Segundo os periódicos
Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, morreu no dia 27/04/15 aos 72 anos, a
ex-militante e membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Inês Eienne
Romeu. Os jornais afirmaram que Romeu foi a única sobrevivente da Casa da Morte
de Petrópolis, na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, e foi
essencial para o conhecimento de que o Exército manteve o local como centro
clandestino para matar e torturar militantes durante o regime militar
(1964-1985). No dia 05/05/71 Romeu foi presa na cidade de São Paulo pela equipe
do delegado Sérgio Paranhos Fleury, responsável na época por comandar o
Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e posteriormente, levada à
delegacia, onde foi torturada antes de ser transferida para Petrópolis. Em 1979, Romeu foi libertada em decorrência da Lei da Anistia (1979) e após uma semana
relatou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a existência do local, narrou as
torturas as quais foi submetida e apontou os codinomes utilizados pelos torturadores.
Romeu afirmou que foi vítima de espancamentos e choques elétricos, além de ter
sido estuprada duas vezes. Segundo a Folha, a militante tentou o suicídio
quatro vezes por se encontrar abalada em decorrência de sessões de tortura, mas
sobreviveu e foi libertada pela primeira vez ao prometer atuar como infiltrada
nos movimentos contrários ao regime e delatar colegas, mas permaneceu foragida
e foi novamente presa em 1979 por descumprir suas promessas. A Folha afirmou
que pouco antes do final do regime militar Romeu retornou à Petrópolis e
identificou o local e dois algozes, sendo que suas revelações foram importantes
para impulsionar outras descobertas. O Estado relatou que as informações mais
importantes acerca do local foram conhecidas graças ao depoimento de Romeu e
posteriormente, confirmadas por documentos produzidos pelo Estado durante o
período. Apesar das limitações físicas em relação à fala herdadas daquela
época, Romeu colaborou com a Comissão Nacional da Verdade (CNV) ao identificar
mais seis torturadores através de fotografias. Dentre os torturadores, cinco
ainda estão vivos e o único dos identificados já falecido é Freddie Perdigão
Pereira, apontado com um dos mais cruéis torturadores do regime. A Comissão
Estadual da Verdade do Rio de Janeiro pediu para que o Estado homenageasse
Romeu transformando a Casa da Morte em um espaço para memória e discussões
sobre direitos humanos. O presidente da comissão estadual, Wadih Damous,
apresentará à Câmara de Vereadores de Petrópolis um pedido para que a rua onde
se localizava a Casa da Morte, seja nomeada com o nome da ex-militante. A Folha
relatou que o ex-sargento Marival Chaves afirmou que deixar Romeu viva foi “uma
das maiores mancadas” do movimento de repressão e o coronel Paulo Malhães
reconheceu que a militante foi quem “derrubou a Casa de Petrópolis”. (Folha de
S. Paulo – Opinião – 28/04/15; Folha de S. Paulo – Poder – 28/04/15; O Estado
de S. Paulo – Política – 28/04/15)
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