domingo, 24 de junho de 2012

Missão no Haiti já custou R$1,97 bilhão aos cofres públicos brasileiros

Segundo noticiado no jornal Folha de S. Paulo, a participação do Brasil como responsável pelo comando militar da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla em francês), iniciada em junho de 2004 como uma medida emergencial, que deveria ter a duração de seis meses e consumir R$ 150 milhões, está prestes a completar oito anos e já consumiu R$ 1,97 bilhão. O valor é seis vezes maior do que foi gasto pelo governo brasileiro com a Força Nacional de Segurança, principal investimento em segurança interna do governo. De acordo com o jornal, grande parte do valor despendido com a participação na Minustah representa investimentos em melhorias técnicas e armamentos para as Forças Armadas, tal como aquisição de veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões), investimentos reconhecidos pelo Ministério da Defesa como essenciais e que trarão benefícios ao Brasil, tanto pela modernização das Forças, quanto pelo fomento à indústria nacional de defesa. O Ministério da Defesa afirmou que ainda não dispõe das contas dos benefícios a serem pagos aos 16 mil soldados brasileiros que já passaram pelo Haiti, o que aumentaria ainda mais o montante. Segundo a Folha, até o dia 11/06/12, uma parte dos gastos, no valor de R$ 514 milhões, foi reembolsada pela Organização das Nações Unidas (ONU), responsável pela missão, o que representa 26% do valor total. O jornal ainda avaliou que o assunto da retirada das tropas brasileiras do Haiti não é muito discutido no Congresso Nacional, a exemplo da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, que dedicou quatro reuniões em 2012 para tratar da imigração de haitianos para o Brasil, mas nenhuma para discutir a missão militar. Em coluna opinativa para a Folha no dia 11/06/12, a jornalista Eliane Cantanhêde apontou que na época do lançamento da missão, o Brasil foi escolhido para chefiá-la militarmente, ficando a cargo das Forças Armadas a pacificação e contenção de conflitos internos, enquanto outros países, como França e Estados Unidos da América ficariam responsáveis por garantir a reconstrução política, econômica e social do Haiti. Segundo Cantanhêde, o governo brasileiro queixa-se que, embora tenha cumprido sua parte, não houve o mesmo comprometimento por parte destes outros países em cumprir suas incumbências, de modo que a situação econômica e social continua precária no Haiti, não havendo, dessa maneira, previsão para a retirada total das tropas. O editorial publicado pela Folha no dia 13/06/12 exaltou que o contingente atual de militares brasileiros supera 1900 homens, que a missão brasileira obteve sucesso por reduzir a violência nas favelas de Porto Príncipe, além da “atuação louvável” ao auxiliar nos reparos causados pelo terremoto no Haiti em 2010. Outro ponto destacado foi que a participação dos militares brasileiros no Haiti foi útil para agregar experiência na pacificação de conflitos em áreas urbanas e ofereceu a oportunidade para o governo brasileiro aplicar o aprendizado e “responder às demandas relativas ao aumento de suas ambições no cenário mundial”, pleiteando, principalmente durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.  (Folha de S. Paulo – Mundo – 11/06/12; Folha de S. Paulo – Mundo – 12/06/12; Folha de S. Paulo – Opinião – 13/06/12)

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