De
acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, auditorias secretas da Organização
das Nações Unidas (ONU) revelaram suspeitas de irregularidade na Missão das
Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), sob comando brasileiro.
As auditorias identificaram problemas de contratos superfaturados, pagamento de
serviços sem nota fiscal e licitações com suspeita de favorecimento. Após dois
anos do início da missão, um primeiro relatório interno da ONU apontou para as
primeiras irregularidades. Em uma carta enviada a Juan Gabriel Valdés,
representante especial do secretário-geral da ONU, em 2006, a Divisão de Auditoria
Interna revelou que dos US$ 8,4 milhões gastos em pagamentos pela missão a
fornecedores locais, US$ 3,8 milhões foram realizados sem contrato escrito.
Além da falta de contratos relativos aos pagamentos, as empresas fornecedoras
inflaram os recibos cobrando até 87% a mais que os preços estabelecidos pelo
governo. A auditoria revelou que a empresa Haytian aumentou seus preços no
mesmo período em que a missão iniciou as exigências por um plano de produção de
energia, levando a ONU a perder por volta de US$ 452 mil entre junho de 2004 e
janeiro de 2006. O relatório mostrou também que a Minustah pagou US$ 7 mil em
um serviço feito pelos próprios funcionários da ONU e US$ 56 mil em espaços nas
rádios e camisetas que não foram autorizadas pelo Departamento de Licitações.
No relatório da Divisão de Auditoria Interna da ONU, publicado em 11/01/07, foi
identificado ainda que o mecanismo para evitar fraude no combustível (comprado
para os mais de 2 mil carros, caminhões, tanques e aviões da ONU) não foi totalmente
implementado. A Divisão de Auditoria afirmou que, nessa compra, houve o
favorecimento de uma empresa, a Dinasa, que ficou com um contrato de US$ 8,7
milhões. Três empresas se apresentaram para licitação, a Total, Dinasa e
Skylink, sendo que o preço oferecido pela Total era o menor e, portanto, ela
deveria ter sido a ganhadora. Com isso, o relatório concluiu que houve acesso a
“informações internas” da ONU. O jornal ainda destacou que, no escritório de
Nova York, nos Estados Unidos da América, a ONU constatou novas suspeitas: os
pagamentos da Minustah aos vendedores de combustível não possuíam documentos
que os justificassem. Procurada pelo Estado, a ONU confirmou ter apurado o
caso, mas se recusou a fornecer mais informações. (O Estado de S. Paulo – Internacional
– 03/11/13)
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