De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, um requerimento deve ser enviado à
Comissão Nacional da Verdade (CNV) pedindo que, após a conclusão do relatório
final, seja iniciada uma frente especial de investigações que se ocupe dos
casos de violações dos direitos humanos cometidas contra povos indígenas
durante o regime militar (1964-1985). O requerimento se baseia no argumento de
que, apesar dos índios estarem entre as principais vítimas do regime, grande
parte dos casos ainda não foi investigada. A proposta foi discutida durante uma
sessão da CNV dedicada à questão indígena, na qual a jornalista Memélia Moreira
afirmou ter evidências –estilhaços de bombas recolhidos durante uma visita à
aldeia dos waimiri-atroari– de que galões de napalm foram utilizados pelos
militares contra aldeias da região da Amazônia. Os principais confrontos entre
militares e indígenas ocorreram, segundo O Estado, “na rota de grandes rodovias
construídas na época na região amazônica”. Outras denúncias já haviam sido feitas
a respeito do uso de napalm contra os waimiri-atroari, no combate à resistência
dos índios em relação a construção de estradas em suas terras. O teólogo Egydio
Schwade, chefe do Conselho Indigenista Missionário durante a construção da
BR-174, declarou que cerca de dois mil índios desapareceram durante essa
construção. Em setembro de 2014, uma decisão inédita da Comissão de Anistia
reconheceu 13 índios da etnia aikewara como vítimas de militares durante a
Guerrilha do Araguaia e irá indeniza-los no valor de 120 salários mínimos.
Chegando à fase conclusiva, a CNV encerrou, na Base Naval de Ilha das Flores,
no município de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, uma série de visitas
a bases militares que serviram, segundo acusações, como centros de tortura. As
audiências públicas também foram encerradas e atualmente a CNV concentra seus
esforços na produção do relatório final. As informações coletadas durante as
visitas ocuparão um lugar destacado em tal relatório. Segundo o coordenador da
CNV, o advogado Pedro Dallari, a recomendação é de que o texto do relatório se
atenha a fatos. Segundo o Estado, a CNV ainda não atingiu um de seus objetivos:
a reconciliação. Buscando um reconhecimento dos acontecimentos por parte das
Forças Armadas, a CNV espera avançar em direção a esse ponto. (O Estado de S.
Paulo – Política – 27/10/14)
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