Em
coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, Rubens Barbosa, presidente
do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo, defendeu urgência na retomada das negociações acerca da Base de
Alcântara, no estado do Maranhão, e afirmou que “o aproveitamento do Centro de
Lançamento de Alcântara e o desenvolvimento de veículos lançadores de satélites
são prioridade no âmbito do Programa Nacional de Atividades Espaciais do
Ministério da Defesa”. Barbosa relembrou que, em agosto de 2003, uma explosão
acidental na base paralisou o projeto e matou 21 cientistas que conduziam o
programa do veículo lançador de satélite VLS-1. Além disso, ressaltou a
necessidade de apoio dos Estados Unidos da América (EUA) para a negociação de
um acordo de salvaguarda tecnológica que permita o funcionamento de um centro
de lançamento competitivo, garantindo a entrada do Brasil no mercado de
satélites de telecomunicações e de meteorologia. De acordo com Barbosa, a base
somente seria comercialmente viável mediante novo acordo entre Brasil e EUA,
uma vez que o acordo anterior não foi ratificado por motivos ideológicos após a
revelação da espionagem estadunidense. Atualmente, o Brasil tenta desenvolver
um veículo lançador de satélites próprio; outro com apoio da Ucrânia; um
programa de lançamento de satélites com a China e lançou no dia 29/08/14 um
foguete de sondagem que testará, pela primeira vez no país, combustível líquido
embarcado. Segundo Barbosa, sem o acordo com os EUA, nem mesmo o programa em parceria
com a Ucrânia avançaria, uma vez que telegramas da Embaixada estadunidense em
Brasília, de janeiro de 2009, revelaram que o governo ucraniano solicitou que o
governo estadunidense reconsiderasse o apoio à parceria Brasil-Ucrânia para as
atividades na Base de Alcântara, permitindo que firmas estadunidenses de
satélite utilizassem a plataforma de lançamentos. O governo dos EUA , no
entanto, declarou que apenas apoiaria a parceria mediante a entrada em vigor do
acordo de salvaguardas entre Brasil e EUA. Barbosa esclareceu que não haveria
dificuldades internacionais para o estabelecimento, uma vez que o Brasil é
membro do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, portanto, o tratamento
seria idêntico ao recebido por outros países que assinaram acordos de
salvaguarda com os EUA. Além das dificuldades políticas e da falta de apoio, no
entanto, o programa ainda enfrenta a oposição de quilombolas que reclamam
terras adjuntas à região ocupada pela base. Por fim, Barbosa destacou que “é
urgente recuperar o tempo perdido” para superar os problemas enfrentados pelo
programa espacial. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 26/08/14)
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