Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado
de S. Paulo, o Exército auxiliou a Polícia Militar a evitar uma tentativa
de invasão ao Palácio do Planalto, no dia 22/08/12, por cerca de 7000
trabalhadores rurais que participavam de um protesto o qual, segundo a Folha, reivindicava “a reforma agrária
como política de desenvolvimento ‘justo, popular, solidário e sustentável’”.
(Folha de S. Paulo – Poder – 23/08/12; O Estado de S. Paulo – Nacional –
23/08/12)
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Militares terão reajuste salarial e servidores do HFA rejeitam proposta
De acordo com o periódico Correio Braziliense, a presidenta da República Dilma Rousseff
mostrou irritação diante das negociações entre os representantes das carreiras
de Estado (aqueles que têm salários acima de R$10 mil) e o Ministério do
Planejamento sobre a questão dos reajustes salariais. Segundo Rousseff, é
inconcebível que esses funcionários, chamados por ela de “sangues azuis”, e que
já teriam sido beneficiados por reajustes no governo do ex-presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, não aceitem a proposta de 15,8% divididos
em 3 anos. Assim que, no mês de agosto, o governo já cortou o ponto de mais de
11 mil servidores em greve. No que diz respeito aos militares, Rousseff afirmou
que uma parcela do Orçamento de 2013 já estaria reservada para o reajuste da
categoria. Segundo a presidenta, os rendimentos das Forças Armadas, quando
comparados aos da elite dos servidores do Executivo, está abaixo do razoável. A
questão, que deve ser resolvida até o dia 31/08/12, consiste em determinar
somente se esses ganhos incidirão sobre os salários ou sobre as gratificações
dos militares. Entretanto, os servidores do Hospital das Forças Armadas (HFA),
que estão em greve há 53 dias, rejeitaram a proposta do Executivo. De acordo
com o representante do HFA no Sindicato dos Servidores Públicos Federais
(Sindsep), Humberto Oliveira, sua reivindicação consiste em cerca de 30% de
reajuste. No dia 23/08/12, o periódico Correio
Braziliense afirmou que o governo brasileiro, em conjunto com o ministro da
Defesa, Celso Amorim, estaria trabalhando para o término do projeto que prevê o
aumento do salário dos militares a partir de 2013. O jornal noticiou que as
informações do projeto devem ser divulgadas no dia 31/08/12, data em que a
proposta do Orçamento do ano de 2013 possivelmente será encaminhada para o
Congresso. O Correio destacou que a
data foi escolhida visando evitar a manifestação de civis que estão em greve,
“pois o aumento dos militares deverá ser mais vantajoso que os 15,8% oferecidos
aos demais servidores”. Foi destacado que, no ano de 2011, os comandos das três
forças “fizeram um estudo descrevendo a situação remuneratória da caserna e a
distorção em relação a outras carreiras do Executivo”, além de informar que os
ministérios do Planejamento e da Defesa estariam negociando o aumento de
salários desde o início de 2012. O periódico evidenciou que a maior remuneração
bruta atual dos membros das forças é a do “tenente brigadeiro-do-ar Francisco
Joseli Parente Camelo, com R$ 26.132,55, pouco abaixo do teto do funcionalismo
público, de R$ 26.723,13”, e afirmou que a remuneração bruta de cada comandante
das três Forças é de R$ 11,4 mil, sendo composta, “além do soldo, por
adicionais como tempo de serviço, cursos, local de atuação e habilitações”.
