditador pessoal e populista”. Gordon constantemente transmitia informações alarmistas a respeito do Brasil à Washington. A Operação Brother Sam constituiu-se no encaminhamento de navios petroleiros à costa brasileira, porta-aviões, destroyers, cruzadores de apoio e 110 toneladas de armamento em munição, armas leves e gás lacrimogênio. Contudo, Goulart não apresentou resistência à tomada de poder pelos militares e a armada estadunidense não chegou a desembarcar no país. (Folha de S. Paulo – Política – 25/03/14) 

Segundo jurista, regime militar não foi uma “ditadura”

Em entrevista ao periódico Folha de S. Paulo, o jurista Célio Borja argumentou que o regime militar (1964-1985) não deve ser chamado de “ditadura”. Tal conceito definiria a concentração de todos os poderes na figura do chefe de Estado, algo que segundo Borga não ocorreu no Brasil, pois o Congresso Nacional e o Judiciário mantiveram-se independentes. A definição mais cabível, segundo Borja, seria “regime de plenos poderes”. O jurista afirmou que a esquerda brasileira almejava implementar um regime semelhante ao de Cuba no Brasil e que, caso as Forças Armadas não tivessem tomado o poder em 1964, um golpe de esquerda seria orquestrado sob o comando do então presidente da República, João Goulart. Borja afirmou que a Constituição de 1976 era “um recomeço da vida constitucional” e que esse foi rompido pela instituição do Ato Institucional n° 5. Segundo o jurista, a tortura sempre esteve presente no Brasil, mas apenas quando foi usada contra presos políticos passou a receber importância. Borja defendeu ainda que a visão atual acerca do regime militar é “absolutamente distorcida”, pois os vencidos estão escrevendo a história do período com objetivos políticos. (Folha de S. Paulo – Poder – 25/03/14) 

Evento em homenagem a Zuzu Angel está programado em São Paulo

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, está programado para o dia 01/04/14, no Itaú Cultural, na cidade de São Paulo, a Ocupação Zuzu Angel, evento que contará com mostras, ciclos de cinemas e encontros com estilistas e especialistas, além de uma performance com atrizes que encenarão trechos do livro Minha Maneira de Morrer. Durante as preparações para o evento foram encontrados arquivos de áudio que continham um lendário desfile-protesto realizado por Angel nos Estados Unidos da América (EUA). O desfile ocorreu na embaixada do Brasil nos EUA, em resposta à lei brasileira que proibia críticas ao país feitas por brasileiros no exterior, e foi um símbolo de sua luta contra o regime militar (1964-1985) e a exigência do direito de enterrar o filho, Stuart Angel Jones. Jones era militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e foi torturado e morto nas dependências do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica, dado como desaparecido político. A estilista, que conseguiu chamar a atenção da impressa internacional para a situação do Brasil no período, morreu em 1976 em um acidente automobilístico, o qual não foi esclarecido até o presente. (O Estado de S. Paulo – Cultura – 25/03/14)

Colunista afirmou que a esquerda de 1964 era “uma ilusão”

Em coluna para o jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista Arnaldo Jabour afirmou que a esquerda brasileira em 1964 era “uma ilusão”. Segundo o colunista, “existia uma ideologia que nos dava a sensação de que o ´povo do Brasil marchava conosco´. A população nem sabia que existíamos”. Para ele, era inexistente qualquer base para uma revolução, seja material, econômica ou armada, sendo que o que existia era apenas um sindicalismo dependente do então presidente da República, João Goulart. Jabour afirmou que o ano de 1964 foi “bom” para acordar o Brasil e “abrir cabeças”, levando a uma maturidade dessa esquerda então existente, a qual possuía objetivos e princípios, mas não os meios para alcançar tais propostas. (O Estado de S. Paulo – Cultura – 25/03/14) 

Delegado Dirceu Gravina não comparece em depoimento à Comissão da Verdade


CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO. Última hora. Gravina até foi à Câmara mas não quis depor. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 març. 2014 pag 8

De acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o delegado de polícia Dirceu Gravina foi convidado pela Comissão Municipal da Verdade de São Paulo para depor, no dia 25/03/14, sobre sua atuação no Departamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) nos anos 1971 e 1972, durante o regime militar (1964-1985). Apesar de ter aceitado o convite e declarado que “há muito tempo espera a oportunidade de dar sua versão para os fatos", Gravina desistiu de depor quando descobriu que a sessão seria aberta e contaria com a presença de jornalistas. Devido à recusa do delegado em comparecer, a Comissão Municipal pedirá ao governo do estado de São Paulo o afastamento imediato de Gavina do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 8. A comissão alega que não há possibilidade de que uma pessoa sobre a qual “pesam tantas acusações de torturas” continue ocupando o cargo de delegado. Gravina é acusado por ex-presos políticos de ter sido o chefe da tortura do DOI-Codi. Ele era conhecido como “JC”, codinome para “Jesus Cristo”, por ter cabelos compridos e usar uma corrente com um crucifixo. O delegado negou as acusações e disse ter sido “vítima tanto da esquerda como da direita”. (Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 25/03/14; O Estado de S. Paulo – Poder – 26/03/14)

A tortura durante o regime militar

De acordo com o periódico Correio Braziliense, apesar dos relatos imprecisos das vítimas de tortura colhidos pelo projeto Brasil Nunca Mais, foi possível diferenciar pelo menos 246 locais, espalhados por diversos estados, onde foram torturados, pelo menos, 1.843 presos políticos durante o regime militar (1964-1985). O relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV) aponta sete dependências militares usadas para tortura e foi enviado um pedido ao Ministério da Defesa para que investigue essas unidades. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e assessora da CNV, Heloísa Starling, coordena um estudo que confirma, até o presente momento, a existência de 36 locais de tortura. Outro estudo, feito pelo historiador Rubim Aquino, lançado em 2010, aponta para um número maior, com 212 endereços. Segundo o Correio, os números estão aquém da realidade, pois muitos presos eram orientados a não denunciar a violência em troca de negociar a liberdade. Uma das 1.843 vítimas contabilizadas pelo projeto Brasil Nunca Mais, a ex-militante Maria Madalena Prata Soares, lembra que foi levada grávida, junto com o filho de três anos, para o Colégio Militar, na cidade de Belo Horizonte, e em seguida para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em São Paulo. Madalena foi poupada de tortura física enquanto o filho esteve com ela, porém, foi ameaçada diversas vezes em relação à integridade física da criança. Segundo a ex-militante, assim que a criança saiu da prisão e foi entregue aos avós a tortura começou. Devido aos ferimentos e surras, Madalena perdeu o filho que esperava. Foram necessários anos de terapia para superar e esquecer a violência sofrida. (Correio Braziliense – Política – 24/03/14)

Fernando Henrique Cardoso avaliou o ambiente político que precedeu o golpe de 1964

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente da República e sociólogo Fernando Henrique Cardoso avaliou o ambiente político que precedeu a tomada de poder pelos militares, em 1964. Segundo o ex-presidente, havia uma certeza na esfera política de que um “golpe” seria dado, porém, a ideia mais comum era de que o “golpe” viria do governo do então presidente da República, João Goulart. A crença era que Goulart tomaria o poder para restabelecer o controle sobre seu governo. Apesar dos rumores, Cardoso alegou que Goulart não possuía condições militares para tal ação. De acordo com o sociólogo, a falta de comprometimento tanto por parte da direita quanto por parte da esquerda com as regras democráticas e com a autoridade do Congresso Nacional tornou o ambiente político mais tenso na época. Para Cardoso, o regime militar (1964-1985) foi popular em alguns momentos devido à modernização econômica que os militares realizaram, o que conquistou o apoio empresarial e de parte da população. Por fim, o ex-presidente avaliou que as guerrilhas organizadas na época falharam porque eram “frágeis e divididas” e não possuíam uma base social consistente para fazer o que pretendiam. Cardoso comentou, no seminário sobre os “50 anos do golpe de 1964” realizado no Serviço Social do Comércio (Sesc) da Consolação, na cidade de São Paulo, no dia 25/03/14, sobre sua vida e o que passou no dia antes do golpe. Nesse cenário, o ex-presidente ressaltou que se houvessem eleições em março de 1964, o ex-presidente João Goulart “provavelmente ganharia”, mesmo frisando não saber se houve pesquisa de opinião.  (Folha de S. Paulo - Poder- 24/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14)

