segunda-feira, 4 de junho de 2012

Comissão de Anistia do Ministério da Justiça nega pedidos de cabo Anselmo

Comissão nega perdão a Anselmo.  Correio Braziliense, Brasília,  23  maio  2012.
REZENDE, Alexandre. Governo nega indenização a Cabo Anselmo. Folha de S. Paulo, São Paulo, 17 out. 2011

Conforme noticiado pelo jornal Folha de S. Paulo, Ñasaindy Barrett de Araújo, filha dos ex-guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Soledad Barrat Viedma e José Maria Ferreira de Araújo, afirmou acreditar que o trabalho da Comissão da Verdade poderá trazer respostas às memórias de sua família. Os pais, que residiam em Cuba quando ela nasceu, voltaram ao Brasil em 1970 para “fazer revolução” e Araújo – militar brasileiro que fora expulso da Marinha desde 1964 e enviado para Cuba para aprender técnicas de guerrilha – fora preso, vítima de torturas e morreu, ainda em 1970. Posteriormente, Soledad Viedma tornou-se companheira de José Anselmo dos Santos, conhecido como cabo Anselmo, acusado de ser agente duplo durante o regime militar e de ter delatado a mulher aos militares, ocasionando sua morte juntamente com outros cinco guerrilheiros. Em relação à atuação de cabo Anselmo, os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo, e Estado de S. Paulo, destacaram que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça rejeitou o pedido do ex-militar de anistia política e reparação financeira (pelo tempo em que teria atuado na resistência ao governo militar junto com os guerrilheiros da esquerda) e, segundo a Folha, reintegração à Marinha como suboficial.  Cabo Anselmo foi perseguido pelo governo militar (1964-1985) como militante da esquerda e, logo após ter sido preso, se tornou aliado do governo, atuando como agente infiltrado nos grupos de oposição ao regime e, segundo o Correio, também fora participante do Departamento de Ordem Política e Social (Dops).  As suas atitudes contribuíram para a morte de diversos militantes, incluindo, como salientado pela Folha e O Estado, sua companheira, Soledad Viedma. A Folha noticiou que teve acesso a documentos do Serviço de Inteligência da Aeronáutica e a depoimentos que comprovam a participação de cabo Anselmo como agente duplo antes de 1964, o que corrobora a versão de grupos de esquerda de que ele atuou como agente duplo desde o princípio do regime autoritário. A Comissão negou, por unanimidade, os pedidos de cabo Anselmo, alegando que, apesar de ter sofrido ao ser opositor do regime, foi um dos repressores também. O Correio afirmou que a Comissão da Verdade terá sessões de consulta com a Comissão de Anistia, visando o cruzamento de informações e documentos anexados a processos que estão sendo ou foram analisados. (Folha de S. Paulo – Poder – 20/05/12; Folha de S. Paulo – Poder – 21/05/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 22/05/12; Folha de S. Paulo – Poder – 23/05/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 23/05/12; Correio Braziliense – Política – 23/05/12)

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