Em coluna opinativa ao jornal Folha de S.
Paulo, o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Ronaldo
George Helal, recordou que na Copa do Mundo de 1970 o regime militar brasileiro
(1964-1985) buscou “imprimir otimismo ao povo brasileiro”. No período, a música
escolhida pelos patrocinadores das transmissões dos jogos era de caráter
ufanista e buscava incentivar a união nacional, cantando “Todos juntos, vamos
pra frente, Brasil”. Helal argumentou que em 1968 havia sido instituído no país
o Ato Institucional 5, proibindo a população de se manifestar politicamente,
mas que foi o chamado “milagre econômico” o responsável por manter a população
“sob controle”. Ao criticar a ideia difundida na atualidade de que a vitória ou
derrota do Brasil na Copa do Mundo influenciará na situação política e
eleitoral do governo, Helal afirmou que em 1970 a censura, tortura e mortes não
foram influenciadas pela conquista do Brasil no futebol. O jornalista Ruy
Castro, em coluna para o mesmo jornal, argumentou que sua geração presenciou a
degradação dos símbolos nacionais pelo regime militar, como por exemplo na
época do ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, quando a bandeira, o hino e o
brasão nacionais foram utilizados como símbolos que davam aval aos crimes cometidos
pelo governo no período. Segundo Castro, tal associação fez com que esses
símbolos fossem vistos com repulsa pelos brasileiros. Para o jornalista, apenas
com o fim do regime militar e a redemocratização do país, ocorreu a
reabilitação dos símbolos e cores nacionais, que passaram a ter um caráter
positivo. (Folha de S. Paulo – Opinião – 21/06/14)
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