Primeiras unidades do blindado Guarani foram entregues

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, no dia 24/03/14 a 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada de Cascavel, no estado do Paraná, recebeu o primeiro lote com 13 unidades do blindado Guarani. Foi realizada uma cerimônia para o recebimento dos veículos, que representam a nova geração de couraçados médios sobre rodas que serão produzidos para o Exército. O blindado substituirá o veículo Urutu EE-11, usado para transportar tropas no Brasil e em outros 18 países clientes. O primeiro lote do Guarani equipará uma companhia de fuzileiros. Estima-se que o lote tenha custado R$ 37,7 milhões, porém, o projeto prevê a entrega de 2.044 blindados até 2029, totalizando R$ 6 bilhões na compra. A empresa Iveco Veículos de Defesa é a responsável pela produção dos blindados e já investiu R$ 55 milhões na instalação de uma fábrica especializada na cidade de Sete Lagoas, no estado de Minas Gerais. O Exército e a Iveco compartilham a propriedade intelectual do projeto e pretendem desenvolver dez versões diferentes para o Guarani. O ministro da Defesa, Celso Amorim, considera que as possibilidades de exportação dos veículos são "acima da média". Até 2022 a procura mundial por esse tipo de blindado chegará a 20 mil unidades, ou seja, um mercado de US$ 30 bilhões. A Argentina, primeiro comprador internacional, receberá 14 unidades. (O Estado de S. Paulo – Política – 24/03/14)

Dificuldades na investigação da morte de Anísio Teixeira

De acordo com o jornal Correio Brasiliense, a ausência de laudos e documentos sobre a morte do educador, jurista e escritor Anísio Teixeira dificultam as investigações da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. Um exame considerado crucial para a investigação, feito no corpo de Teixeira, em 1971, não foi localizado. Oficialmente, a morte do escritor é declarada como acidental, em razão da queda em um fosso de um elevador no dia 11/03/1971. Segundo Carlos Antônio Teixeira, psiquiatra e filho de Anísio, o sentimento “é de total impotência”. Teixeira foi um dos fundadores da Universidade de Brasília (UnB) e, segundo o jornal, era considerado comunista pelos militares. (Correio Braziliense – Política – 23/03/14)


Brasília durante o regime militar

Segundo o periódico Correio Braziliense, moradores de dentro e fora do Plano Piloto de Brasília, capital federal, tiveram realidades diferentes durante o regime militar (1964-1985). Os moradores dos locais fora do Plano Piloto conviveram com a miséria e a falta de segurança, resultantes de “um ambiente muito hostil e violento, socialmente degradável e marginalizado”. Quanto aos brasilienses moradores do Plano Piloto, a censura e repressão eram evidenciadas com maior frequência. De acordo com o pesquisador do Centro de Memória Digital da Universidade de Brasília (UnB), Marcos Magalhães, a presença do regime no cotidiano da cidade de Brasília era silenciosa, porém existente. (Correio Braziliense – Cidades – 23/03/14)

Contracultura durante o regime militar

De acordo com os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, o campo cultural no período do regime militar (1964-1985) dividiu-se entre o engajamento político e a renovação estética. Nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Glauber Rocha contribuíram com obras que capturavam as mudanças em curso no país, tais como “a impotência do intelectual militante, o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e os disparates de uma sociedade que se debatia entre o arcaico e o moderno”. O Correio relembrou a tentativa feita pela cantora Joan Baez, símbolo da contracultura estadunidense, de se apresentar no Brasil na época do regime. Após ter se apresentado no Chile, durante o governo do general  Augusto  Pinochet, e na Argentina, sob a presidência do general Jorge  Rafael Videla, Baez foi ameaçada de prisão caso insistisse em se apresentar no Brasil. Apesar do local reservado para o show, o auditório da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), ter extrapolado sua lotação máxima, a cantora não pode subir ao palco. Coube ao senador Eduardo Suplicy explicar ao público que as canções da cantora não haviam passado pela censura federal. (Correio Braziliense – Diversão e arte – 24/05/14; Folha de S. Paulo – Especial – 23/03/14)

Edição especial da Folha analisa regime militar


Boris Kossoy. Um olhar sobre o Brasil. Ed. Objetiva. O Estado de S. Paulo, São Paulo 22 de março. 2014.

Em caderno especial sobre o cinquentenário da tomada de poder em 1964, o jornal Folha de S. Paulo resgatou que a memória do regime militar (1964-1985) ainda “incomoda” o país e os crimes do período são tratados com restrição pelas Forças Armadas. De acordo com o jornal, a transição democrática teve êxito, porém foi incapaz de conciliar as controvérsias decorrentes do golpe. A edição especial analisou a posse do então presidente da República, João Goulart, em 1961, já alvo de conspirações e considerado como um “agitador comunista”. O jornal apontou o apoio estadunidense para desestabilizar Goulart, no contexto da Guerra Fria, e a Marcha da Família com Deus pela Liberdade como propulsora do golpe. A edição contou com uma abordagem histórica do regime, com ênfase na ascensão econômica brasileira e posterior estagnação. Também foram mencionados os crimes e torturas ocorridos no período, em particular as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, ambos sob tortura. Em relação à imprensa brasileira, o jornal relatou que, no primeiro momento, houve apoio ao golpe, porém tal setor tornou-se crítico do regime e adquiriu papel relevante na redemocratização. Na década de 1980, com a proposta de uma “lenta, gradativa e segura distensão", o impulso de movimentos populares, como as Diretas Já, e a articulação da oposição culminaram com o fim do regime e a eleição do primeiro presidente civil desde a tomada de poder pelos militares. Por fim, o jornal analisou a Lei da Anistia (1979), que “beneficiou militantes presos e torturados e livrou de punição os militares que haviam atuado na repressão”. O jornal finalizou a edição especial citando a Comissão Nacional da Verdade, instalada em 2012, cuja finalidade é esclarecer crimes cometidos durante o regime. Contudo, o periódico apontou que tal comissão tem enfrentado dificuldades, como a reduzida contribuição das Forças Armadas e o fato de que muitos dos responsáveis por crimes e testemunhas já morreram. (Folha de S. Paulo – Especial – 23/03/14)

Forças Armadas atrapalham apurações sobre o regime militar

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, as Forças Armadas têm se recusado a responder aos ofícios solicitados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pelo Ministério Púbico Federal. De acordo com um levantamento feito pela Folha, a Comissão não recebeu nenhuma informação relevante das Forças Armadas, que apresentam informações superficiais ou incompletas. A CNV requisitou a relação de oficiais e bases militares que eram utilizadas como órgãos de repressão. Segundo procuradores, a falta de cooperação impede o andamento de inquéritos com o objetivo de questionar a Lei da Anistia (1979) em casos de desaparecimento forçado. Em entrevista à Folha, a cientista política Maria Celina D'Araújo criticou o silêncio das Forças Armadas acerca dos crimes cometidos durante o regime militar (1964-1985). Segundo D’Araújo, os militares tratam os crimes como “segredos de Estado”, mesmo 50 anos após o golpe, e o sigilo das Forças Armadas não condiz com a democracia. A cientista política considera que, embora tardia, “a Comissão da Verdade está dando um passo importante”. (Folha de S. Paulo – Poder – 23/03/14)

Pesquisador afirma que país continua “refém” das forças do regime militar

Em coluna opinativa ao periódico Folha de S. Paulo, Marcelo Ridenti, professor titular de Sociologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e co-organizador do livro “A ditadura que mudou o Brasil”, afirmou que o Brasil ainda continua refém das forças responsáveis pelo golpe que culminou no regime militar (1964-1985). Segundo o autor, tais forças impedem que o país proporcione mudanças para aprofundar a democracia política, em um sentido social e econômico. Ridenti defendeu também que o regime militar não deve ser tratado isoladamente, sendo um acontecimento histórico que originou diversas correntes analíticas, traço fundamental à compreensão da complexidade de cada conjuntura. (Folha de S. Paulo – Opinião – 23/03/14)


