De acordo com o periódico O Estado de
S. Paulo, arquivos secretos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), cujo
acesso foi liberado pelo Arquivo Nacional, na cidade de Brasília (Distrito
Federal), revelam informações importantes sobre a política nuclear brasileira
durante o regime militar (1964-1985). De acordo com o jornal, o desenvolvimento
de armamento nuclear pelo país nunca foi efetivado, porque, mesmo quando foi
posta em prática uma política externa que negava a adesão brasileira à acordos
que limitassem a exploração dessa tecnologia, a condição interna do Brasil,
tanto em termos de econômicos como em termos de projetos, distanciava o país da
meta de construir armas atômicas. Em 1953, em visita ao Brasil, o físico
americano responsável pelo Projeto Manhattan para a obtenção de armamento
nuclear durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), professor Julius
Oppenheimer, afirmou considerar que o país criaria sua bomba atômica em breve.
Isso porque, segundo Oppenheimer, o país era a nação sul-americana com maior
desenvolvimento científico no campo nuclear, portanto, o Brasil estaria “entre
as potências com segredo atômico”. Entretanto, segundo O Estado, foi depois da
tomada de poder pelos militares, em 1964, que a pretensão de desenvolvimento da
política nuclear se intensificou. Isso porque, para os militares, possuir a
bomba atômica era sinônimo de força internacional. A partir de então, na
reunião da Comissão Preparatória para a Desnuclearização da América Latina
(COPREDAL), em abril de 1966, no governo do então presidente da República,
Humberto Castello Branco, o corpo diplomático brasileiro foi orientado a criar
condições para que o Brasil permanecesse como defensor do pacifismo, mas que
não admitisse acordos que impedissem o seu aparelhamento nuclear. Mais adiante,
no governo do então presidente da República Ernesto Beckmann Geisel, em
exposição feita ao Alto Comando das Forças Armadas, no dia 10/06/74, Geisel
exprimiu a intenção de "desenvolver uma tecnologia para a utilização da
explosão nuclear para fins pacíficos, o que nos permitirá, inclusive, se
necessário, dispor de nossa própria arma". De acordo com o discurso,
graças à então explosão de bomba nuclear pela Índia, o presidente temeu que o
Brasil ficasse em desvantagem, inclusive com relação à Argentina, no
desenvolvimento nuclear, tanto para fins econômicos, como militares. Sobre a
Argentina, Geisel afirmara ainda que "dentro da necessidade de
atualização, ressaltada pelo EMFA, o conceito deverá abranger a hipótese de
guerra continental envolvendo a Argentina". (O Estado de S. Paulo –
Internacional – 12/08/13)
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