Em coluna opinativa para o jornal Folha
de S. Paulo, o historiador da Universidade de San Diego (Estados Unidos),
Kenneth Serbin, apresentou uma análise da relação entre o regime militar
brasileiro (1964-1985) e as organizações religiosas. Para o historiador, o
apoio por parte de setores e membros dessas organizações foi disperso, e não
existe uma obra que sintetize a colaboração, principalmente porque a postura
das igrejas foi de “visível oposição ao regime”. Diferentemente do regime argentino,
onde a Igreja Católica apoiou as políticas repressivas, no Brasil, os
religiosos que apoiaram e colaboraram o fizeram individualmente. Serbin apontou
o caso do arcebispo da cidade de Diamantina, no estado de Minas Gerais, dom
Geraldo de Proença e Sigaud, que, no dia que seguiu o golpe, instigou a polícia
a reprimir padres e seminaristas. O padre José Dumont ficou detido por 40 dias
no palácio do arcebispo, proibido de se comunicar com “o mundo externo”. O
historiador também apontou que as principais igrejas protestantes tradicionais
denunciaram abusos contra os direitos humanos. Sobre as conexões financeiras
dessas igrejas com o setor público, o historiador alega que são duvidosas alegações
de que possuam ligação com a repressão, mas afirma que o Ministério da
Educação, na gestão de Jarbas Passarinho, concedeu assistência à Assembleia de
Deus. Serbin aponta que os documentos e arquivos das organizações religiosas são
importantes, uma vez que podem conter documentos pessoais que tratem dos
assuntos de interesse da Comissão Nacional da Verdade; entretanto, as igrejas
podem se recusar a permitir acesso a esses documentos privados. (Folha de S.
Paulo – Poder – 11/11/12)
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