VALTER
CAMPANATO/ AGÊNCIA BRASIL.
Revelação.
Coronel Moézia de Lima fala à Comissão da Verdade em Brasília.
O
Estado de S. Paulo, São Paulo, 10 set 2014, P11
De
acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia
09/09/14, o general reformado do Exército, José Antonio Nogueira Belham,
prestou novo depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Neste depoimento,
bem como no anterior, o general negou envolvimento na morte do ex-deputado
federal Rubens Paiva durante o regime militar (1964-1985), afirmando que estava
de férias na época do ocorrido. Segundo documento obtido pela CNV, Paiva foi
preso no dia 20/01/1971 e levado ao Destacamento de Operações de Informações –
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI- Codi) na cidade do Rio de Janeiro,
onde teria falecido no dia seguinte. De acordo com O Estado, o histórico da
trajetória militar de Belham, produzido pelas Forças Armadas, mostra que o
general reformado pediu férias no período compreendido entre 18/01/1971 à
17/02/1971. O documento destacou, porém, que o general recebeu diárias de
alimentação no dia em que Paiva foi preso e levado ao DOI-Codi. Quando
confrontado com as informações sobre as diárias, Belham afirmou que os dados
estão errados e que pedirá correção ao Exército. O coordenador da CNV, Pedro
Dallari, considera a justificativa insuficiente, e afirmou que o general tem
responsabilidade na morte de Paiva. Em outro depoimento à CNV, no mesmo dia, o
coronel da reserva, chefe de equipe no DOI-Codi da cidade de São Paulo, entre
os anos 1970 e 1971, Pedro Ivo Moézia de Lima, admitiu que agentes do
Departamento de Ordem Política e Social (Dops) praticavam tortura contra presos
políticos. Segundo a Folha, Moézia afirmou que “existem métodos mais
persuasivos do que bater. Ninguém morreu ou foi assassinado no DOI-Codi
enquanto estive lá. Houve, sim, morte por acidente, como ataque cardíaco”.
Moézia, que era subordinado do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra na época,
relatou a existência de tortura contra os presos políticos, mas que eram
realizadas pelas Polícias Militar e Civil de São Paulo. O depoimento foi
presenciado pelo ouvidor da CNV, Adilson Carvalho, pelo assessor da comissão, André
Vilaron, e por Dallari, o qual relatou que, aparentemente, Moézia não fez parte
do grupo que “sujou as mãos” no DOI-Codi, nas cidades de São Paulo e do Rio de
Janeiro. Seu depoimento, porém, é importante, pois confirmou a prática de
violações aos direitos humanos durante o período. Segundo a Folha, em terceiro
depoimento, no dia 09/09/14, o advogado da União no estado do Amapá, Carlos
Orlando Fonseca de Souza, tratou da Guerrilha do Araguaia (1972-1974).
Recrutado para o serviço militar no período, Souza afirmou não ter visto
tortura e deu sua versão sobre a morte da guerrilheira Helenira Rezende em
1972, que teria recebido um tiro na perna, o que a levou à morte por
hemorragia, porém, dados históricos apontaram que Rezende teria sido morta após
três dias de tortura. (Folha de S. Paulo – Poder – 10/09/14; O Estado de S.
Paulo – Política – 10/09/14)
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