Segundo o Correio, alguns servidores
da Aeronáutica entraram em greve até que as novas informações de aumento dos
salários sejam divulgadas. Alguns dados divulgados pelo jornal são de que o
“soldo de um recruta é de R$ 492, abaixo do salário mínimo de R$ 622 (...) Um
sargento recebe R$ 2,3 mil, um segundo tenente, R$ 4,6 mil e um capitão de
aeronáutica R$ 8,5 mil”. (Correio Braziliense – 22/08/12; Correio Braziliense –
23/08/12)
Artigo de opinião sobre o caso Herzog e a extensão da Lei da Anistia
Em artigo de opinião para o jornal Correio Braziliense, o jurista Josemar
Dantas realizou uma reflexão sobre a extensão da Lei da Anistia (1979) aos
“agentes repressores e a grupos insurrectos que torturaram ou executaram
prisioneiros”. Dantas destacou que a Lei protege os beligerantes, que tem seus
crimes qualificados apenas como crimes políticos, absolvendo-os, assim, de
responsabilidade penal. O jurista defendeu a investigação dos perpetradores de
tortura e citou o caso da Argentina como um bom exemplo na região sul-americana
de punição dos responsáveis por torturas e excessos. Lembrou, por outro lado, o
caso do jornalista Vladmir Herzog, dentre outros semelhantes, assassinado pelas
forças de repressão do regime militar brasileiro (1964-1985) em 1975, após
passar por sessões de tortura perpetrados por agentes do governo. Na ocasião,
os autores do crime tentaram fazer parecer à opinião pública que Herzog havia
se enforcado. Nesse sentido, Dantas questionou a decisão tomada pelo Brasil
frente à exigência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA), quando esta requereu abertura de
inquérito sobre a morte de Herzog. O governo brasileiro alegou não poder
reabrir as investigações, pois o caso estava encerrado pela Lei da Anistia, mas
o colunista afirmou que a decisão descumpriu o que fora determinado pela
Convenção Americana de Direitos Humanos, de 1969 (Pacto de San José), e pela
Convenção de Genebra sobre Tratamento de Prisioneiros de Guerra, de 1949. Ao
aceitar e referendar os tratados, o Brasil os teria internalizado, passando a
compreendê-los sob os mesmos efeitos da lei do país, da maneira que é
determinado pelo artigo 5º, parágrafo 3 da Constituição Federal. Dessa forma, o
jurista afirmou que a não reabertura das investigações representaria descumprimento
da Carta Magna. (Correio Braziliense – 20/08/12)
Jornal comenta ação Cívico-Social da Marinha
De acordo com o periódico O Estado de S.
Paulo, a embarcação Auxiliar Pará, pertencente à Marinha brasileira, apesar
de não ser um navio-hospitalar, conta com uma equipe de 80 marinheiros, oito
oficiais, médicos e dentistas, para que seja possível a realização periódica
das Ações Cívico-Sociais (Aciso), promovidas pela instituição. Em sua última
missão, em julho de 2012, esteve em 7 cidades da região Norte do país durante
14 dias e promoveu 933 atendimentos médicos e 366 odontológicos. Dentre essas
ações foi destacada a realização de mamografias em mulheres da região como forma
de identificar o câncer de mama. No período, 37 mulheres foram examinadas por
um único radiologista da Marinha, o que demonstra a carência regional. As ações
da Força foram as primeiras a aceitarem estudantes universitários voluntários
ligados ao projeto Rondon, que visa a integração social e possui um caráter
mais educativo do que assistencialista. (O Estado de S. Paulo – Vida – 19/08/12)
Operação Ágata 5 possui especialistas em combate às drogas
Conforme noticiado pelo jornal O Estado de S.
Paulo, pela primeira vez uma equipe de prevenção integrou a operação
militar Ágata 5, responsável pelo combate aos seguintes crimes nas fronteiras
brasileiras: contrabando, tráfico de drogas, e transporte de veículos roubados
ao exterior. Três especialistas em dependência química foram agregados a um
grupo, que, juntamente com militares, tem a intenção de “dificultar a formação
de mão de obra para o tráfico na região e alertar para o risco das drogas”. O
grupo promove palestras aos mais variados públicos, entre eles autoridades, profissionais
da saúde, crianças e adolescentes. A proposta seria atingir localidades
distantes. (O Estado de S. Paulo – Metrópole – 19/08/12)
O debate sobre o uso das Forças Armadas na segurança de grandes eventos
De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, o Ministério da Defesa publicou no Diário
Oficial da União uma portaria que regulamenta o emprego temporário das Forças
Armadas (FA) na segurança de grandes eventos, quais sejam: a Copa das
Confederações (2013), a Jornada Mundial da Juventude (2013), a Copa do Mundo
(2014), e as Olimpíadas (2016). O documento trata de questões como defesa
aeroespacial, defesa em áreas marítimas e portuárias, ataques cibernéticos,
terrorismo, e ataques por agentes biológicos e nucleares. Além disso, a
portaria autoriza o uso de aeroportos militares para embarque e desembarque de
passageiros e cargas civis. Atualmente, a segurança desses eventos é de
responsabilidade do Ministério da Justiça, ou seja, compete à Polícia Federal
(PF). Entretanto, a greve desses servidores, que se iniciou no dia 08/08/12,
trouxe à presidenta da República, Dilma Rousseff, o temor de que possa haver
novas paralisações semelhantes que afetem a organização dessas festividades.
