De acordo com o
periódico O Estado de S. Paulo, a Comissão Estadual da Verdade do Rio de
Janeiro (CEV-Rio) identificou, no dia 11/09/15, após dois anos de investigação,
o sargento do Exército, Magno Cantarino Mota, conhecido pelo codinome de agente
Guarany, como emissário da carta-bomba responsável por matar a secretária Lyda
Monteiro da Silva. O atentado ocorreu em 27/08/1980 na cidade do Rio de
Janeiro, atingindo a sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que,
segundo o jornal, exerceu um papel de destaque na redemocratização do país. De
acordo com O Estado, o alvo, na verdade, era o então presidente da OAB, Eduardo
Seabra Fagundes. A identificação do sargento foi feita através do depoimento de
uma testemunha que conversou com Fagundes no dia do atentado, afirmou Denise
Assis, jornalista e pesquisadora da CEV-Rio. Segundo outros três testemunhos, a
ordem para o ataque à sede partiu do já falecido coronel Freddie Perdigão
Pereira, apontado pelo Ministério Público Federal como um dos arquitetos do
atentado no centro de convenções Riocentro e pela prisão de Rubens Paiva,
assassinado no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações
de Defesa Interna (DOI-Codi). O responsável por montar o explosivo foi o
sargento Guilherme Pereira do Rosário, morto após uma bomba explodir no
Riocentro, em 1981. Por meio da análise de dados e de depoimentos, a Comissão
concluiu que o grupo que atacou tanto o Riocentro quanto a sede da OAB foi o
mesmo. Wadih Damous, deputado federal e ex-presidente da CEV-Rio, precursor das
investigações, afirmou que “os mesmos elementos que estiveram no Riocentro
também estiveram aqui em 27 de agosto de 1980. Todo o perfil desses agentes
comprova que eram homens treinados para tortura e atentados à bomba”. Luiz
Felippe Monteiro, advogado e filho Lyda Monteiro da Silva, exigiu que “o
Ministério da Defesa apresente desculpas formais a ele e à família”, como
afirmou o periódico. Marcus Vinicius Coelho, presidente do Conselho Federal da
OAB, afirmou que entregaria a resolução da investigação a Rodrigo Janot,
procurador-geral da República, na semana seguinte. Segundo o jornal, os
integrantes da CEV-Rio acreditam na possibilidade de Mota ser processado pela
morte da secretária, visto que a Lei da Anistia (1979) compreende crimes
políticos cometidos até o ano de 1979. (O Estado de S. Paulo – Política –
12/09/15)
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