Historiador comenta equívocos recorrentes no ensino sobre o regime militar

Segundo o periódico O Estado de S. Paulo, Daniel Aragão Reis, historiador e coordenador do quinto e último volume da uma coleção encomendada pela fundação espanhola Mapfre, em 2009, referente à história do Brasil de 1808 até os dias atuais, argumentou que a tomada de poder pelos militares em 1964 "exprimiu uma heterogênea aliança, reunindo líderes políticos, empresariais e religiosos, civis e militares, elites sociais e segmentos populares", não sendo realizada apenas pelos militares. Tais grupos foram unidos pelo medo de reformas sociais de cunho esquerdista. Contudo, as concepções destes grupos a respeito do rumo do país eram bastante distintas, o que levou à dissociação e ao fato de que alguns segmentos sociais que apoiaram o movimento de 1964 passassem a opor-se ao regime posteriormente. Reis afirmou que a facilidade com que o então presidente da República, João Goulart, foi destituído em 1964 deve ser melhor analisada, pois, a versão oficial de que os militares venceram por serem mais poderosos e a esquerda desorganizada não corresponde à realidade. O historiador afirmou que aqueles que tomaram o poder utilizaram-se do argumento de que a democracia e o cristianismo deviam ser defendidos contra o medo de que o Brasil cedesse ao comunismo. Reis afirmou que era preciso transformar a tomada de poder pelos militares em uma “revolução”, “e foi justamente o que fez a Junta Militar, em nome do comando da Revolução de 1964”. Em coluna opinativa para a Folha de S.Paulo, Reis criticou a cronologia do regime militar, ressaltando que marcos cronológicos são “inventados pelos que pensam a história, segundo interesses determinados, embora nem sempre explicitados”. O historiador ressaltou que o regime militar começou no dia 30/03/1964 e não no dia 01/04/1964 como a maioria dos livros didáticos trazem. Afirmou também que o fim do regime militar não ocorreu com a mudança do governo “militar” para um “civil”, com a entrada de José Sarney na presidência da República em 1985. Segundo Reis, tal data foi utilizada para “ocultar, silenciar ou suprimir as conexões civis da ditadura”, que são visíveis desde 1964 com as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, o apoio das instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). De acordo com Reis, a entrada de Sarney na presidência foi apenas uma “mudança molecular” que levou à Constituição de 1988, o verdadeiro fim da transição do regime militar para uma restauração democrática no país. (Folha de S. Paulo – Opinião – 26/03/14; O Estado de S. Paulo – Cultura – 22/03/14)

Lei da Anistia possui defensores e críticos no plano nacional

De acordo com os periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, a Lei da Anistia (1979) é uma das poucas sobreviventes após a Constituição de 1988, apesar de ter sido questionada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2010 e atualmente, pela Organização dos Estados Americanos (OEA). O “esquecimento” e o “perdão” embutidos no escopo da lei são revistos por Comissões da Verdade por todo o Brasil. Apesar de sua vigência, o Ministério Público Federal investiga e leva ao tribunal casos ocorridos no regime militar, como o fez com o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra. Apesar das reivindicações, a Advocacia-Geral da União defende que a lei é uma conquista democrática e o Supremo Tribunal Federal se colocou contra a revisão. Segundo o Correio, a Anistia abriu caminho para redemocratização, mas sua promulgação ocorreu em um momento no qual parcela da oposição estava no exílio, na prisão ou cassada e o Congresso vivia em um regime bipartidário artificial com parte de seus deputados cassados desde 1964. O governo de então era marcado por representantes de um regime que reprimia manifestações e passeatas com violência e ameaçava entidades da sociedade civil. Em coluna opinativa à Folha, o general da reserva do Exército Rômulo Bini Pereira, 74 anos, criticou a Comissão Nacional da Verdade (CNV). Segundo Bini, em suas investigações, a CNV tem feito uma campanha contra as Forças Armadas e exaltado como “heróis” militantes que se levantaram contra o regime militar através do terrorismo. Para o general, esse tipo de conduta revela que o argumento usado pela presidenta da República, Dilma Rousseff, de que a CNV não teria a proposta de revanche, mas sim a de conhecimento da história, é uma mentira. O militar alegou que esse “espírito revanchista” contraria a Lei da Anistia, que tinha a pretensão de significar uma reconciliação e um ponto final no regime militar. No dia 28/03/14, O Estado noticiou que a Organização Não Governamental Anistia Internacional agendou para o dia 01/04/14 o início de uma campanha pela punição dos agentes que assassinaram e torturaram militantes durante o regime. O movimento pretende recolher assinaturas para pressionar o governo a enviar ao Congresso Nacional um “projeto de lei que declare a anistia válida só para militantes que lutaram contra o regime”. De acordo com o diretor da organização, Átila Roque, “o fato de nunca termos julgado os torturadores é uma pedra no sapato da democracia brasileira". (Folha de S. Paulo – Opinião – 24/05/14; Folha de S. Paulo – Poder – 28/03/14; O Estado de S. Paulo – Cultura – 22/03/14)


Marcha da Família com Deus Pela Liberdade teve reedição

Segundo os periódicos Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, no dia 22/03/14 ocorreu uma reedição da Marcha da Família com Deus Pela Liberdade de 1964. Naquele ano, a marcha foi uma resposta à mobilização encabeçada pelo então presidente da República, João Goulart, e contou com a participação de cerca de 100 mil pessoas que tinham à frente o então governador de São Paulo, Adhemar de Barros. Uma das organizadoras do evento atual, Cristina Peviani, afirmou que a marcha não pede “a instituição de uma ditadura”, mas é uma homenagem aos “50 anos de uma data histórica muito bonita”. Segundo Peviani, o país vive tempos difíceis e é preciso evitar a “cubanização” do Brasil. Celso Brasil, também organizador do evento, afirmou que o país hoje está em declínio e que durante o regime militar (1964-1985) ocorreu desenvolvimento e fortalecimento. Brasil afirmou que a repressão por parte do regime militar ocorreu apenas para uma parcela da população. Ao comentar o evento, a historiadora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Carla Ferrete, relatou que a mesma ideia usada no passado é utilizada hoje para justificar a Marcha da Família: “é a fala de quem deu o golpe em 1964, que foi dado em nome da democracia e em nome da liberdade”. Segundo Ferrete, essas seriam opiniões que defendem a resolução dos problemas por modos não democráticos. De acordo com o jornal O Estado, a reedição da Marcha teve baixa adesão. Na cidade de São Paulo, compareceram apenas 500 pessoas das 5 mil esperadas. (Correio Braziliense – Política – 22/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 23/03/14)

Forças Armadas atuarão em favelas do Rio de Janeiro


Márcia Foletto. Agência O Globo. Ocupação da Favela da Maré pelas Forças Armadas é o primeiro passo para a instalação de mais uma UPP. Correio Braziliense, Brasília, 25 de mar, 2014

