Em coluna opinativa
para o jornal O Estado de S. Paulo, o jornalista e ex-professor da Universidade
de São Paulo (USP), Bernardo Kucinski, fez uma análise sobre a obra de ficção
“Palavras Cruzadas", da autora Guiomar de Grammont. O enredo tem como
principal cenário a Guerrilha do Araguaia (1967-1974) e, como afirmou Kucinski,
contém diversas metáforas e reflexões críticas. Segundo o jornalista, dois
temas considerados “tabus” são abordados pela história: o primeiro é o
“justiçamento” dos guerrilheiros por companheiros sob a alegação de traição, o
que é utilizado por Grammont para “alavancar a crítica à guerrilha, cujos
dirigentes são retratados como coercitivos e militaristas”. O segundo tema se
refere ao sequestro de bebês feito por militares para a adoção. De acordo com
Kucinski, apesar de não haver provas dessa atividade no relatório final da
Comissão Nacional da Verdade (CNV), a Comissão da Verdade do estado de São
Paulo mencionou a possibilidade do sequestro de bebês nascidos durante o
movimento guerrilheiro. O jornalista afirmou que a obra comparou criticamente
tanto guerrilheiros quanto repressores, explicando porque “por tantos anos as
Forças Armadas se recusaram sequer a admitir que existiu uma guerrilha no
Araguaia, atribuindo eles próprios ao seu cerco e aniquilamento o estatuto
macabro do indizível”. (O Estado de S. Paulo – Caderno 2 – 26/09/15)
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