terça-feira, 11 de novembro de 2014

Jornalista publicou livro sobre o regime militar

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, o jornalista Paulo Markun publicou o livro “Brado Retumbante”, resultado de um projeto lançado há três anos que reuniu memórias de personagens que viveram durante o regime militar (1964-1985) em um site homônimo ao livro. De acordo com a Folha, apesar de não contribuírem com uma nova perspectiva sobre o período, os depoimentos “emprestam frescor à narrativa”. O periódico afirmou que a maior qualidade da obra foi uma “reunião criteriosa da melhor produção” sobre o regime militar até o momento, com diversas reportagens, teses acadêmicas e biografias. Entretanto, o jornal criticou certos pontos do livro pelo excesso de detalhes com que apresenta determinados fatos: temas como a luta armada e a campanha pelas eleições diretas são apresentados em suas minúcias, o que parece excedente “num livro que pretende captar o todo”. Outro ponto negativo apresentado pelo periódico foi o fato de o livro ter privilegiado a apresentação factual dos dados em detrimento da análise, pois apesar da justaposição de fatos indicar uma visão dos acontecimentos, “ela não chega a substituir a interpretação”. Entretanto, a Folha afirmou que tais questões não diminuem a importância da obra. Segundo o jornal, em um dos depoimentos mais reveladores referentes à campanha pelas eleições diretas, o então deputado federal e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Alberto Goldman, negou a importância do movimento ao afirmar que as eleições diretas seriam realizadas de qualquer forma. A Folha relatou que Markun, preso em 1975 junto com Vladmir Herzog – que é tema do capítulo “Meu Querido Vlado” – apresentou de maneira discreta sua própria participação na oposição ao regime militar. Segundo o jornal, o fato de o jornalista conhecer internamente o PCB garante boas páginas sobre o assunto. De acordo com autor, o partido perdeu influência sobre a juventude de esquerda da época na medida em que essa passou a preferir a luta armada, ao mesmo tempo em que assumiu uma atitude conciliadora, acreditando numa solução negociada para por fim ao regime militar, o que afastou o partido das campanhas pelas eleições diretas. (Folha de S. Paulo – Ilustrada – 01/11/14)

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