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 21/03/14, a presidenta da República, Dilma Rousseff autorizou o envio de tropas federais à cidade do Rio de Janeiro com objetivo de prestar assistência à cidade no combate aos ataques recorrentes a sedes das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O Estado recordou que os militares participaram da segurança pública da cidade em outras ocasiões, como a Eco-92 e a Rio+20, ambas situações nas quais o Rio de Janeiro recepcionou chefes de Estado de outros países. Segundo o periódico, o pedido de Sérgio Cabral, governador do estado do Rio de Janeiro, desagradou oficiais das Forças Armadas, que embora já estivessem contando com a entrada no Rio de Janeiro em maio para permanecer até julho, realizando a segurança no período pré e pós Copa do Mundo, consideraram a antecipação do desembarque um problema. As Forças Armadas ocuparão o Complexo de favelas da Maré, onde permanecerão, no mínimo, até o dia 31/07/14, com objetivo de reforçar a segurança até o final da Copa. A intervenção das Forças Armadas será desenvolvida com base no Manual de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) lançado pelo Ministério da Defesa, e será composta pelo Exército, pela Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e as polícias Civil e Militar do estado. Através do decreto da GLO, foi atribuído ao Exército o poder de polícia para atuar na região. O Manual, que foi criticado por seu forte caráter militarista, será aplicado pela primeira vez, decidindo como será seu uso no futuro. O Coordenador-geral do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, Claudio Beato, argumentou que o real motivo do encaminhamento do Exército às ruas foi a proximidade da Copa do Mundo de 2014, sendo os ataques às UPPs apenas “um pretexto”. Segundo o Correio, a pacificação da cidade do Rio de Janeiro deve acontecer de forma a atender às necessidades dos moradores por “acesso a serviços públicos de qualidade”, ao invés de responder às urgências impostas pela realização da Copa do Mundo. O Correio afirmou que a presença das forças de segurança apenas perpetua um estado de tensão e que o crime organizado deveria ser combatido pelo serviço de inteligência do estado. De acordo com O Estado, a Procuradoria de Justiça Militar do Rio formou, no dia 26/03/14, uma comissão com cinco integrantes com objetivo de aumentar o controle externo da operação na Maré, estando presentes no local na hora da ocupação pelo Exército a fim de acompanhar “a lavratura de autos de prisão em flagrante, visitar constantemente a Delegacia de Polícia Judiciária Militar que será montada na região e acompanhar as reconstituições de crimes investigados em inquéritos policiais militares (IPMs)”. A procuradora Havelize Jordan defendeu a expedição de mandatos de busca e apreensão coletivos para uma melhor atuação do Exército nas favelas. Segundo a Folha e O Estado, as Forças Armadas iniciarão a ocupação, batizada de Operação São Francisco, no dia 07/04/14. Com o intuito de preparar o local para a chegada das Forças Armadas, a Polícia Militar entrou no complexo no dia 30/03/14, com apoio de veículos blindados e lanchas da Marinha. Segundo O Estado, a primeira etapa da operação conta com 1,5 mil militares das Forças Armadas para patrulhar as ruas, efetivo que aumentará para 4 mil na segunda etapa. De acordo com a Folha e O Estado, o Comando Militar do Leste (CML) determinou, em reunião, que a Brigada de Paraquedista do Exército ocupará de maneira permanente o conjunto de favelas, sendo alocados três batalhões da brigada para essa ação. Segundo O Estado, estava previsto o uso de helicópteros de emprego geral da Força Aérea Brasileira (FAB) com observadores dotados de recursos eletrônicos avançados, além de três tipos de blindados da Marinha, sendo eles, o anfíbio Clanf, armados com metralhadoras duplas e lançadores de granadas, e para o apoio, os blindados M-113 e o Piranha. O ministro da Defesa, Celso Amorim, autorizou a ação da Marinha no dia 30/03/14 e determinou que os comandantes do Exército, general Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, "fiquem em condições de alocar recursos logísticos à Marinha do Brasil, se eventualmente necessários". (Correio Braziliense – Brasil – 22/03/14; Correio Braziliense – Brasil – 24/03/14; Correio Braziliense - Opinião – 24/03/14;  Correio Braziliense – Brasil – 25/03/14; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 22/03/14; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 24/03/14; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 25/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 27/03/14; Folha de S. Paulo – Cotidiano - 27/03/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 22/03/14; O Estado de S. Paulo – Cotidiano – 22/03/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 24/03/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 25/03/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 26/03/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 27/03/14)
  

Folha promoveu debate sobre a tomada de poder pelos militares

O periódico Folha de S. Paulo promoveu, no dia 24/02/14, um debate na cidade de São Paulo com a temática do cinquentenário da tomada de poder pelos militares (1964). O evento contou com a participação do general da reserva, professor emérito e ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Luiz Rocha Paiva, a diretora da revista “Pesquisa Fapesp” e ex-militante da Ação Popular, Mariluce Moura, e o professor de História da Universidade Federal de Minas Gerais, Rodrigo Patto Sá Motta. A Folha informou que o editor do caderno “Poder”, Ricardo Balthazar, foi o responsável pela mediação da mesa. No debate, os convidados concordaram que através do regime militar (1964-1985) houve uma modernização na economia do país, mas discordaram em outros aspectos. Mariluce recordou que mesmo grávida foi presa e torturada, e que seu marido, Gildo Macedo Lacerda, foi assassinado em decorrência da tortura sofrida num quartel do Exército em 1973. Já o general Paiva defendeu enfaticamente o regime e listou nomes de pessoas que morreram em razão de ações da luta armada e “que nunca são lembradas ou indenizadas”. O professor Motta argumentou que o país se modernizou durante o regime militar do ponto de vista econômico, tecnológico e industrial, mas ressaltou que essa modernização poderia ser alcançada em um regime democrático. (Folha de S. Paulo – Poder – 22/02/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14)

Capitão que abandou o Exército narrou a luta contra o regime militar

Em depoimento concedido ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-capitão do Exército Darcy Rodrigues afirmou ter saído da instituição no ano de 1969 para lutar contra o regime militar (1964-1985). Quando da renúncia do então presidente da República, Jânio Quadros (1961), e a tentativa de golpe contrário à posse do vice-presidente da República, João Goulart, Rodrigues relatou que a conspiração passou a ser marcante dentro do Exército. Antes de sua retirada, a transferência para o regimento de Quitaúna, na cidade de Osasco, no estado de São Paulo, fez com que o coronel conhecesse o então oficial Carlos Lamarca, levando a uma parceria de luta contra o governo. Em 1969, Rodrigues e Lamarca, já fora do Exército, direcionaram-se a um esconderijo, de onde partiriam para zona rural. Entretanto, segundo Rodrigues, tal ação não se concretizou, levando-o a direcionar-se para luta urbana, fazendo parte das ações da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). No período, ocorreram debates sobre a fusão entre a VPR e o Comando de Libertação Armada (Colina). Em abril de 1970 Rodrigues foi preso e torturado, libertado posteriormente em troca do embaixador alemão Ehrenfried Von Holleben. (Folha de S. Paulo – Poder – 22/03/14) 

Coronel reformado depôs sobre a Casa da Morte de Petrópolis à Comissão Nacional da Verdade

