terça-feira, 5 de agosto de 2014

Imagem que aponta participação de membros do regime militar na morte de Zuzu Angel foi apresentada à Comissão Nacional da Verdade

Arquivo O Globo, 14/04/76. O ex-delegado Cláudio Guerra afirma que a pessoa indicada na fotografia acima, com o veículo em que estava Zuzu Angel, é o coronel Cláudio Perdigão. Correio Braziliense, 26 jul 2014.

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Cláudio Guerra, apresentou à Comissão Nacional da Verdade (CNV), no dia 25/07/14, imagem que aponta a participação de membros do regime militar (1964-1985) na morte da estilista Zuzu Angel, no dia 14/04/1976. O Estado lembrou que a morte da estilista, segundo dados oficiais, ocorreu quando seu carro colidiu em um viaduto na saída do Túnel Dois Irmãos, no Rio de Janeiro, e caiu de uma ribanceira. Angel mobilizou a opinião pública, tanto nacional quanto internacional, na busca por seu filho, Stuart Angel, desaparecido no período. O periódico afirmou que a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos atribuiu, em 1988, a responsabilidade da morte da estilista ao regime militar, mas os militares negam participação no episódio. A imagem fornecida por Guerra apresenta uma pessoa, reconhecida como o coronel Freddie Perdigão, próxima ao carro que se encontrava o corpo da estilista após o suposto acidente. Segundo o Correio, na imagem “Perdigão aparece encostado em um poste, com uma camisa clara, levando a mão direita ao rosto, olhando para o carro da vítima”. A imagem havia sido publicada pelo jornal O Globo no dia seguinte ao ocorrido, em 15/04/1976. Guerra relatou que Perdigão havia lhe confidenciado a participação no planejamento da morte de Angel e que estava preocupado por aparecer em imagens feitas no local. De acordo com o presidente da CNV, Pedro Dallari, a imagem é uma nova peça que deve ser acrescentada ao inquérito referente ao caso. Dallari afirmou que na época a estilista se tornou uma “presença incômoda” ao regime militar, mas que por ser uma pessoa pública sua morte não poderia ser associada ao regime. O Correio informou que no dia 25/07/14 a CNV realizou audiência fechada com o coronel da reserva da Aeronáutica, Antônio Augusto Mendes de Matos, na qual esse negou a existência de prisões de civis e torturas na Base Aérea do Galeão. Matos também negou vinculação ao caso de Stuart Angel, que, segundo a CNV, foi torturado e morto no local em 14/06/1971. Segundo o Correio e a Folha, o advogado de três militares que prestaram depoimentos à CNV no dia 29/07/14, Rodrigo Roca, afirmou que Perdigão não está na foto do acidente da estilista, e que a declaração de Guerra à CNV teria sido um “erro histórico”. (Correio Braziliense – Política – 26/07/14; Correio Braziliense – Política – 30/07/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/07/14; Folha de S. Paulo – Poder – 30/07/14; O Estado de S. Paulo – Política – 26/07/14;)  

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