Segundo os periódicos
Folha de S. Paulo e Correio Braziliense, o relatório final da Comissão Nacional
da Verdade (CNV), que está em fase de revisão, recomendará a responsabilização
dos agentes públicos que cometeram crimes durante o regime militar (1964-1985).
Entretanto, segundo a Folha, a comissão ainda não decidiu se apresentará uma
recomendação expressa sobre a revisão da Lei da Anistia (1979). Entre os
membros que assinarão o documento, José Paulo Cavalcanti é o único contra a
proposta de revisão da lei, pois afirma que a questão já foi decidida pelo
Supremo Tribunal Federal e que “a pauta do país é outra, não tem mais a ver com
a ditadura”. De acordo com uma das principais defensoras da revisão, Rosa
Cardoso, é preciso que o grupo se posicione sobre o assunto. Segundo o Correio,
o coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou que a CNV não possui poderes
persecutório e jurisdicional e que “tem que fazer uma apuração muito criteriosa
dos fatos, das circunstâncias, dos locais onde houve tortura, execução e graves
violações dos direitos humanos”. A Folha lembrou que o posicionamento da CNV
acerca do tema não irá apresentar efeito prático imediato na legislação
brasileira, mas que a pressão política da ação pode colaborar para o reexame do
assunto e até abrir espaço para que sejam realizadas punições sem a necessidade
de anulação da Lei da Anistia. Segundo o jornal, outro ponto do relatório final
que pode suscitar polêmicas refere-se ao aumento do número de mortos e
desaparecidos durante o regime militar. O Estado reconheceu 356 casos de mortos
ou desaparecidos, mas a comissão irá apontar 420 casos. Os assessores da CNV
afirmaram que a divergência é resultado de diferentes metodologias de pesquisas
e novas fontes descobertas. O periódico afirmou que as mortes de agricultores e
indígenas não serão contabilizadas, mas que alguns desses casos foram
investigados pela comissão e serão apresentados pelo grupo no segundo volume do
relatório. Segundo a Pastoral da Terra, durante regime militar houve mais de
1100 mortes no campo relacionadas ao governo. De acordo com o Correio e O
Estado de S. Paulo, um dos nomes incluídos pela CNV na lista de desaparecidos
políticos é o do despachante Odair José Brunocilla, que embora não fosse
vinculado a grupo político, ajudava “com a documentação de militantes
contrários ao regime, que desejavam fugir para o Chile e Argentina”. De acordo
com a comissão, Brunocilla foi preso e torturado em 1978. A Folha lembrou que a
maior parte do material de análise da CNV não constará no documento final, mas
que a previsão é de que sejam disponibilizados ao público posteriormente. De
acordo com o periódico, o relatório será dividido em três volumes. O primeiro
detalhará violências praticadas pelo regime militar, locais onde foram presos
opositores e depoimento das vítimas, além de recomendar a responsabilização dos
perpetradores de crimes no período e outras 30 recomendações. No segundo, serão
apresentados textos e investigações dos 14 grupos temáticos da CNV nos últimos
dois anos, além de literatura historiográfica sobre o período. O terceiro irá
apresentar o perfil dos mortos e desaparecidos. De acordo com o Correio, o
relatório final da CNV apresentará os resultados dos grupos de trabalho da
comissão, entre eles a Guerrilha do Araguaia; a Operação Condor; o
funcionamento da estrutura da repressão; o papel da Igreja; as violações contra
camponeses e indígenas e mortos e desaparecidos políticos. (Correio Braziliense
– Política – 09/11/14; Correio
Braziliense – Política – 14/11/14; Folha de S. Paulo – Poder – 08/11/14; O
Estado de S. Paulo – Política – 14/11/14)
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