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o coronel reformado Paulo Malhães foi intimado pela Polícia Federal a prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV), referente à ocultação dos restos mortais de vítimas do regime militar (1964-1985). Malhães relatou que as vítimas da chamada Casa da Morte de Petrópolis, na cidade do Rio de Janeiro, eram mutiladas e jogadas no rio. De acordo com o coordenador da CNV, Pedro Dallari, o coronel afirmou que o Ministério do Exército possuía conhecimento dos acontecimentos em Petrópolis, contrariando a versão “sempre repetida por militares, de que as violações de direitos humanos decorriam de excessos de alguns agentes". Na década de 1990, o ex-sargento Marival Chaves, que também atuou na Casa da Morte, afirmou que os corpos das vítimas eram “esquartejados e enterrados aos pedaços”, divergindo do relato de Malhães. No primeiro depoimento, o coronel reformado assumiu participação na operação que levou ao desaparecimento dos restos mortais do ex-deputado federal Rubens Paiva. De acordo com a Folha, estima-se que até 24 presos políticos tenham morrido na Casa, local que foi mantido pelo Exército de maneira clandestina. O Estado afirmou que o coronel foi responsável, em 1970, pela "operação limpeza" que tinha como objetivo desaparecer com os corpos dos militantes de esquerda mortos na Guerrilha do Araguaia (1972-1974). De acordo com Malhães, os procedimentos seguidos foram os mesmos utilizados para o desaparecimento de opositores do regime militar em áreas urbanas. Além disso, o coronel reformado depôs sobre sua atuação no Centro de Informações do Exército (CIE). Num primeiro momento, o depoimento foi recolhido em sua própria residência, onde ele recebeu uma integrante e um assessor da CNV. Em dois encontros foram recolhidas 17 horas de depoimento. Para o presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, o advogado Wadih Damous, só será possível testar a veracidade do depoimento de Malhães caso o Estado brasileiro se pronuncie oficialmente a respeito. Durante o depoimento, Malhães afirmou que o coronel do Exército Freddie Perdigão foi o responsável pelo assassinato do jornalista Alexandre Von Baumgarten, morto a tiros e cujo corpo foi jogado no mar. O jornalista fazia parte da “Operação O Cruzeiro”, orquestrada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), objetivando melhorar a opinião pública em relação ao governo. Baumgarten “atuava à frente da revista a mando do SNI, que se encarregava de extorquir publicidade para a publicação e lhe dar dinheiro diretamente. O novo O Cruzeiro não resistiu ao fracasso editorial, e Baumgarten, sob ameaça, foi obrigado pelo SNI a vendê-lo”. De acordo com a O Estado, no depoimento à CNV, realizado no dia 25/03/14 no Arquivo Nacional, Malhães recuou dizendo que não se livrara do corpo de Paiva, por ter sido designado para outras tarefas. Malhães foi questionado por Dallari sobre abusos sexuais cometidos contra presas políticas, revelando que “se houve, foi um ou dois casos”, mas que ele nunca cometeu. Para José Carlos Dias, integrante da CNV, “foi um depoimento importante. Ele acabou por reconhecer que é um torturador. Poucas vezes tivemos a confissão de um torturador como ele fez, justificando que tinha que torturar um inimigo”. Segundo a Folha, Dallari afirmou, no entanto, que as declarações de Malhães não serão aceitas isoladamente, pois o colegiado não procura formar convicções com base em apenas uma fonte, ainda mais considerando o fato do coronel reformado ter “oscilado muito no que relata”. De acordo com Dallari, o general reformado José Antonio Nogueira Belham, convidado a depor no dia 01/04/14 na Câmara dos Deputados, poderia auxiliar no esclarecimento das contradições apresentadas no depoimento de Malhães. Segundo O Estado, diante do depoimento de Malhães, a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro declarou, no dia 26/03/14, que estuda uma forma de recorrer à Justiça para que o Exército colabore compulsoriamente com as investigações sobre o paradeiro de desaparecidos políticos. No caso específico do desaparecimento de Paiva, Damous afirmou que “o Exército tem que vir a público e esclarecer o que aconteceu. Não é pedir documento A, B, C ou D. É de se presumir que não haja mais documento. Agora é fazer pergunta direta: o corpo de Rubens Paiva foi jogado no rio?”. De acordo O Estado, o procurador da República Sérgio Suiama, integrante do Grupo de Trabalho Justiça de Transição, afirmou que o Exército, além de demorar, fornece informações incompletas ou contraditórias ao que havia informado. Segundo Suiama, não se espera mais ter o paradeiro de presos políticos, “o que a gente gostaria é que o Exército cumprisse a lei e fornecesse as informações requeridas”. (Folha de S. Paulo – Poder – 22/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 27/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 24/03/14; O Estado de S. Paulo – 25/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 25/03/14; O Estado de S. Paulo – Poder – 26/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 27/03/14)


DIDA SAMPAIO/ESTADÃO. Depoimento. Coronel da reserva Paulo Malhães (à dir.) é ouvido por duas horas durante sessão da Comissão Nacional da Verdade realizada ontem no Rio. O Estado de S. Paulo, São Paulo 26 març.2014 pag 8.

terça-feira, 25 de março de 2014

Comando do Exército compra mísseis da empresa sueca Saab

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Comando do Exército adquiriu um lote de mísseis antiaéreos RBS70, fabricados pela empresa sueca Saab, que também fornecerá, a partir de 2018, os 36 caças Gripen NG para a Força Aérea Brasileira (FAB). O contrato dos mísseis custou R$ 29,5 milhões, o qual inclui, além do míssil do tipo Mk2, lançadores portáteis, suporte logístico, simuladores, equipamentos de visão noturna, ferramental, treinamento de manutenção e cursos de operação. Os mísseis RBS70/Mk2 serão encaminhados para o uso nos grupos da 1ª Brigada de Artilharia Antiaérea e das Brigadas de Infantaria Mecanizada. O jornal também noticiou que, ao mesmo tempo, avançam as negociações entre o Ministério da Defesa e o governo da Rússia para a compra dos mísseis Igla-S9K38, versão atualizada do míssil de porte pessoal, da mesma classe do RBS70, dirigido por laser, com capacidade entre 250m e 8km, negociado desde 2012 entre a presidenta da República, Dilma Rousseff, e o presidente russo Vladimir Putin e o seu primeiro-ministro Dmitri Medvedev. Os mísseis Igla-K38 russos foram alocados para a Brigada de Infantaria Paraquedista. Essa transferência faz parte de um pacote que envolve três baterias (16 veículos semiblindados) do sistema de médio alcance Pantsir S1. Estão sendo discutidos dois conjuntos do Igla e possivelmente uma “joint venture” para fabricar a arma no Brasil. Segundo o periódico, há uma cláusula de transferência de tecnologia que protege o acesso do Brasil à obtenção do conhecimento dos dois modelos. O Ministério da Defesa do Brasil mandará à capital da Rússia, Moscou, um grupo que será responsável por executar possíveis ajustes na transação. Este grupo contará com militares, representantes de empresas como Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer Defesa e Segurança, Avibrás Aeroespacial Mectron e Logitech, as quais poderão ser responsáveis pela produção de partes e componentes, além de analistas do Ministério do Desenvolvimento, do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Agência de Desenvolvimento da Indústria. (O Estado de S. Paulo – Política – 17/03/14)

Comissão Nacional da Verdade busca esclarecer morte do ex-deputado Rubens Paiva


Ana Pompeu/ O Cruzeiro/EM/ D.A. Press. “A atuação da Câmara será um elemento a mais para pressionar as Forças Armadas a relatarem o que foi feito do corpo do deputado e resolver a última incógnita dessa equação”, Pedro Dallari, coordenador da CNV, Correio Braziliense, Brasília 10 mar. 2014

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, José Antônio Nogueira Belham, general reformado do Exército, um dos responsabilizados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) pela morte do ex-deputado Rubens Paiva, pode ser acusado pela ocultação de cadáver. Paiva morreu no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na cidade do Rio de Janeiro, em 1971, período em que o órgão era chefiado por Belham. De acordo com uma reportagem do jornal “O Globo” em 17/03/14, um oficial, entrevistado sob condição de anonimato, revelou ter desenterrado os restos mortais de Paiva em 1973, de uma praia da cidade do Rio de Janeiro e tê-los jogado ao mar. Não somente Paiva, mas outros nove opositores ao regime militar (1964-1985) morreram ou desapareceram sob as mesmas circunstâncias naquela época. Por ser chefe do DOI-Codi no período, Belham está sendo investigado pela CNV e também pelo Ministério Público Federal (MPF) sobre as mortes. Para sua defesa, de acordo com a Folha, o general argumentou não ter conhecimento sobre os casos, particularmente o de Paiva, já que Belham alega que estava de férias na época do ocorrido. Contudo, há controvérsias, pois existem documentos que ressaltam que o militar teve as férias suspensas em alguns dias do mês do assassinato – janeiro – e recebeu diárias para uma missão sigilosa. Além disso, dois militares afirmaram à CNV que o general havia sido alertado sobre possíveis torturas que poderiam ter levado Paiva à morte. Segundo o coordenador da CNV, Pedro Dallari, “como chefe, ele tinha o controle de tudo que passava lá. O general sabe para onde foi levado o corpo de Rubens Paiva”. De acordo com a Folha, o general Belham se considerava inatingível por ser pai do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham e ser prestigiado nas Forças Armadas, com reputação de “militar humanista” por seu trabalho como instrutor no Colégio Militar da cidade do Rio de Janeiro, na década de 1950. A única mancha em sua carreira militar era a demissão da vice-presidência da Fundação Habitacional do Exército (FHE) por uma polêmica com viúvas de militares mortos no terremoto do Haiti, julgado por ele como “injusta”, assim como essas acusações, das quais disse que após ser inocentado, processará todos os envolvidos nas investigações. De acordo com o jornal Correio Braziliense, como forma de pressionar ainda mais as Forças Armadas a contarem o que foi feito do corpo de Paiva e preencher as lacunas que faltam da investigação, o presidente da CNV entregou, no dia 18/03/14, um relatório preliminar sobre a investigação à Câmara dos Deputados, pedindo ao presidente da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves, que aumente a pressão sobre o general Belham para que este relate o que aconteceu naquele momento. O deputado Vieira da Cunha, designado para levar o tema à Câmara, afirmou não descartar a possibilidade de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para a convocar o general, mas disse que primeiro usará as estruturas já existentes, como as comissões permanentes. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, pela Comissão de Direitos Humanos e pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, no dia 19/03/14, um convite à Belham para prestar esclarecimentos sobre a morte de Paiva. Caso aceite o convite, o general será ouvido em uma sessão conjunta das três comissões. De acordo com O Estado, menções sobre o envolvimento de Belham na morte de Paiva estavam em documentos em poder de um coronel reformado, na cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, que foram entregues à CNV, após o militar ter sido morto em um assalto. No dia 21/03/14, a Folha e o Estado noticiaram que o coronel reformado Paulo Malhães declarou para o periódico “O Dia”  ter sido encarregado de “desenterrar e dar uma ‘solução final’ à ossada” de Paiva, que, segundo o coronel, “não seria enterrar de novo”. Malhães afirmou ter recebido a missão do gabinete do ministro do Exército do governo Médici. De acordo com a Folha, a CNV deve convocar o coronel reformado para depor sobre a operação.  (Correio Braziliense – Política – 19/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 17/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 21/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 20/03/14; O Estado de S. Paulo – Política – 21/03/14)

