Em
coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, Mario Cesar Flores,
almirante-de-esquadra do Brasil e ex-ministro da Marinha no governo do
presidente Fernando Collor de Mello, discorreu sobre a ausência nos programas
eleitorais de todos os candidatos à presidência da República de temas que
“frequentam o cotidiano da mídia mundial”: as relações internacionais e a
defesa nacional. Flores relatou que nas campanhas dos então candidatos Dilma Rousseff, Aécio
Neves e Marina Silva, o Brasil era apresentado como um país que não afetava ou
era afetado pela conjuntura do mundo na economia, na “(des)ordem política e
social e no meio ambiente”, mostrando ser um país seguro, imune a ameaças e sem
motivos para uma preocupação com a defesa nacional. O almirante relatou que o
Brasil, sendo a 7ª economia global, não poderia ser indiferente aos
“destemperos desumanos”, como os massacres africanos, a atuação do Estado
Islâmico e o sofrimento dos povos “pela desordem político-social” e catástrofes
naturais. Para o almirante, “a pretensão à cadeira permanente no Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pressupõe a aceitação da
responsabilidade correlata”. Flores também descreveu que atualmente não existem
de fato ameaças clássicas ao Brasil, mas que a dinâmica da História não sugere
a “continuidade indefinida” da atual situação e, portanto, Forças Armadas
modernas não podem ser improvisadas quando uma ameaça surgir repentinamente.
Neste sentido, o almirante afirmou que não se deve cultivar perspectivas
radicais para a defesa nacional, mas que isto não significa ignorar sua
responsabilidade do “alto nível político”. Em conclusão, Flores argumentou que
a propaganda eleitoral de 2014 praticamente ignorou a política externa e a
defesa nacional, pois esses temas “não rendem votos, por ignorância,
indiferença mental e porque se trata de temas que – tanto quanto a grande massa
pode entender – não afetam seu cotidiano comumente sofrido”. (O Estado de S.
Paulo – Espaço Aberto – 19/11/14)
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