De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O
Estado de S. Paulo, a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo Vladmir Herzog
apresentou, no dia 10/12/13, um relatório declarando que a morte do
ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek, não foi acidental como
afirmou a versão oficial, mas se tratou de um assassinato. Kubitschek morreu no
dia 22/08/1976, durante o regime militar (1964-1985), num acidente de carro na
rodovia Presidente Dutra que liga a cidade de São Paulo à cidade do Rio de
Janeiro. O veículo em que estava o ex-presidente colidiu com um caminhão. De
acordo com a versão oficial, o acidente teria sido provocado pelo motorista de
um ônibus que teria batido em alta velocidade contra o carro no qual estava
Kubitschek. O relatório divulgado pela comissão apresenta 90 indícios,
testemunhos, provas e evidências de que o ex-presidente teria sido assassinado
por agentes do regime. Isso porque Kubitschek representava uma ameaça ao regime
militar, pois estaria sendo apoiado por políticos democratas estadunidenses.
Dentre os principais indícios apresentados pelo relatório, pode-se citar o
depoimento de Josias Nunes de Oliveira, motorista do ônibus que teria colidido
com o carro do ex-presidente. O motorista afirmou ter sofrido uma tentativa de
suborno para admitir a autoria do acidente, apesar de os passageiros declararem
não ter havido choque entre os dois veículos. Outro depoimento importante foi o
de Ademar Jahn, motorista de um caminhão que passava pelo local do acidente, e afirmou
ter visto o motorista do carro do ex-presidente, Geraldo Ribeiro, desacordado
momentos antes da colisão, confirmando a versão do perito criminal Antônio
Carlos de Minas, que participou da exumação do corpo de Ribeiro e viu um
orifício no crânio do motorista, cuja comissão acredita ter sido feito por um
projétil de arma de fogo de uso exclusivo militar. O relatório será enviado à
presidenta da República, Dilma Rousseff, ao presidente do Congresso Nacional,
Renan Calheiros, ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Joaquim Barbosa e à Comissão Nacional da Verdade (CNV). Segundo o Correio, a
divulgação do relatório criou uma “guerra de versões” sobre a morte de
Kubitschek, envolvendo o médico legista que realizou, em 1996, o exame da ossada
do motorista de Kubitschek, Mario Alberto Cardoso, e os outros peritos
envolvidos no caso que defendem a tese oficial de acidente. Segundo eles, as
marcas de frenagem na pista e a presença de tinta do ônibus no carro do
ex-presidente comprovam o acidente. A CNV se colocou em posição contrária.
Maria de Lourdes Ribeiro, filha do motorista, declarou que não permitirá a
exumação de seu pai, independentemente do pedido ter sido feito pela comissão à
Justiça de Minas Gerais, que permitiu a realização do processo mediante
autorização da família. O primeiro exame no corpo de Ribeiro foi realizado logo
após o acidente, em 1976, sendo refeito em 1996, quando se verificou a presença
de um objeto metálico em seu crânio, o qual seria, segundo versão oficial, um
prego do caixão. De acordo com a CNV o motorista do ônibus afirmou, durante
depoimento, que no dia seguinte dois homens lhe ofereceram uma mala de dinheiro
para assumir a responsabilidade pelo acidente; além disso, fotos mostraram a
existência de fraude na perícia do carro, pois os faróis do carro não
se encontravam quebrados no dia do acidente, mas no dia seguinte sim. Peritos
que defendem a tese do acidente afirmam que os faróis poderiam ter sido
quebrados durante o transporte do carro para a perícia e segundo eles,
testemunhas afirmaram terem visto o acidente entre o ônibus e o automóvel.
Segundo o Correio, o caso repercutiu no Congresso Nacional. O deputado Walter
Feldman apresentou um requerimento à Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional da Câmara dos Deputados em que convida o presidente da Comissão da
Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Gilberto Natalini, o
ex-secretário de Kubitschek, Serafim Jardim e o perito criminal Antonio Carlos
de Minas para uma audiência pública. De acordo com o Correio, o requerimento
seria votado no dia 18/12/13. Segundo Feldman, a decisão de levar o assunto ao
Congresso Nacional se deve ao fato desse ser um tema fundamental para a
História do país. (Correio Braziliense – 10/12/13; Correio Braziliense – 11/12/13;
Correio Braziliense – 12/12/13; Correio Braziliense – 13/12/13; Folha de S.
Paulo – Poder – 11/12/13; O Estado de S. Paulo – Política – 11/12/13; O Estado
de S. Paulo – Política – 12/12/13;)
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