De
acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a certidão de óbito do guerrilheiro
Ruy Carlos Berbert terá a causa da morte alterada de suicídio para “asfixia
mecânica por enforcamento, decorrente de maus tratos e torturas”. A decisão foi
tomada pela Justiça após ação movida por Rodrigo Berbert Pereira, sobrinho do
guerrilheiro. A versão oficial da morte de Berbert foi questionada pelo jornal,
em 2012, com a publicação de fotos e relatórios até então inéditos. Segundo O
Estado, o guerrilheiro foi morto na cadeia pública de Natividade, atual estado
de Tocantins, em 1972, durante o regime militar (1964-1985). Berbert foi
enterrado no dia 02/11/1972 sem avaliação de um médico legista, tendo o
atestado de morte dado por dois farmacêuticos. Segundo o jornal, após relato do
fotógrafo Antônio Rodrigues de França, que foi chamado pela delegacia de
Natividade para registrar a morte do guerrilheiro preso na cadeia pública, O
Estado revelou que o Centro de Informações do Exército (CIE) organizou uma
força-tarefa envolvendo homens da 3.ª Brigada de Infantaria, da Polícia
Federal, da Aeronáutica e do Destacamento de Operações de Informações - Centro
de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) para combater militantes do Movimento
de Libertação Popular (Molipo), grupo
que Berbert integrava, na região. O desembargador que avaliou a ação,
André Nabarrete, afirmou que “o regime militar matou e torturou ‘inúmeros’
militantes oposicionistas, que foram considerados suicidas ou vítimas de
acidentes” e, portanto, decidiu ser razoável entender que Berbert não cometera
suicídio. O jornal relembrou que já alteraram as certidões de óbitos de Alexandre
Vannuchi Leme, morto em 1973; Vladimir Herzog, morto em 1975; e João Batista
Drummond, morto em 1976. (O Estado de S. Paulo – Política – 02/08/14)
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