Segundo a Folha e o Correio Braziliense, haveria um debate a
respeito da possibilidade de transferência do comando da segurança desses eventos
aos militares, que estariam menos propensos a greves. Apesar disso, a portaria
não menciona nada a respeito dessa possível substituição. Por outro lado, a
Federação Nacional dos Policiais Federais enviou, no início de agosto, ao
ministro da Justiça José Eduardo Cardozo um documento no qual critica o uso da
Defesa na segurança pública. O ministério da Defesa, por sua vez, afirmou que é
natural que a segurança fique sob responsabilidade do ministério da Justiça e
que caiba às FA questões diretamente ligadas à Defesa. Já, de acordo com o
jornal O Estado de S. Paulo, a
presidenta decidiu privilegiar o papel das FA, em detrimento da PF, na
segurança desses eventos, e a portaria recém-publicada seria o primeiro
movimento em direção a isso. Segundo o Estado,
Rousseff estaria convicta de que os policiais federais em greve agiram com o
intuito de atemorizar a sociedade e, por isso, teme que ocorram incidentes que
possam prejudicar a segurança desses grandes eventos, como o caso da tentativa
de protesto desses policiais durante a Conferência das Nações Unidas Sobre
Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20). Ainda de acordo com O Estado, a presidência pretenderia
ainda substituir o dirigente da Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos
(Sesge), atualmente na pessoa do delegado da PF, Vladinho Jacinto Caetano, por
um representante do Ministério da Defesa. Os secretários estaduais de
Segurança, por sua vez, prepararam um manifesto que condena a militarização da
segurança pública e que defende que a Sesge seja mantida sob o comando da
Polícia Federal e do Ministério da Justiça. O secretário de Segurança do estado
de Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacine, afirmou que o aparato da segurança
pública perderia uma oportunidade de melhorar se ocorresse a transferência de
comando da Sesge para a Defesa. Segundo dados da Sesge, as Forças Armadas, que
são treinadas para a guerra e, portanto, para a eliminação de inimigos, não
estão aptas a trabalhar com segurança pública. Esse seria o papel das polícias
militar, civil, federal e rodoviária. De acordo com um relatório produzido pela
PF após o evento Rio+20, as FA não estariam capacitadas para lidar com o
público, ao contrário da polícia, que é treinada para usar a força apenas em
última instância. O documento defende ainda que a “a imagem causada pela
presença de militares nas ruas não é compatível com o momento histórico
brasileiro. A solidez das instituições democráticas não se coaduna com a
presença de tropas nas ruas, o que mais lembraria países em conflito, que não é
o caso do Brasil”. (Correio Braziliense – 23/08/12; Folha de S. Paulo – Poder –
22/08/12; O Estado de S. Paulo – Nacional– 22/08/12)
Visita do papa ao Brasil poderá mobilizar até 20 mil homens das Forças Armadas
Segundo publicação do periódico O Estado de
S. Paulo, a vinda do Papa Bento XVI ao Brasil, que ocorrerá em julho de
2013, deverá mobilizar entre 12 mil e 20 mil homens somente das Forças Armadas.
Destes, participarão equipes do Esquadrão Antiterror da Brigada de Forças
Especiais do Exército, atiradores de precisão da Força Aérea e mergulhadores de
combate da Marinha, além das Polícias Civil, Federal e Militar. A operação
durará cinco dias e, durante o período de chegada e partida do Papa, o espaço
aéreo será fechado. Conforme O Estado, esta será o segundo
episódio de um “longo ciclo” de investimento em segurança, iniciado com o
evento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio+20), ocorrida em junho de 2012, e que também engloba a Copa das Confederações,
em 2013, a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016. No total, o
investimento estimado será de R$ 1,5 bilhão. (O Estado de S. Paulo – Vida –
19/08/12)
Empresa russa também concorrerá pela compra de caças para a FAB
Conforme noticiado pelo Correio Braziliense,
a empresa russa Sukhoi estaria preparando uma proposta de concorrência na
licitação para compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), o
chamado Projeto FX-3, já que a validade do Projeto FX-2 expira no final de 2012.
