terça-feira, 20 de novembro de 2012

Historiador analisa relação entre o regime militar e organizações religiosas

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, o historiador da Universidade de San Diego (Estados Unidos), Kenneth Serbin, apresentou uma análise da relação entre o regime militar brasileiro (1964-1985) e as organizações religiosas. Para o historiador, o apoio por parte de setores e membros dessas organizações foi disperso, e não existe uma obra que sintetize a colaboração, principalmente porque a postura das igrejas foi de “visível oposição ao regime”. Diferentemente do regime argentino, onde a Igreja Católica apoiou as políticas repressivas, no Brasil, os religiosos que apoiaram e colaboraram o fizeram individualmente. Serbin apontou o caso do arcebispo da cidade de Diamantina, no estado de Minas Gerais, dom Geraldo de Proença e Sigaud, que, no dia que seguiu o golpe, instigou a polícia a reprimir padres e seminaristas. O padre José Dumont ficou detido por 40 dias no palácio do arcebispo, proibido de se comunicar com “o mundo externo”. O historiador também apontou que as principais igrejas protestantes tradicionais denunciaram abusos contra os direitos humanos. Sobre as conexões financeiras dessas igrejas com o setor público, o historiador alega que são duvidosas alegações de que possuam ligação com a repressão, mas afirma que o Ministério da Educação, na gestão de Jarbas Passarinho, concedeu assistência à Assembleia de Deus. Serbin aponta que os documentos e arquivos das organizações religiosas são importantes, uma vez que podem conter documentos pessoais que tratem dos assuntos de interesse da Comissão Nacional da Verdade; entretanto, as igrejas podem se recusar a permitir acesso a esses documentos privados. (Folha de S. Paulo – Poder – 11/11/12)

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