Segundo
o jornal Folha de S. Paulo, o ex-preso político e economista Marcos Arruda, que
ficou detido nas dependências do Destacamento de Operações de Informações –
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do 2º Exército, na cidade de
São Paulo, nos anos 1970, afirmou ter sido torturado por agentes do regime
militar (1964-1985) que utilizavam músicas para abafar os seus gritos. Além
disso, segundo O Estado de S. Paulo, Arruda contou que, ao ser preso, disse a
um capelão que sua sobrevivência dependia de que sua família tivesse noção de
sua situação, entretanto, o religioso se recusou a fornecer ajuda. Arruda depôs
em audiência pública promovida pela Comissão Nacional da Verdade e pela
Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, cuja função era esclarecer a atuação das
igrejas durante o regime militar. Outra vítima ouvida foi a historiadora Jessie
Jane, a qual relatou que o falecido arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugênio
Sales, proibiu que os presos políticos tivessem assistência pastoral
carcerária, ao contrário dos presos comuns. O evento da Comissão, que teve como
tema o “Papel das igrejas durante a ditadura”, ainda chamou para depor
religiosos que protegeram perseguidos políticos. Dentre estes foram ouvidos o bispo
emérito da diocese de Volta Redonda, Dom Waldyr Calheiros, que auxiliou
perseguidos políticos dando abrigo e facilitando sua fuga para outros países,
assim como o professor e bispo emérito da Igreja Metodista do Rio de Janeiro,
Paulo Ayres Mattos, que auxiliou refugiados que vieram ao Brasil a fim de fugir
dos regimes autoritários do Chile, do Uruguai e da Argentina nos anos 1970.
Além disso, o grupo de trabalho que analisa a participação das igrejas no
regime militar não descarta chamar para depor religiosos que colaboraram com os
militares, visto que, segundo ex-preso político e cientista social Anivaldo
Padilha, idealizador desse grupo de trabalho, “todas as igrejas tiveram os dois
lados, o lado dos que ajudaram
a criar o clima que possibilitou o golpe e depois aderiram, legitimaram e
consolidaram a ditadura, e os que resistiram.” De acordo com Padilha, pouco se
sabe sobre os religiosos que colaboram com o regime militar, ao contrário dos
que ajudaram a resistência política. (Folha de S. Paulo – Poder – 18/09/13; O
Estado de S. Paulo – Política – 19/09/13)
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