A fabricante deverá oferecer o modelo T-50 PAK-FA, que foi desenvolvido em
parceria com a Índia. As empresas da atual licitação são a norte-americana
Boeing, da sueca Saab e da francesa Dassault. (Correio Braziliense – 19/08/12)
Capes irá financiar projeto sobre blindagem balística
Conforme publicado pelo jornal Correio Braziliense, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) irá financiar um projeto
de nome “Desenvolvimento de materiais funcionais para blindagem balística”, que
visa promover avanços científicos sobre blindagem balística e agregar
conhecimento para a área bélica no Brasil. O projeto terá duração de quatro
anos e oferecerá quatro bolsas de mestrado, quatro de doutorado e quatro de
pós-doutorado para os pesquisadores, por meio de uma verba que totaliza R$ 600
mil. Além disso, algumas empresas do ramo já apoiam o projeto, que deverá
ajudar no incremento da defesa nacional e da segurança pública. São três as
universidades da região Sul envolvidas: a Universidade do Estado de Santa
Catarina (Unesc), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). De acordo com o periódico, o
país não possui, atualmente, pesquisas sobre blindagem balística, e depende,
assim, de tecnologia externa, no entanto, o aprimoramento da técnica de
blindagem é considerado um feito brasileiro. A pesquisa, além do benefício que
poderá trazer às Forças Armadas, poderá ainda possibilitar empregos, renda e
produtos voltados à população civil. (Correio Braziliense – 18/08/12)
Base Aérea de Brasília realiza mostra de produtos de defesa e segurança
Segundo o jornal Correio Braziliense, a Base Aérea de Brasília realizou, a partir do
dia 18/08/12, a primeira mostra de produtos de defesa e segurança fabricados no
Brasil e que fazem parte da Base Industrial de Defesa (BID), incluindo
aeronaves, radares, o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), viaturas militares
blindadas, embarcações pneumáticas, entre outros. Os produtos foram
apresentados pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e
Segurança (Simde) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex). No dia 19/08/12, o Correio evidenciou que muitas
empresas, por conta de uma redução tributária anunciada, estariam firmando parcerias
estrangeiras e regionais. O jornal ainda citou o ministro da Defesa, Celso
Amorim, ao ressaltar a importância de uma indústria forte de defesa no Brasil,
a fim de que o país tenha uma política consistente na área. (Correio
Braziliense – 18/08/12; Correio Braziliense - 19/08/12)
Morte de Anísio Teixeira é investigada pela Comissão de Memória e Verdade da Universidade de Brasília
De acordo com o periódico Correio Braziliense, a Comissão de Memória e Verdade da
Universidade de Brasília (UnB) investiga a morte de Anísio Teixeira, ex-reitor
da faculdade, morto em 1971, durante o regime militar (1964-1985). Segundo a
versão oficial, divulgada pelos militares na época, Teixeira morreu ao cair
acidentalmente no poço do elevador do prédio onde morava seu amigo Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, no Rio de Janeiro. Já na nova versão, apresentada
pelo professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e biógrafo de Teixeira,
João Augusto de Lima Rocha, à Comissão, o ex-reitor teria morrido a pancadas
após ter sido sequentrado e levado a uma base da Aeronáutica para sessões de
tortura. Lima Rocha baseou-se nos depoimentos do ex-governador da Bahia, Luís
Viana Filho, e do docente Afrânio Coutinho. Após o desaparecimento de Teixeira,
sua família teria acionado Viana Filho em busca de auxílio para encontrá-lo.
