De acordo com o jornal Correio Braziliense, documentos do
Serviço Nacional de Informações (SNI) produzidos no período do regime militar
(1964-1985) mostram que a Anistia Internacional solicitou a muitas instituições
brasileiras, como, por exemplo, à Universidade de Brasília (UnB), diversas
vezes, informações sobre estudantes que estariam desaparecidos, ou teriam sido
presos e torturados por agentes do regime. Segundo o jornal, na cidade de
Brasília, Distrito Federal, os movimentos de oposição ao regime eram mais
escassos do que aqueles presentes nas principais capitais estaduais do país,
como Rio de Janeiro e São Paulo. Isso porque, na época, Brasília era habitada
majoritariamente por militares e funcionários públicos, o que dificultava a
articulação dos grupos de resistência e facilitava a repressão. Mesmo assim, o Correio informou que a UnB irá reunir um
grupo de professores e historiadores para realizar a busca de documentos
“engavetados”, que possam apresentar dados sobre repressão sofrida pela
comunidade acadêmica durante o regime militar. Tal projeto, denominado de
Comissão da Verdade da UnB, terá duas abordagens: a primeira será de investigar
o desaparecimento de líderes estudantis durante o regime militar e também casos
de tortura contra servidores; e a segunda será a de resgatar a história da
instituição. De acordo com o professor Cristiano Paixão, alguns estudantes da
universidade “se tornaram símbolos de luta” e a história deixada por eles
poderá auxiliar os jovens de hoje a conhecerem a fundo o que ocorreu durante o
regime. Um dos focos da Comissão da UnB é esclarecer o que aconteceu com
Honestino Guimarães, “aluno do curso de geologia e um dos principais opositores
do regime”, declarado morto em 1994, mesmo sem a presença do corpo. Guimarães
foi visto, pela última vez, em outubro de 1973, após ser descoberto, no Rio de
Janeiro, pelo Centro de Informação da Marinha, e foi acusado de "promover
e orientar a ação subversiva na UnB e ser o responsável por todas as crises por
que tem passado a UnB". Nos próximos dias deverão ser definidos os membros
da comissão, sendo que o Diretório Central dos Estudantes será convidado a
participar. O Correio ainda publicou
uma retrospectiva dos fatos importantes que ocorreram na UnB, dentre eles, a
primeira invasão a universidade, em 9 de abril de 1964, nove dias após a instauração do regime militar. Em 4 de
março de 1968 ocorreu o episódio considerado mais violento, quando alunos
protestaram contra a morte do estudante Edson Luis de Lima Souto, assassinado
por policiais, sendo esse o estopim para o decreto da prisão de 60
universitários, dentre eles Honestino Guimarães. De acordo com o Correio, espera-se que as conclusões dos
trabalhos da comissão da Unb auxiliem a Comissão Nacional da Verdade. (Correio
Braziliense – 07/07/12; Correio Braziliense – Cidades – 10/07/12; Correio
Braziliense – 10/07/12)
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