Atuação da Força Aérea Brasileira nas fronteiras


Johnson Barros/FAB. No ano passado, foram localizadas 60 pistas clandestinas na Região Norte; as de maior risco foram destruídas pela FAB. Estado de S. Paulo, São Paulo 16 mar. 2014, p. A14

Johnson Barros/FAB. Helicóptero russo de ataque participa da defesa aérea. Estado de S. Paulo, São Paulo 16 mar. 2014, p. A14

De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, no período entre agosto de 2011 e junho de 2013 a Força Aérea Brasileira (FAB) participou de sete Operações Ágata, visando a segurança nas fronteiras, e como resultado apreendeu cerca de 12 toneladas de drogas, destruiu duas pistas de pouso e recolheu armas e munições em larga escala. O jornal avaliou que a predominante ameaça à segurança e defesa dos países da América Latina e Caribe é o crime organizado, através do tráfico de drogas, contrabando de armas e de componentes eletrônicos, o sequestro e tráfico de pessoas. Assim, a mobilização das forças armadas do Brasil na região das fronteiras é essencial para reagir a tais ameaças, fato que, segundo o Instituto de Estudos Estratégicos de Londres, na Inglaterra, justifica a o emprego da FAB nas fronteiras, “com o emprego de tropas e equipamentos em condição de combate.” (Estado de S. Paulo – Política – 16/03/14)

Nova Marcha da Família com Deus pela Liberdade é organizada

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, um grupo de ativistas utilizou as redes sociais para divulgar uma reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, programada para ocorrer no dia 22/03/14 em mais de 200 cidades do Brasil, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro. A primeira edição, realizada em 19/03/1964, contou com mais de 200 mil pessoas reunidas em São Paulo e exigiu a deposição do então presidente da República João Goulart. Na edição atual, organizadores reivindicam nova intervenção militar e combate à corrupção, com a premissa de uma nova “ameaça comunista”. Em coluna opinativa para o jornal Correio Braziliense, a jornalista Tereza Cruvinel lamentou que a reedição da marcha tenha se inspirado na Marcha da Família com Deus pela Liberdade para protestar contra a corrupção. Cruvinel ressaltou o apoio do então governador de São Paulo, Ademar de Barros, do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipes) e da agência de inteligência estadunidense (CIA, na sigla em inglês) à marcha de 1964 e afirmou que, segundo o adido militar americano da época, general Vernon Walters, o evento “deu novo ânimo” aos militares que preparavam a tomada de poder. Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, o filósofo Vladimir Safatle criticou a nova edição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e afirmou que a ausência de uma política baseada na justiça de transição e no dever de memória fez com que emergissem análises que procuram atenuar crimes ocorridos durante o regime militar (1964-1985). Para Safatle, tais análises são frutos do “negacionismo”, e podem contribuir para a repetição da história. Em opinião à Folha, o jornalista Ruy Castro discordou da chamada dos militares ao poder, pois “sob eles, a família se esgarçou, a liberdade acabou, e, em pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer”.  (Correio Braziliense – Política – 18/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 16/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 18/03/14; Folha de S. Paulo – Opinião – 19/03/14)

Anistia não garante “sossego” a Ustra

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, Luís Francisco Carvalho Filho argumentou que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, considerado essencial para compreender as torturas ocorridas durante o regime militar (1964-1985) na cidade de São Paulo, não conseguiu “sossego”, apesar dos benefícios adquiridos pela Lei de Anistia (1979). Um dos fatos que levaram Carvalho Filho a tal conclusão foi a decisão judicial de 2012 que declarou “ainda haver relação jurídica entre torturados e torturador”. Tal decisão abre espaço para esclarecimentos a respeito dos fatos ocorridos no período. (Folha de S. Paulo – Cotidiano – 15/03/14) 

Gastos do governo com a exumação dos restos mortais de João Goulart chegam a cerca de R$ 99 mil

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, o governo brasileiro gastou R$ 98,9 mil para realizar a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart em novembro de 2013. A pedido da família de Goulart, o ato busca esclarecer a real causa de sua morte em 1976. Suspeitas indicam um possível envenenamento coordenado por governos militares vigentes no Cone Sul no período, mas na época não houve autópsia do corpo. As despesas pagas pelo governo brasileiro referem-se a gastos com a equipe técnica, equipamentos, transporte, hospedagem e alimentação. O montante foi fornecido pela Secretaria de Direitos Humanos, pois a Lei de Acesso à Informação garante que o detalhamento de tais gastos seja disponibilizado ao público. (Folha de S. Paulo – Poder – 15/03/14) 

General da reserva afirma que não deve ser punido por atentado do Riocentro

Em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o general reformado Newton Cruz afirmou que não pode ser punido pelo atentado do Riocentro, ocorrido em 1981. O general foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) no processo de reabertura das investigações, por ter se omitido e não agido de forma a evitar o atentado. Na época o atentado não se efetivou, pois uma das bombas explodiu dentro de um carro no estacionamento, no qual estavam dois militares, sendo que um morreu no local. Um inquérito foi aberto na Justiça Militar à época, na tentativa de responsabilizar organizações de esquerda do país, mas a farsa foi descoberta e não houve punidos até então. Cruz afirmou que se considera protegido pela Lei da Anistia (1979), mas os procuradores afirmam que como o caso ocorreu dois anos após sua promulgação, essa alternativa não é possível. O general confirmou que no dia do atentado foi comunicado duas horas antes da saída dos militares do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), na cidade do Rio de Janeiro, com bombas que seriam detonadas no centro de eventos onde jovens assistiam a um show em comemoração ao Dia do Trabalho. O general afirmou não ter tomado nenhuma atitude por entender que a explosão seria apenas para marcar presença, “estava no mesmo nível das bombas que jogavam nas bancas de jornal na época. Toda hora era bomba em banca de jornal. Não era? Eles não estavam saindo do DOI para prejudicar ninguém”. Além disso, alegou que estava em Brasília na ocasião, onde chefiava o órgão central do Serviço Nacional de Inteligência (SNI). A defesa do general afirmou que passados 33 anos dos acontecimentos, o suposto crime já prescreveu. Entretanto, os procuradores afirmam que se trata de crime de lesa-humanidade e portanto não prescreve. Atualmente, o MPF pede a condenação de Cruz por, no mínimo, 36 anos e seis meses de prisão por “tentativa de homicídio doloso, associação criminosa armada, transporte de explosivos e favorecimento pessoal”. (Folha de S. Paulo – Poder – 15/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 17/03/14)