Agentes do Rio de Janeiro teriam informado o ex-governador de que Teixeira fora
detido na Aeronáutica. Por sua vez, Coutinho disse ter presenciado a necropsia
do corpo do ex-reitor, que apresentava quase todos os ossos quebrados, o que
seria um indicativo de tortura. Um dos integrantes da Comissão, o professor
José Otávio Nogueira Guimarães, do Departamento de História da UnB, afirmou que
“os depoimentos revelados até agora confirmam que a hipótese de ele [o
ex-reitor] ter sido morto pelos ditadores é plausível”. O Correio relembrou em uma cronologia que, nove dias após a
instauração do regime militar, em abril de 1964, tropas do Exército e da
Polícia Militar de Minas Gerais invadiram a UnB sob a alegação de investigar
denúncias de “subversão e indisciplina”. No episódio, 12 professores foram
presos para interrogatório. No mesmo mês, o regime extinguiu o mandato de
Teixeira, nomeando para o cargo de reitor o médico Zeferino Vaz, então diretor
da Faculdade de Medicina Ribeirão Preto. Para justificar a mudança na reitoria,
o governo militar se baseara em relatórios do Sistema Nacional de Informação,
que concluíam que “chegou-se a preparar, no próprio campus, a mobilização da
luta armada”. Sobre a versão oficial da morte de Teixeira, a 10ª delegacia do
Rio de Janeiro, responsável pela investigação do caso, chegou a registrar a
ocorrência como suspeita. Os policiais achavam improvável que o ex-reitor
tivesse caído no poço de um elevador, devido à posição em que o corpo foi
encontrado, o estado de decomposição do cadáver, o fato de o chão estar limpo e
de ninguém tê-lo visto entrar no prédio. Na época, o jornal Última Hora chegou a publicar que
“alguém matou e colocou ali o cadáver de Anísio Teixeira”. Sobre a Comissão de
Memória e Verdade da UnB, o Correio
relembrou a importância de suas reportagens para a criação da Comissão, que
teria como intenção contribuir com informações consistentes para levantar o que
ocorreu na UnB durante o regime e complementar o trabalho da Comissão da
Verdade Nacional. (Correio Braziliense – 18/08/12)
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Colégio Militar de Brasília está bem colocado no ranking nacional de escolas
De acordo com o periódico Correio Braziliense, dados do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb) mostram que o Colégio Militar de Brasília (CMB) é o melhor
colégio do Distrito Federal, além de estar na 21ª colocação “do ranking das
melhores instituições públicas do país, com nota de 6,7”. O jornal ainda
afirmou que, no ano passado, o CMB foi “o único colégio público localizado no
Distrito Federal listado entre os 500 melhores analisados pelo Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Básica (Saeb)”. Segundo o chefe da Divisão de Ensino e
subdiretor do CMB, coronel Samuel Horn Pureza, “os bons índices em avaliações
também são resultado do foco no ensino preparatório”. O Correio destacou que o CMB não compõe, oficialmente, a rede pública
de ensino do Distrito Federal e que é “administrado com recursos do Exército”.
(Correio Braziliense – Educação – 15/08/12)
Comissão da Verdade repudia protestos e críticas de militantes de direitos humanos
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, em audiência pública, após protestos
emocionados contra o recurso ao sigilo em trabalhos da Comissão da Verdade e
críticas à sua falta de capacidade legal para punição, os membros da Comissão
repudiaram, no dia 13/08/12, o que denominaram "tom acusatório" dos
militantes de direitos humanos. As críticas foram realizadas, por exemplo, pela
integrante do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, que criticou a lei que
instaurou a Comissão e a acusou de "manter a confidencialidade" de
agentes da tortura. Para o membro da Comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, é “cansativo”
ouvir que a Comissão da Verdade está envolvida em uma “teoria conspiratória”,
de produzir o esquecimento e acordar com o sigilo. De acordo com Pinheiro, a
Comissão tem amplos poderes e não sofre com nenhuma “imposição de sigilo",
como também não está submetida às limitações criadas pela Lei da Anistia ao
sistema jurisdicional do Brasil. Para o ministro do Superior Tribunal de
Justiça e integrante da Comissão, Gilson Dipp, as críticas são normais devido à
“carga emocional” que envolve os acontecimentos apurados pelo grupo. Dipp e o
advogado José Carlos Dias defendem a submissão de alguns procedimentos da
Comissão ao sigilo, visto que, para Dias, algumas atividades têm as
características de uma investigação policial, de forma que a publicidade
prejudicará a descoberta da verdade. (O
Estado de S. Paulo – Nacional – 14/08/12)
Ustra é oficialmente reconhecido como torturador e será convocado pela Comissão da Verdade para depor
