Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a investigação
sobre o incêndio que destruiu a base brasileira Comandante Ferraz na Antártida,
na madrugada do dia 25/02/12, levantou que durante o incêndio funcionários
militares e civis da Marinha e cientistas de universidades brasileiras
participavam de uma festa em homenagem à professora Therezinha Monteiro Absher,
da Universidade Federal do Paraná. De acordo com o inquérito policial militar
(IPM), aberto no dia do desastre, a festa foi mantida sob sigilo por parte da
Marinha e dos 31 cientistas que estavam na base, entretanto os responsáveis pela
investigação começaram a suspeitar que o alarme de incêndio tivesse sido
desligado por ordem do comando da base, pois não disparou quando o incêndio
começou. Isso ocorreu para que nada atrapalhasse a festa, uma vez que na pista
de dança havia um mecanismo que espalhava fumaça produzida por gelo seco e esta
poderia disparar os alarmes denunciando um falso incêndio, devido à alta
sensibilidade destes. Nos depoimentos, os cientistas não souberam afirmar se os
alarmes haviam sido desligados ou não, pois a decisão sobre isto seria de
atribuição militar. O inquérito foi concluído e encaminhado para a 11ª
Circunscrição Judiciária Militar, classificado como sigiloso conforme o artigo
16 do Código de Processo Penal Militar. Os cientistas alegam que a festa foi fundamental
para que não houvesse vitimas entre eles, pois caso contrário, estariam
recolhidos em seus alojamentos, que foram destruídos pelo incêndio. De acordo
com o que foi apurado pelo Estado, os
cientistas afirmaram que, extraoficialmente, foram informados que três
militares poderão ser indiciados pelo fato: o comandante da base, capitão de
fragata Fernando Tadeu Coimbra; o sargento Luciano Gomes Medeiros, ferido durante o incêndio, e responsável pelos
geradores; e o sargento João Cavaci, técnico em eletrônica da base. Ainda
segundo o jornal, os cientistas reclamam que não foram indenizados pelo governo
federal pelas perdas sofridas durante a tragédia, como havia sido prometido
pelo contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, que auxiliou os sobreviventes
logo após o fato, em nome do governo e também pelo ministro da Defesa, Celso
Amorim, em seus pronunciamentos. Entretanto, a Marinha afirmou as indenizações
são de responsabilidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, que
negou ser o responsável pelo caso. Em nota, o Ministério afirmou que
"representantes da comunidade científica reivindicaram a reposição de
equipamentos científicos perdidos no incêndio" e que "esta ação já
foi aprovada pela pasta e os recursos já estão em trâmite no Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para dispêndio final".
(O Estado de S. Paulo – Vida – 20/07/12)
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