Procuradoria-Geral da República arquiva caso envolvendo comandante do Exército

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o procedimento administrativo que analisava o caso do suposto envolvimento do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, em possíveis fraudes em licitações de obras que foram executadas pelo Exército foi arquivado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O arquivamento ocorreu porque o órgão entendeu que não houve participação de Peri nos atos suspeitos, sendo que os 40 depoimentos ouvidos no processo não fazem referência a seu nome. O procedimento foi então devolvido à Procuradoria-Geral da Justiça Militar (PGJM) para que fossem tomadas as providências cabíveis a tal órgão. Em 2011, Peri e outros sete generais do Exército estavam sendo investigados pela PGJM pelo referido caso. O processo do comandante foi repassado à PGR por possuir foro privilegiado. Os generais acusados comandavam o Departamento de Engenharia e Construção e o Instituto Militar de Engenharia (IME) no período entre 2004 e 2009, momento no qual foram firmados acordos do Exército com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, referentes à execução de obras rodoviárias. O processo atual refere-se a um inquérito anterior, o qual identificou indícios da existência de fraude em 88 licitações do Exército, relacionadas a obras do Ministério dos Transportes, apontando desvios de R$ 11 milhões, provenientes de recursos públicos. (Folha de S. Paulo – Poder – 15/03/14) 

Cinquentenário da tomada de poder pelos militares III: Câmara dos Deputados planeja sessão solene

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a Câmara dos Deputados promoverá uma sessão solene, no dia 01/04/14, para recordar os 50 anos do regime militar (1964-1985). Segundo o jornal, a sessão deve dar abertura aos críticos do período, como a deputada Luiza Erundina, que propôs uma homenagem a “civis e militares que resistiram à ditadura”; bem como aos defensores, a exemplo do deputado Jair Bolsonaro, o qual requisitou a sessão para “comemorar o regime e seus feitos”. Segundo a Folha, o tema é sensível para o Congresso Nacional. Bolsonaro comunicou que um de seus convidados será o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) na cidade de São Paulo, considerado um dos símbolos da tortura praticada pelos militares. (Folha de S. Paulo – Poder – 17/03/14)

Cinquentenário da tomada de poder pelos militares II: eventos

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, teve início no dia 15/03/14, com duração até 19/04/14, o Cine Direitos Humanos – Especial Golpe de 1964, com o objetivo de apresentar sete produções cinematográficas referentes ao período do regime militar (1964-1985). As sessões ocorrem no Espaço Itaú de Cinema, na cidade de São Paulo. A Folha também reportou a exibição do filme “70”, no programa “Almanaque” do canal Globo News, o qual retrata o episódio em que 70 presos políticos que foram libertos em troca da liberação do embaixador suíço, Giovanni Enrico Bucher, durante o regime militar. Bucher foi sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária em 1970, tendo permanecido 40 dias preso. Durante o programa, a diretora Emília Silveira e a roteirista Sandra Moreyra comentaram sobre os bastidores do filme, que ouviu 18 dos militantes soltos no referido caso. “70” mostra a vida de tais pessoas atualmente e como são suas avaliações sobre o caso. Segundo a Folha, foi realizado, no dia 20/03/14, um debate a respeito da atuação da imprensa durante o regime militar. O evento, que ocorreu no Centro Cultural Banco do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, contou com os jornalistas, Aluízio Maranhão, do jornal O Globo e Ricardo Balthazar, da Folha. (Folha de S. Paulo – Ilustrada – 15/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 20/03/14)

Cinquentenário da tomada de poder pelos militares I: análises

Em coluna opinativa para o periódico Correio Braziliense, o jornalista André Gustavo Stumpf argumentou que no momento em que se recorda o movimento de tomada de poder pelos militares em 1964 não existem novidades, apenas uma “volta ao passado e a reinterpretação do que ocorreu naquele período”. O jornalista apontou que o ato foi apoiado pelos jornais da grande imprensa brasileira e pela classe média do país. Em sua análise, o cenário do período não era positivo, a inflação estava descontrolada e os partidos políticos brigavam entre si. Os militares, por sua vez, estavam insatisfeitos desde a revolução de 1930, a qual pôs fim à República Velha. Após o golpe, a posse dos generais ocorreu através de uma eleição indireta no Congresso Nacional, na qual políticos tradicionais do Brasil concordaram com o novo regime que se instaurava, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek, que votou em favor de Castello Branco, pois “estava de olho nas eleições de 1965, que não foram realizadas”. Na visão de Stumpf, somente após a instauração do Ato Institucional nº 5, no dia 13/12/1968, o regime se tornou uma “ditadura”. (Correio Braziliense – Opinião – 15/03/14)


terça-feira, 18 de março de 2014

ONU nomeia novo general brasileiro para comando da força militar da operação de paz no Haiti

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, no dia 13/03/14, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, nomeou o general brasileiro José Luiz Jaborandy como novo comandante militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). O antecessor de Jaborandy no cargo, também general brasileiro Edson Leal Pujol, foi elogiado pelo secretário-geral em função de seu profissionalismo e dedicação. O Brasil comanda a força militar da Minustah desde o início da operação de paz, em 2004; e a partir de abril de 2013 as tropas brasileiras no Haiti vem sendo reduzidas. (Folha de S. Paulo – Mundo – 14/03/14).

Discurso de Goulart em 1964 pode ter acelerado a instauração do regime militar

José Carlos Vieira/O Cruzeiro/EM/D.A Press. Tropas do Exército seguem para o Rio de Janeiro para consolidar o golpe de Estado e a deposição do presidente João Goulart em 1964. Correio Braziliense, Brasília 11 mar. 2014, p.5

Conforme publicado nos periódicos Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, o chamado Comício da Central do Brasil, no dia 13/03/1964, na cidade do Rio de Janeiro, no qual o então presidente da República, João Goulart, fizera o discurso em que apresentava suas reformas de base, acelerou a queda de seu governo e a subsequente tomada de poder pelo militares. Segundo o Correio, o pronunciamento de Goulart teve como reação, seis dias depois, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Codato, “Não existia nem a possibilidade concreta de um golpe (comunista), ou de uma república sindicalista — que eram dois focos da propaganda anticomunista. Isso só fazia sentido na cabeça dos conservadores, militares e setores da imprensa, em função do clima de guerra fria”. Além disso, Codato afirmou que o comício de Goulart, que tratava de temas como a reforma agrária, a estatização de refinarias e o tabelamento de aluguéis, “irritou a sensibilidade social anticomunista”, sendo, porém, o discurso no Clube dos Sargentos, no dia 30/03/1964, o catalisador da revolta militar. Segundo a Folha, o ambiente do Comício da Central do Brasil era tenso, pois não houve apoio da polícia liderada pelo governador oposicionista da Guanabara, Carlos Lacerda, e, por isso, coube ao Exército fazer a segurança do evento com três mil soldados, três tanques e seis metralhadoras estrategicamente posicionados nos arredores da Central do Brasil e do Ministério da Guerra. De acordo com o Correio, a pesquisadora da Revista de História da Biblioteca Nacional, Nashla Dahás, declarou que “o fato de ele (Jango) estar próximo ao ministério pode ser entendido como um enfrentamento político. Ele sabia que estava ao lado daqueles contra quem poderia se confrontar”.  Segundo a Folha, para o historiador da Universidade Federal Fluminense (UFF) Jorge Ferreira, o comício significou a aliança de Goulart com as esquerdas e com o movimento sindical que foi selada, formando um governo exclusivo das esquerdas e "é a partir daí que as direitas partem para o golpe. O comício é a senha para derrubar o governo". (Correio Braziliense – Brasil – 13/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 13/03/14)

Brasil anistiou jovens durante a 78ª Caravana da Anistia

De acordo com o jornal Correio Braziliense, no dia 12/03/14, quando foi realizada a 78ª Caravana da Anistia, na cidade de Recife, estado de Pernambuco, o Estado brasileiro anistiou Jonas José de Albuquerque Barros e Ivan da Rocha Aguiar, que no dia 01/04/64 foram assassinados enquanto participavam de manifestação contra a exoneração do então governador do estado de Pernambuco, Miguel Arraes. A concessão da anistia ocorreu dentro da programação do congresso internacional “50 anos do Golpe e da agenda da Justiça de Transição no Brasil”, quando foram homenageados 29 pernambucanos que também lutaram contra a imposição do regime militar. De acordo com o periódico, o evento na cidade de Recife é uma das atividades programadas para os meses de março e abril com a finalidade de reconstruir a memória e compreender as consequências do período do regime militar. O Correio informou que iniciou-se no dia 11/03/14, na Universidade de Campinas (Unicamp), o seminário “50 anos do Golpe Civil-Militar de 1964”, o qual reuniu mais de 20 estudiosos sobre esse tema. Segundo o professor e chefe do Departamento de História da Unicamp e um dos organizadores do ciclo de debates, José Alves de Freitas Neto, a celebração dos 50 anos do regime militar é fundamental “para que a própria sociedade reflita, no presente, em relação às estratégias que escolheu no passado”. (Correio Braziliense – Política – 12/03/14)

