segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Militares entram em confronto com moradores no Complexo do Alemão

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, no dia 04/09/2011, militares da Força de Pacificação do Exército no Morro da Alvorada, no Complexo do Alemão, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), entraram em choque com a população local. Segundo os moradores, o confronto teria se iniciado após dez militares solicitarem para que um estabelecimento comercial abaixasse o volume da televisão. Por sua vez, o  Exército afirmou que o embate teria ocorrido após a Força prender um homem que hostilizou a tropa. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o general Cesar Leme Justo, comandante da Força de Pacificação, disse que o motivo do levante pode ter sido uma represália a missão do Exército que, na semana passada, atuou contra o mercado ilícito de botijões de gás no Complexo. Durante o conflito, que envolveu 80 soldados e 20 moradores, foram utilizados spray de pimenta e balas de borracha por parte do Exército e houve 12 feridos, entre eles, 2 militares. O Ministério Público Federal (MPF) do Rio irá investigar o ocorrido. Segundo a Folha, o Exército também irá averiguar se houve abusos por parte dos seus homens. No dia 05/09/11, residentes do Complexo do Alemão protestaram contra os atos do Exército. Em seu editorial, a Folha afirmou que é preocupante a decisão do Ministério da Defesa de estender, a pedido do governo da cidade do Rio de Janeiro, a presença do Exército nas favelas do Alemão e da Penha por mais oito meses. O auxílio dos militares deveria se limitar à função de patrulhamento da região até que novos policiais assumissem seus postos. Segundo a Folha, é preciso agilizar os tramites para restabelecer o policiamento rotineiro na região. Ademais, segundo o mesmo jornal, a permanência prolongada poderia aumentar o risco de cooptação de militares pelo narcotráfico e de abuso contra moradores. Na mesma linha, em entrevista ao Estado, a professora Edna dell Pomo de Araújo, coordenadora do Núcleo de Estudo em Criminologia explicou que “o modelo de ocupação, que já foi considerado solução milagrosa, não é ainda o mais correto." Outro fator preocupante, na visão de Paulo Storani, antropólogo e ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), é a ausência de líderes comunitários, que exerçam o diálogo entre comunidade e forças de ocupação. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o general César Leme afirmou que traficantes têm atuado de forma itinerante nas favelas dos complexos Alemão e Vila Cruzeiro, alternando diariamente os pontos de monitoramento nas favelas, mesmo com a presença diária de 1800 militares no local. Além disso, o general garantiu que está sendo preparada uma ofensiva dos militares contra as ligações clandestinas de TV a cabo nessas regiões. Leme afirmou ainda que o confronto com os moradores não atrapalhou a confiança da população em relação ao Exército e que os militares devem estar atentos ao lidarem com a situação. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, publicado no dia 09/09/11, o secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou que, em março de 2012, serão destacados os primeiros agentes para as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) a serem instaladas no conjunto de favelas do Alemão e Vila Cruzeiro. Enquanto isso, os militares da Força de Pacificação permanecerão na comunidade, até junho do próximo ano, uma vez que não houve tempo hábil para formação de 2200 novos policiais para atuar nas comunidades. Segundo Beltrame "a manutenção do Exército é muito maior (que a ocupação). Isso porque nós temos o Exército fazendo um trabalho para o qual, em tese, nós teríamos de deslocar um efetivo imenso". Além disso, o jornal destacou que os militares da Força de Pacificação terão apoio de sociólogos, antropólogos e psicólogos para melhorar o relacionamento com a comunidade. (Folha de S. Paulo – Opinião – 05/09/11; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 06/09/11; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 07/09/11; Folha de S. Paulo – Opinião – 08/09/11; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 06/09/11; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 07/09/11; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 08/09/11; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 09/09/11)

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