Em coluna de opinião no periódico O Estado de
S. Paulo, o presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior (Coscex),
Rubens Barbosa, escreveu sobre os desafios que acredita que o governo
enfrentará para apoiar o ministério da Defesa a partir do ano de 2015. Barbosa
defendeu a atualização da Política Nacional de Defesa (PND), da Estratégia
Nacional de Defesa (END) e do Livro Branco, de forma a “refletir as diretrizes
políticas de governo orientadoras de transformações tanto em termos
estratégicos como de avanços tecnológicos, bem como para fazer a introdução
sistemática e sustentável de mecanismos de governança institucional dessas
mesmas diretrizes”. A modernização da defesa nacional, segundo Barbosa,
asseguraria a eficácia operacional e a eficiência na aplicação dos recursos
públicos, e deveria incluir compromissos assumidos com a proteção dos
interesses brasileiros na área amazônica e no Atlântico Sul, a partir da integração
estratégica com países fronteiriços. Barbosa afirmou que a Defesa deveria ser
resgatada como órgão de Estado, concedendo para tanto condições mínimas para a
realização dos objetivos estratégicos e para consolidação das efetivas
capacidades militares para a defesa, fato que tornaria urgente a revisão do
atual Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa, de 2011. De acordo com
Barbosa, deveria manter-se neste a prioridade definida na END, concedendo
atenção aos setores cibernético, aeroespacial e nuclear, com base na inovação
tecnológica e na transferência efetiva de tecnologia, além do desenvolvimento
de competências produtivas industriais de defesa na produção nacional. Barbosa
afirmou que o desenvolvimento da indústria de defesa nacional é objetivo
definido na Política Nacional da Indústria de Defesa, de 2005, que criou um
sistema tributário para a indústria de defesa, dispondo medidas de incentivo à
indústria nacional. No processo de consolidação, segundo Barbosa, deveriam ser
definidos procedimentos especiais de compras públicas que privilegiassem o
fornecedor nacional, além da obrigação da participação governamental na gestão
das empresas estratégicas do setor. Além disso, o autor defendeu o aumento do
volume de investimentos nas Forças Armadas, uma vez que grande parte do
orçamento do Ministério da Defesa atualmente é destinada ao pagamento de
funcionários e pensões dos militares. Barbosa defendeu, a longo prazo, a
construção do submarino nuclear, a aquisição de aviões de caça de combate, a retomada
do programa aeroespacial para utilização do Centro de Lançamento de Alcântara e
o desenvolvimento do veículo lançador de satélites, assim como a ampliação do
Centro de Defesa Cibernética como parte de uma visão estratégica. Por fim, o
autor afirmou que deverá haver uma pressão maior para a participação brasileira
em operações de paz nos próximos anos, e que defesa e política externa deveriam
estar mais articuladas e coordenadas, já que há uma discordância entre a
preocupação mostrada no discurso diplomático com sua segurança e a não
ampliação de seus mecanismos de defesa. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto –
09/12/14)
Nenhum comentário:
Postar um comentário