terça-feira, 4 de novembro de 2014

Membros da Universidade de São Paulo foram espionados após o fim do regime militar

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) foram espionados após o fim do regime militar (1964-1985). Segundo documentos analisados pela Comissão da Verdade da Universidade de São Paulo, pesquisas em áreas de interesse dos militares continuaram a ser monitoradas até 1990. O jornal apontou como exemplo o caso do programa nuclear militar: o Instituto de Energia Atômica da USP fora monitorado durante o regime militar para controlar pesquisas que poderiam se contrapor ao projeto de fabricação da bomba atômica. Em 1988, o Serviço Nacional de Informações (SNI) teve como foco de atenção as movimentações contrárias ao programa nuclear. Segundo o jornal, o ex-diretor do Instituto de Física da USP, José Goldemberg, foi monitorado em 1970 e entre 1986 e 1990, quando se tornou reitor. Segundo documentos do SNI, Goldemberg teria difundido ideias soviéticas após voltar de uma viagem à Rússia em 1988. O jornal reportou também que o atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foi citado em 1989 em documento do SNI porque “não costumava usar o último sobrenome, Oliva”. Segundo a professora e integrante da comissão, Janice Theodoro, tal relato sugeria que Mercadante procurava não ser associado ao tio, Waldyr Muniz Oliva Filho, reitor da USP entre 1978 e 1982 que, na época, dizia-se ser cada vez “mais Oliva, mais verde, mais  Exército”. De acordo com o jornal, o SNI teria espionado, ainda, unidades de pesquisa relacionadas à redemocratização do país, como o Centro de Estudos da Violência da USP, descrito como patrocinador de "tópicos de pesquisa cujo principal interesse é o relacionamento entre democratização na sociedade brasileira e a violência como instituição”. Segundo Theodoro, ainda é cedo para tirar conclusões com base na análise do material coletado. (Folha de S. Paulo – Poder – 28/10/14)


Nenhum comentário:

Postar um comentário