Em entrevista ao
periódico Correio Braziliense, Antônio Jorge Ramalho, assessor especial do
Ministério da Defesa e professor na Universidade de Brasília (UnB), que
assumirá pelos próximos 2 anos o posto de secretário-geral da Escola
Sul-Americana de Defesa (Esude), órgão recém-criado pela União de Nações
Sul-Americanas (Unasul), falou sobre os objetivos e os desafios de sua nova
função. Segundo Ramalho, o objetivo da Esude é estruturar o trabalho de
instituições militares na região e difundir a concordância multilateral nas
questões estratégicas, estabelecendo “os interesses da América do Sul” através
do diálogo e da pacificidade característica da região. Apesar de afirmar que a
criação da Esude não se deu como uma forma de distanciar-se da Escola Militar
Americana, assuntos relacionados à segurança cibernética, como a questão da
espionagem realizada pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados
Unidos, estão entre as prioridades definidas pelos 12 países que fazem parte da
Unasul. Outros pontos que a Esude destacará são “questões de gênero no âmbito
militar, relações entre civis e militares, resposta a desastres naturais e
operações de paz”. Ramalho afirmou haver um mandato para o estabelecimento de
um projeto promovendo uma “cultura de defesa conjunta” com base na confiança,
na troca de experiências e no diálogo a respeito de possíveis desafios e
dificuldades, incentivando, assim, “o desenvolvimento de tecnologias e o
compartilhamento de estruturas produtivas” através de informações que
direcionem o processo de tomada de decisão conjunta. Ramalho afirmou também que
a finalidade da Esude é de “contribuir para que haja uma compreensão melhor de
como cada um dos 12 países enxerga o emprego das Forças Armadas no combate a
crimes transfronteiriços” e em assuntos relacionados à segurança nacional.
Quanto à participação brasileira, o futuro secretário-geral afirmou ser
“natural” a escolha de um brasileiro para desenvolver essa nova operação devido
ao fato de o país promover uma “convivência pacífica” e diplomática com os seus
vizinhos, o que facilitaria a construção de uma ideologia compartilhada.
(Correio Braziliense – Mundo – 11/05/15)
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