Em
coluna opinativa para O Estado de S. Paulo, o general de Exército e ex-chefe do
Estado-Maior de Defesa, Rômulo Bini Pereira, escreveu sobre as Forças Armadas e
seu papel no Brasil. De acordo com o general, a Constituição Federal de 1988
estabelece, nos artigos 142 e 144, o papel das Forças Armadas e de seus órgãos
policiais responsáveis pela segurança pública, sendo a missão essencial das
Forças Armadas a defesa do território e da soberania nacionais, enquanto a
segurança pública deve ser exercida pelas Polícias Federal, Rodoviária e Ferroviária
Federais, Polícias Civil e Militar. Para ele, o emprego das Forças Armadas na
Garantia da Lei e da Ordem (GLO), no entanto, vem se tornando prática
significativa e preocupante, sendo este um tema muito sensível e sujeito a
inúmeras análises e interpretações, até mesmo de sua inconstitucionalidade.
Segundo Pereira, o Ministério da Defesa poderia ser um possível limitador desse
empenho geral, porém se mostra pouco eficaz em selecionar e priorizar o emprego
das Forças Armadas, uma vez que ações como, por exemplo, o emprego de efetivos
militares em favelas, afetam negativamente o lado operacional de sua principal
missão constitucional, que é a defesa da Pátria e de sua soberania. O general
criticou a vulnerabilidade externa do Brasil, e destacou que, com longas
fronteiras terrestres e marítimas, cobiças internacionais permanentes, efetivos
e orçamentos reduzidos e um cenário mundial incerto, as Forças Armadas
necessitam de meios de combate eficazes e modernos para a proteção, ao invés de
sprays de pimenta, cassetetes, jatos d’água ou balas de borracha que são
materiais específicos para os órgãos de segurança pública. Pereira questionou a
finalidade dessas transformações e a atuação na GLO e ressaltou que ter um
“braço armado” é um desejo histórico das esquerdas totalitárias. Segundo o
general, a presidenta da República, Dilma Rousseff, atribui às Forças Armadas
incumbências que acabam em ações que não se coadunam com suas missões
específicas. Por fim, Pereira concluiu que as Forças Armadas são uma instituição
de Estado, e não de governo, não podendo, assim, ser “braço armado” de governos
ou de quaisquer facções políticas. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto –
11/06/14)
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