De acordo com os periódicos Correio Brasiliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra foi reconhecido, pela 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, como “responsável por sessões de tortura” durante o regime militar (1964-1985). No julgamento do recurso à sentença que já havia reconhecido o coronel como torturador, o advogado de defesa de Ustra, Paulo Esteves, alegou que a explicação dos fatos e a definição de responsabilidades daquela época não é função da Justiça, mas da Comissão da Verdade. O Estado informou que essa é a primeira vez, desde a instauração da Comissão, que esta é invocada na defesa de um agente do Estado, suspeito de violação de direitos humanos. Segundo a defesa, após o fim do regime militar criaram-se três leis para assegurar a transição para a democracia: Lei da Anistia de 1979, que beneficiou tanto perseguidos políticos quanto agentes de Estado; a Lei 10.559 que determina reparações para os anistiados; e a Lei 12.528 que instaurou a Comissão Nacional da Verdade. O processo, que tramita desde 2005, foi uma ação civil declaratória em que a família Teles pede à Justiça o reconhecimento da participação de Ustra em torturas realizadas no Destacamento de Operações e Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo, que o coronel comandou de 1970 a 1974. A família não requisita qualquer reparação financeira. Em 2008, o juiz Gustavo Teodoro reconheceu a responsabilidade civil do militar. O advogado da família, Fábio Konder Comparato, recordou que, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos, durante o período em que Ustra comandou o DOI-Codi ocorreram 40 mortes e 502 presos políticos sofreram sessões de tortura, dentre eles, Maria Amélia e Edson Teles. Segundo Comparato, a Lei da Anistia suprime punições na área penal, mas não tem implicações na área cível, na qual Ustra foi julgado. A Folha destacou que, em frente ao prédio do Tribunal de Justiça de São Paulo, um grupo de ativistas “que defendem a punição aos torturadores que foram livrados de condenações criminais pela Lei da Anistia” organizou uma manifestação. O Estado evidenciou que “até hoje nenhuma decisão judicial sobre o envolvimento de agentes de Estado com a tortura havia sido referenda por um colegiado de segunda instância”. De acordo com O Estado, a Comissão Nacional da Verdade irá convocar Ustra para depor a respeito de sua atuação no DOI-Codi entre os anos de 1970 e 1974, marcados por forte repressão do regime. Caso o ex-coronel não compareça, poderá ser acionado pelo Ministério Público Federal pelo crime de desobediência. Entretanto, Ustra tem o direito de comparecer e não responder às perguntas que lhe forem feitas. A advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, uma das sete integrantes da Comissão, declarou ao Estado: "Queremos que o ex-comandante do DOI-Codi preste esclarecimentos sobre os fatos ali ocorridos. Se ele quiser comparecer espontaneamente, se tiver uma confissão a fazer, como aconteceu com militares em outros países da América Latina, nós acolheremos sua iniciativa." (Correio Braziliense – Política – 15/08/12; Folha de S. Paulo – Poder – 15/08/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 14/08/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 15/08/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 16/08/12)
Integrante da Comissão da Verdade afirma que torturas durante o regime militar foram “políticas de Estado”
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, no dia 13/08/12, durante audiência pública da
Comissão da Verdade na seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de
Janeiro, que reuniu parentes de presos políticos e mortos durante o regime
militar (1964-1985), o integrante da Comissão e ex-secretário nacional de
Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro,
“afirmou que as torturas ocorridas no país de 1964 a 1985 foram ‘políticas de
Estado’”. Segundo Pinheiro, tal política fez com que os jovens que lutaram na
Guerrilha do Araguaia (1972-1974) fossem assassinados, completando que as ‘casas
de tortura’ operavam por ordem dos ministérios militares. Para o ex-secretário
de Direitos Humanos, o papel da Comissão está em comprovar que as ações de
agentes contra militantes foram políticas de Estado. Ainda durante a audiência,
José Maria Gagliassi, que foi torturado, pediu que a Comissão identificasse os
responsáveis pelas ações de tortura. O ministro do Superior Tribunal de Justiça
e presidente da Comissão, Gilson Dipp, afirmou que a Comissão tem o compromisso
de que os documentos existentes sobre o período se tornem públicos, além de
declarar que, mesmo não sabendo o que irá acontecer ao final dos trabalhos do
órgão, “o Brasil não será como antes". (Folha
de S. Paulo – Poder – 14/08/12)
Comissão da Verdade solicita tombamento de prédios que funcionaram como centros de tortura durante o regime militar
Segundo o jornal Correio Braziliense, o coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, irá solicitar ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o tombamento dos prédios onde funcionaram o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) e a nomeada Casa da Morte, os quais foram utilizados, durante o regime militar (1964-1985), como locais de tortura de presos políticos. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, Wadih Damous, foi o autor da ideia de transformar os locais em memoriais. No dia 15/08/12, o periódico Folha de S. Paulo relatou que a integrante da Comissão da Verdade e advogada, Rosa Cardoso, afirmou que a Comissão está apurando informações sobre a existência de mais de uma “casa da morte” na cidade do Rio de Janeiro, já que, até a chegada das novas informações, suspeitava-se da existência de somente uma, localizada na região da zona sul do município. Outro membro da Comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, mencionou que “o Rio foi o Estado com maior número de ‘casas da morte’ no país”. (Correio Braziliense – Brasília-DF – 14/08/12; Folha de S. Paulo – Poder – 15/08/12)
General é transferido após confraternizar com grevistas da Polícia Militar
Conforme noticiou o periódico O Estado de S. Paulo, o general Marco
Edson Gonçalves Dias deixou o comando da 6ª Região Militar para assumir o cargo
de diretor de Civis, Inativos, Pensionistas e Assistência Social do Exército.
