terça-feira, 10 de junho de 2014

Empresários atuaram a favor do regime militar

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) atuaram intensamente para a tomada de poder pelos militares de 1964. Documentos recém-descobertos no arquivo da Escola Superior de Guerra (ESG) demonstraram palestras e conferências apresentadas na instituição por industriais ligados à entidade patronal paulista. De acordo com o jornal, empresários trabalharam para desestabilizar o então presidente da República, João Goulart, desde sua posse, financiando as campanhas de seus adversários no Congresso Nacional e organizando entidades como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes). Durante o regime militar (1964-1985), alguns empresários ajudaram a financiar a Operação Bandeirante (Oban), organização criada pelos militares para coordenar a repressão aos opositores do regime. Ainda segundo a Folha,  as palestras proferidas por empresários da Fiesp e a doação de material aos militares, possibilitam duas interpretações. A primeira seria que as doações realizadas pelos empresários ao invés de ser uma conspiração política seria um meio de aproximação institucional, pois ninguém sabia que o general Amaury Kruel, ex-chefe do Gabinete Militar de Goulart, se juntaria aos militares golpista horas antes da tomada de poder. A última hipótese seria que as doações realizadas aos adversários de Goulart fossem para fomentar um ambiente hostil ao presidente. Para Marcelo Rideni, cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) as duas interpretações são válidas, pois "os empresários podem ter exagerado ao falar da própria colaboração. Mas eles não inventaram essas histórias do nada. Onde há fumaça, há fogo". Para Marcos Napolitano, historiador e professor da Universidade de São Paulo (USP), os documentos encontrados na ESG demonstram que é fraca a tese de que o golpe foi reativo. Além disso, o jornal descobriu que a Fiesp criou um órgão subordinado a sua presidência, denominado Grupo Permanente de Mobilização Industrial (GPMI), cujo propósito era “converter a industria paulista em fornecedora de material  bélico, caso grupos de esquerda reagissem contra o golpe e deflagrassem uma guerra civil”. Como não houve resistência ao golpe, o órgão passou a gerenciar a participação da indústria paulista nas concorrências das Forças Armadas. O órgão era composto por 10 empresários e 11 militares.  (Folha de S. Paulo - Poder - 01/06/14; Folha de S. Paulo - Poder - 02/06/14; Folha de S. Paulo - Folha Corrida - 02/06/14)

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