Cinquentenário da tomada de poder pelos militares será marcado por diversos eventos

José Belem/O Cruzeiro/EM/D.A Press. O marechal Humberto de Alencar Castelo Branco acena diante do parlatório do Palácio do Planalto: marco de uma história triste. Correio Braziliense, Brasília 11 mar. 2014, p.3

De acordo com o jornal Correio Braziliense, para marcar o cinquentenário da tomada de poder pelos militares (1964), instituições de todo o país reunirão acadêmicos, estudantes e políticos para debater as causas e consequências do regime militar (1964-1985). Nas cidades de Recife, Campinas, Rio de Janeiro e Brasília haverá diversas palestras, eventos culturais e artísticos sobre o regime militar. Na capital federal Brasília, além de uma sessão solene no Senado Federal, haverá a 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura. Na cidade de Recife, no estado de Pernambuco, integrantes do Ministério Público Federal terão a oportunidade de debater com colegas da Argentina, do Uruguai e da Guatemala as experiências dos regimes militares. Segundo o jornal, o professor e historiador inglês Anthony Pereira defendeu posições polêmicas na abertura de um congresso internacional sobre os 50 anos da tomada de poder pelos militares, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), em Recife. O acadêmico afirmou que a falta de interesse da população em relação à investigação de crimes da época do regime militar está relacionada à realidade atual de violência no Brasil. Pereira destacou a importância dos trabalhos desenvolvidos pelas Comissões da Verdade, da Memória e da Anistia e ressaltou que, em países vizinhos, o índice de criminalidade diminuiu após o fim dos regimes militares. O historiador argumentou que grande parte dos crimes ocorridos no Brasil durante o regime militar eram comuns antes do golpe, no entanto atingiam apenas a população mais pobre; com o regime militar, tais crimes passaram a preocupar a opinião pública ao atingir também a classe média. O Correio noticiou também que o cinquentenário da tomada de poder pelos militares inspirou o lançamento de novas obras sobre o assunto. O jornal citou o livro de Marco Villa, que apresenta uma releitura da “ditadura”, argumentando que esta durou menos de dez anos, pois em sua interpretação não se pode falar em “ditadura” durante períodos em que o Congresso Nacional não estava fechado. O historiador Daniel Aarão Reis também teve seu livro “Ditadura e democracia no Brasil” comentado pelo jornal, o qual destacou a proposta de explicar as lacunas nas versões para a história do período do regime militar. Outros lançamentos referem-se a contos de ficção e narrativas sobre o período militar. (Correio Braziliense – Diversão&Arte – 11/03/14; Correio Braziliense – Política – 11/03/14)

Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro considera envolver Exército em projeto de pacificação

Bruno Gonzalez/Agência O Globo. Oito suspeitos pela morte do soldado Paes Leme forampresos ontem em operação da Polícia Civil no Alemão. Correio Braziliense, Brasília 11 mar. 2014, p.7

De acordo com os jornais Correio Braziliense e O Estado de S. Paulo, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro considera a possibilidade de envolver o Exército em projeto de pacificação. Segundo o Correio, apesar da implementação do 38º projeto de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a atenção das autoridades está voltada para o Complexo do Alemão, a Rocinha e o Pavão-Pavãozinho, comunidades que já foram pacificadas, mas ainda concentram resistência e têm sido palco da morte de policiais militares. Segundo O Estado, o secretário de Segurança do estado de Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse não descartar a possibilidade de pedir ajuda ao Exército para reocupar o território do Complexo da Penha. O jornal ressaltou que as Forças Armadas já atuaram nos complexos, mas incidentes envolvendo o sumiço de um fuzil do Exército e furtos em casas de dois moradores da favela causaram desconforto às autoridades. (Correio Braziliense – Brasil – 11/03/14; O Estado de S. Paulo – Metrópole– 11/03/14)

Colunista analisa associação do Exército com seguradora privada

Em coluna opinativa para o periódico Folha de S. Paulo, Elio Gaspari comentou a associação do Exército brasileiro com uma seguradora privada e as implicações para indenizações por morte em serviço. O caso veio à tona após a morte de dezoito militares brasileiros que integravam a força de paz da ONU no Haiti e foram vítimas do terremoto que assolou o país em janeiro de 2010. Na época, o governo concedeu pensões às famílias das vítimas, bem como um auxílio especial de R$500 mil a cada uma delas. As viúvas dos militares, os quais tinham seguro de vida vendido pelo Bradesco, consorciado com a Fundação Habitacional do Exército, levaram a questão à Justiça para receber o seguro de vida. No entanto, a seguradora afirmou que a morte dos militares, decorrente de um cataclismo, não era contemplada pelo contrato. As viúvas, por outro lado, afirmaram que os militares estavam em serviço e mereciam o dobro do valor da apólice. A seguradora, mediante a Justiça, já fez acordos com 15 das 18 famílias. Gaspari criticou a Fundação Habitacional do Exército por se associar a uma seguradora privada. (Folha de S. Paulo – Poder – 09/03/14)

Evento debateu 50 anos do golpe militar

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, nos dias 11 e 12/03/14 ocorreu no Teatro Anchieta, na cidade de São Paulo, o seminário “1964: 50 anos depois”. O evento, promovido pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e pelo Sesc-SP, contou com mesas que debateram a tomada de poder pelos militares no Brasil e promoveu visitas guiadas a locais referentes ao regime militar (1964-1985), como delegacias e centros de tortura. Em um dos debates, o historiador Jorge Ferreira argumentou que “parece que a relação da sociedade brasileira com esse golpe é um caso mal resolvido”; porém destacou o crescente interesse da sociedade no período do regime militar. (Folha de S. Paulo – Poder – 08/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 12/03/14)

Uso de jatos da Força Aérea Brasileira por autoridades é tema recorrente de debate

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, levou a mulher, Roseli Regis dos Reis, em viagem oficial durante o carnaval por três capitais brasileiras utilizando avião da Força Aérea Brasileia (FAB). As viagens referem-se à participação do ministério na campanha de mobilização e promoção do uso de camisinha durante o carnaval. O decreto 4.244/2002, sobre o uso das aeronaves da FAB por autoridades, afirma que estas podem ser utilizadas por “motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente”, mas não determina quem pode viajar acompanhando a autoridade. A assessoria do ministro afirmou que Reis não representou nenhum gasto adicional aos cofres públicos. De acordo com a Folha, o uso dos jatos da FAB por autoridades não é um tema novo no cenário político; e por isso a Comissão de Ética Pública propôs que alterações sejam realizadas no decreto que estabelece as normas para tal uso, regulamentando por exemplo o uso das aeronaves por acompanhantes das autoridades. O jornal esclareceu que o decreto não atinge a presidenta da República, Dilma Rousseff. De acordo com o jornal, a oposição deverá encaminhar à Procuradoria-Geral da República um pedido de investigação sobre o uso do avião da FAB pelo ministro da Saúde. (Folha de S. Paulo – Poder – 08/03/14; Folha de S. Paulo – Poder – 09/03/14) 

Comissão de Anistia decidiu por indenização de mulheres vítimas do regime militar

De acordo com o periódico Correio Braziliense, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça analisou no dia 07/03/14, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher (08/03), processos de 10 perseguidas políticas do regime militar (1964-1985). A Comissão decidiu pela indenização monetária em todos os casos, sendo os fatos relatados referentes à tortura, exílio, abandono forçado de empregos, entre outros. A sessão contou com relatos da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, a qual argumentou que os órgãos públicos devem contribuir para esclarecer os crimes cometidos naquele período. Disse ainda que após a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, marcado para novembro de 2014, o governo federal deve analisar quais medidas devem ser tomados diante dos fatos apresentados. O Correio ressaltou que a atuação das mulheres na resistência ao regime militar esteve presente inclusive nos grupos que pegaram em armas, como o Comando de Libertação Nacional (Colina). (Correio Braziliense – Política – 08/03/14)