Dias foi exonerado após participar de confraternização com os grevistas da
Polícia Militar da Bahia, atitude que desagradou o governo federal e o
comandante do Exército, o general Enzo Peri, que após consulta a órgãos
superiores, decidiu pela exoneração. Dias, que na época do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva era responsável pela segurança do presidente, disse já
entender seu comando como “combalido” após ter declarado aos grevistas que “negociaria
com os amotinados” publicamente e garantir que “nada aconteceria”, mesmo após
alguns grevistas terem ordem de prisão decretada. O general Dias deve
permanecer no novo cargo por pouco mais de um ano, quando será transferido para
a reserva. (O Estado de S. Paulo – Brasil – 13/06/12)
TCU encontra irregularidade em obra executada pelo Exército
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu
uma auditoria no Eixo Norte da obra de transposição do Rio Francisco, a qual
constatou um superfaturamento estimado em mais de R$ 7 milhões no trecho, que
está sob a responsabilidade do 2º Batalhão de Engenharia do Exército. A
transposição do rio São Francisco, que visa irrigar o semiárido de vários
estados da região Nordeste do Brasil, é o projeto mais caro do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), instaurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e mantido pela presidenta Dilma Rousseff. De acordo com o Estado, a obra se tornou um “manancial
de irregularidades”, graças ao atraso de três anos nas obras e às suspeitas de
superfaturamento e desvio de recursos. Foram identificadas irregularidades na
desapropriação de imóveis, além do aumento significativo na previsão de custo
da obra, que foi de R$ 4,7 bilhões para R$ 8,2 bilhões. Entretanto, ainda
segundo o jornal, o que chama a atenção são as irregularidades encontradas nas
obras executadas pelo Exército, que está presente em 25 projetos do PAC, e é
conhecido por cumprir os prazos e economizar recursos, como no caso da obra do
Aeroporto de Guarulhos, no estado de São Paulo, em que houve a diminuição de
25% dos custos e a antecipação da entrega em 15 meses. (O Estado de S. Paulo –
Notas e Informações – 11/08/12)
Documentos sigilosos foram destruídos legalmente, afirma Exército
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, documentos sigilosos referentes à invasão do
Exército à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 1988 foram destruídos. A
invasão, que teve como intuito encerrar a greve iniciada dois dias antes,
resultou no ferimento de dezenas de trabalhadores e na morte de três
metalúrgicos. De acordo com a Folha,
a documentação, que segundo o Comando do Exército brasileiro foi destruída,
seria crucial para determinar se o então presidente da República José Sarney
concordou pessoalmente com a invasão. De acordo com o Exército, a eliminação
desses documentos era legal na época, tendo em vista a legislação do regime
militar (1964-1985) que ainda estava vigente. A destruição de documentos também
afetou arquivos referentes à Guerrilha do Araguaia (1972-1974) e à destruição à
bomba de um monumento construído em memória dos mortos naquela greve. (Folha de
S. Paulo – Poder – 11/08/12)
Operação Ágata apreende explosivos e armamentos
Segundo o jornal Correio Braziliense, os agentes da Operação Ágata, composta por
homens das Forças Armadas e de outros órgãos federais que visam o combate de
delitos transfronteiriços na região Amazônica, encontraram 12 toneladas de
explosivos sendo transportadas por um caminhão no sul do estado de Mato Grosso.
