Conforme coluna
opinativa publicada pelo periódico O Estado de S. Paulo, o embaixador Rubens
Barbosa afirmou que a defesa nacional e as relações exteriores foram relegadas
a um segundo plano nos últimos anos. Com a redução da participação dos
Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores no Orçamento Geral da União,
grandes problemas operacionais colocaram em questão a segurança nacional.
Segundo Barbosa, 1,3% do Orçamento Geral da União destina-se ao Ministério da
Defesa, o que fica aquém das necessidades das Forças Armadas. O
contingenciamento orçamentário de 2015 trará prejuízo para a manutenção das
estruturas físicas, aquisição de armamentos convencionais, e principalmente na
qualidade dos serviços prestados, uma vez que as atividades de formação,
treinamento e aperfeiçoamento de pessoal são altamente especializadas e
relevantes para a segurança do Brasil. No Exército, a escassez de recursos
afeta a modernização dos equipamentos e a execução de sete projetos, além de
vários projetos e programas setoriais em andamento. Como é o caso dos projetos
Guarani (blindados sobre rodas), Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
(Sisfron), Defesa Antiaérea, sistema de artilharia Astros 2020, Defesa
Cibernética e Recuperação da Capacidade Operacional da Força Terrestre (Recop).
Além disso, o prazo final da entregar de 50 aeronaves EC-725 (Caracal),
montadas pela empresa brasileira Helibrás para as três Forças foi estendido de
2017 para 2019. Em relação à Marinha, Barbosa declarou que a “esquadra está
próxima de um colapso inaceitável”. A fragata brasileira Constituição, que
lidera a força multinacional no litoral do Líbano (Unifil) quebrou no mês de
março na costa libanesa, sendo necessário deslocar um navio patrulha para
substituí-la. De acordo com o embaixador, isso traz o risco do Brasil perder a
liderança da missão, na qual participam 15 países. Ademais, Barbosa afirmou que
a Marinha deixou de fazer a manutenção em diversas embarcações, que em média
têm 30 anos de uso, deixando-a, na prática, reduzida a 10 navios, 1 submarino,
3 fragatas da classe Niterói, 2 fragatas tipo 22, 1 corveta e 3 navios
patrulha. Nesse contexto o programa Prosuper, de incorporação de 5 novas
fragatas e 5 navios patrulha, está paralisado. No que tange à Força Aérea
Brasileira (FAB), Barbosa declarou que a modernização das aeronaves de ataque
A1 (AMX) está praticamente parada, além do leasing de 8 a 12 caças suecos
Gripen C (versão anterior do Gripen NG) para garantir a defesa aérea do país
enquanto o modelo NG (vencedor do programa FX-2) não for entregue. Outra
questão levantada pelo embaixador foi o adiamento do projeto de aquisição de um
lote de jatos de treinamento para pilotos de combate pela FAB. A necessidade
desses jatos deve-se ao fato dos pilotos passarem, atualmente, da fase de
treinamento com os aviões turboélice Super Tucanos diretamente para o caça
supersônico F-5. Barbosa também apontou o atraso e a falta de repasses pelas
Forças Armadas às empresas que atendem a seus programas. Com isso, conclui o
embaixador, “a falta de recursos adequados está prejudicando programas de
significado estratégico e político”, como, por exemplo, é o caso de atividades
relacionadas ao Programa Espacial Brasileiro. (O Estado de S. Paulo – Espaço
Aberto – 14/04/15)
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