Em coluna opinativa para o jornal O Estado de
S. Paulo, Peter Hakim, presidente emérito do Diálogo Interamericano, a escolha
da empresa vencedora da licitação para a compra dos caças do projeto FX-2 é
complexa e revela muito sobre as atuais relações bilaterais entre o Brasil e os
Estado Unidos da América (EUA). Segundo Hakim, representantes do governo
brasileiro afirmaram que os critérios técnicos e financeiros foram decisivos na
escolha dos caças, mas especula-se que a deterioração das relações político-diplomáticas
entre os dois países teriam um grande peso na tomada de decisão. Os caças
Gripen NG da empresa sueca Saab têm custos de compra e operação inferiores ao
F-18 Super Hornet da empresa estadunidense Boeing e, além disso, o governo
sueco impôs menores restrições em comparação ao estadunidense em termos de
transferência de tecnologia. Segundo O Estado, a presidenta da República, Dilma
Rousseff, em encontro com representantes da empresa Saab na cidade de Davos, na
Suíça, procurou estabelecer os detalhes da compra dos caças. Inicialmente,
foram comprados 36 aviões avaliados em US$ 4,5 bilhões. A empresa sueca
pretende entregar as aeronaves ao Brasil a partir de 2018 e espera um acordo
rápido, em menos de doze meses. Segundo O Estado, uma possível solução para
preencher o gap entre a desativação dos Mirage 2000 - desativados no dia
31/12/13 - e a entrega dos primeiros caças Gripen, em 2018, seria o aluguel de
caças Gripen da série JAS-39 que estão em uso em países como África do Sul. De
acordo com o jornal, o governo sueco admitiu a negociação de até 12 aeronaves
desse modelo entre as mais novas da frota da Força Aérea Sueca. O treinamento
de transição dos pilotos brasileiros seria realizado na África do Sul, segundo
oficiais do setor operacional da FAB, pelo fato de o país oferecer condições
gerais semelhantes ao Brasil. De acordo com Oliveiros S. Ferreira, professor da
Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP), o tempo gasto para concluir a compra dos caças demonstra que as
questões de Defesa são postas em segundo plano pelo governo brasileiro.
Ferreira questionou o período de fragilidade do espaço aéreo e o tempo e
orçamento necessários de treinamento para que a FAB se adéque aos modelos
suecos. Segundo o professor, o processo de revenda dos aviões, possibilitado
devido à transferência de tecnologia, pode ser dificultado pelos
estadunidenses, que detém a propriedade de alguns componentes utilizados pelos
suecos. (O Estado de S. Paulo - Caderno 2 - 08/01/14; O Estado de S. Paulo -
Espaço Aberto - 10/01/14; O Estado de S. Paulo - Política - 12/01/14; O Estado
de S. Paulo - Espaço Aberto - 14/01/14; O Estado de S. Paulo - Economia -
24/01/14; O Estado de S. Paulo - Política - 25/01/14)
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