terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Informe especial sobre o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) - Papel das igrejas no apoio ao golpe de 1964 foi mencionado em relatório final

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, o coordenador do grupo de trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV) encarregado de analisar a questão religiosa durante o regime militar (1964-1985), o cientista social Anivaldo Padilha, informou que o apoio oferecido pelas igrejas brasileiras ao golpe militar e à consolidação do regime foi destacado no relatório final da CNV. Em entrevista ao O Estado, Padilha afirmou que, enquanto a resistência de religiosos e a perseguições às igrejas foi objeto de inúmeros estudos, o colaboracionismo das mesmas instituições foi pouco estudado. Apesar do conhecimento prévio relacionado à participação das igrejas na disseminação do discurso anticomunista, responsável por criar um clima político propício para o golpe, as pesquisas da CNV revelaram maiores detalhes, chegando a casos em que padres e pastores atuaram como informantes e, portanto, tinham conhecimento das prisões arbitrárias e torturas cometidas por militares. Padilha, que militou na juventude metodista e na Ação Popular, foi preso e torturado, e afirmou que mesmo no seu caso, um pastor metodista sabia. Segundo O Estado, o colaboracionismo “foi quase unânime entre os religiosos em 1964”. Ícones da resistência contra o regime inicialmente foram apoiadores do golpe, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e os bispos d. Paulo Evaristo Arns e d. Hélder Câmara. O documento produzido pelo grupo de trabalho possui quase 200 páginas e apenas uma parte integra o relatório final da CNV. O restante do material será publicado e distribuído em igrejas para promover o debate. (O Estado de S. Paulo – 08/12/14 – Política)

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