Reprodução. Relato. A jornalista Míriam
Leitão, vítima da ditadura militar
O
Estado de S. Paulo, São Paulo, 20 agosto, 2014, P. 11.
De
acordo com os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, um
depoimento da jornalista Míriam Leitão em que relata as sessões de tortura
sofridas durante regime militar (1964-1985) foi publicado pelo jornalista Luiz
Cláudio Leitão no site do “Observatório da Imprensa” dia 19/08/14. Míriam era
estudante de filosofia e estava grávida de um mês quando foi presa em uma praia
junto com seu então companheiro, o jornalista Marcelo Netto, por serem
considerados opositores ao regime e ligados ao Partido Comunista do Brasil.
Ambos foram levados para o 38º Batalhão da Infantaria do Exército, no estado do
Espírito Santo em 1972. Míriam relatou que a mantiveram presa durante três
meses, nos quais sofreu humilhações, foi obrigada a se despir, ameaçada de
estupro coletivo, torturada com cães pastores alemães e uma jiboia, sofreu
simulações de fuzilamento, foi agredida com tapas, socos e puxões no cabelo. O
militar identificado por ela como um dos participantes das sessões de tortura,
chamado de Dr. Pablo, era o coronel Paulo Malhães. De acordo com O Estado de S.
Paulo, Míriam relatou sua tortura depois de ser convencida por Netto, pelo
trabalho da Comissão Nacional da Verdade e “pela noção de que as instituições
democráticas precisam que as Forças Armadas reconheçam que pessoas morreram
dentro das instituições militares.” A jornalista também informou que havia
narrado a violência que sofreu diante de um tribunal militar em 1973, prestando
depoimento na 2ª Auditoria da Aeronáutica, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo
Folha, Míriam terminou o depoimento dizendo que sua maior vingança foi
sobreviver e vencer, e declarou que ainda aguarda um pedido de desculpas das
Forças Armadas: “Não cultivo nenhum ódio. Não sinto nada disso. Mas, esse gesto
me daria segurança no futuro democrático do país.” (Folha de S. Paulo – Poder –
20/08/14, O Estado de S. Paulo – Política – 20/08/14)
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