De
acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o primeiro lote
de documentos entregues pelo vice-presidente dos Estados Unidos da América
(EUA), Joe Biden, em visita ao Brasil no mês de junho, sobre o regime militar
brasileiro (1964-1985) não trouxe revelações sobre o período. Segundo Biden, o
“projeto especial” – a desclassificação dos documentos – visava “jogar luz” aos
fatos ocorridos no país durante o regime militar. O vice-presidente
estadunidense entregou 43 relatórios ao Ministério das Relações Exteriores
(MRE) que foram repassados à Comissão Nacional da Verdade (CNV). De acordo com
o colegiado, 25 dos documentos já estavam na internet desde 2009 e os 18
restantes foram desclassificados em maio de 2014, datando do período entre 1967
e 1974. Segundo os periódicos, a maioria dos documentos foram elaborados por
diplomatas estadunidenses que serviam no Brasil à época, sendo enviados ao
Departamento de Estado, na capital Washington, nos EUA. Em um aerograma do
Consulado-Geral dos EUA na cidade do Rio de Janeiro, o então cônsul Clarence
Boonstra relatou o aumento repentino de prisões de pessoas acusadas de subversão
e que os presos estavam sendo levados a unidades militares. Além disso, o
relato menciona que os agente brasileiros estavam usando novos método de
“extração de informações”, como choques elétricos e pau de arara. Tais
informações contradizem a versão das Forças Armadas brasileiras de que não
houve torturas ou abusos nas instalações militares durante o período. O
documento, porém, teve os nomes dos responsáveis por tais atos apagados. De
acordo com O Estado, a embaixada estadunidense, apesar de ter ciência do que
acontecia nessas instalações militares em detalhes, recomendou, no documento,
“cautela” quando tratar do assunto com o governo brasileiro. Segundo a Folha,
espera-se que o governo estadunidense enviem outros lotes de documentos. O
coordenador da CNV, Pedro Dallari, afirmou que “os documentos de um país
estrangeiro atestam a ocorrência de tortura, coisa que as Forças Armadas, ainda
hoje, têm dificuldade de reconhecer”. (Folha de S. Paulo – Poder – 03/07/14; O
Estado de S. Paulo – Política – 03/07/14)
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