Além disso, foram recuperados nove mil metros de mecha, 315 espoletas e outros
tipos de armas. (Correio Braziliense – 11/08/12)
Concurso para médico da Marinha adota nova legislação
Segundo o periódico Correio Braziliense, a Marinha abriu concurso público para 54 vagas
em 32 especialidades médicas, o qual estará adequado às novas regras
estabelecidas pelas Leis nº 12.704 e 12.705 sancionadas pela presidenta Dilma
Rousseff no dia 09/08/12. De acordo com a nova legislação, foram estabelecidos
critérios de alturas mínima e máxima para homens e mulheres que desejam
ingressar no Exército e na Marinha, assim como critérios para o uso de
tatuagens. A restrição a candidatos casados ou em união estável, como ocorria
anteriormente, foi anulada, pois segundo a nova lei "o estado civil não pode ser fator que, por si só, seja suficiente
para a exclusão de candidato de concurso público". (Correio Braziliense – Economia – 11/08/12)
Militares acusados de agressão serão julgados
De acordo com o jornal Correio Braziliense, o caso de agressão sofrido por um recruta da
Aeronáutica no dia 20/07/12 será julgado pela Justiça Militar. Os agressores
acusados de terem espancado o rapaz dentro do alojamento no Hospital da Força
Aérea Brasileira na cidade de Belém, no estado Pará, já foram identificados. Se
condenados, eles poderão ser expulsos da corporação e indiciados por
maus-tratos. Segundo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Marcelo Freitas, a ação deve ser considerada um
crime de tortura. (Correio Braziliense – Brasil – 11/08/12)
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Frota presidencial do acordo Brasil-França estará completa em 2013
Segundo publicação do
jornal Folha de S. Paulo,
a modernização da frota de aeronaves à disposição do Itamaraty será completada
no ano de 2013, para quando está programada a chegada do segundo helicóptero do
tipo VH-36 Caracal, do Grupo de Transporte Especial (GTE) da Força Aérea
Brasileira; o primeiro foi entregue no mês de julho de 2012. Os helicópteros
são parte do acordo militar de R$ 5,2 bilhões, assinado entre Brasil e França
no ano de 2009, que prevê a entrega de 50 aparelhos até o ano de 2017.
Eles irão compor a frota das três Forças Armadas e também do Gabinete
Presidencial. Conforme o periódico, o valor não corresponde a um valor
unitário, uma vez que embute logística e transferência tecnológica para a
produção nacional, liderada pela empresa de helicópteros Helibrás. Ademais, o
governo discute a possibilidade de adquirir um novo avião de longo alcance, que
substituirá o modelo Airbus-319, conhecido como "Aerolula", em
homenagem ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, apesar
de ser moderno, não pode voar à Europa sem fazer escalas. (Folha de S. Paulo -
Poder - 26/07/12)
Livro sobre arte brasileira durante o regime militar
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a historiadora
brasileira radicada em Nova York Claudia Calirman lançou, nos Estados Unidos, o
livro Brazilian Art Under Dictatorship, que trata sobre a arte brasileira
produzida durante o regime militar (1964-1985) e que tem como ponto de inflexão
a instituição do Ato Institucional número cinco (AI-5), em 1968, momento de
“recrudescimento da repressão”. Nesse momento, a obra de Artur Barrio, Antonio
Manuel e Cildo Meireles foi considerada pela autora como uma resposta à censura
e ao medo originados pelo regime. Justificando a escolha dos artistas, Calirman
afirmou que seu foco esteve sobre os que permaneceram no Brasil durante a
época. (Folha de S. Paulo – Ilustrada – 24/07/12)
O Brasil como exportador de armamentos e as controvérsias sobre o tema
De acordo
com o jornal Folha de S. Paulo,
através de documentos do Ministério da Defesa, obtidos pelo periódico graças a
Lei de Acesso à Informação, foram revelados trâmites comerciais do país sobre a
exportação de armamentos. Os papéis registram 204 operações de
exportação de armas e munição, que totalizam US$ 315 milhões, entre
janeiro/2001 e maio/2002. Revelou-se, por
exemplo, que o Brasil exportou ao Zimbábue, em agosto de 2001, durante o governo do ditador Robert
Mugabe (no poder desde 1980 e acusado de participar de conflito no Congo), US$
5,8 milhões em bombas de fragmentação e incendiárias, sendo 340 bombas
completas, e outros componentes para a montagem de mais 426 bombas de
fragmentação e 605 incendiárias. As bombas de fragmentação, também conhecidas
como bombas de dispersão, são condenadas por diversas Organizações
Não-Governamentais (ONGs), pois, ao serem detonadas, espalham de 14 mil a 120
mil esferas de aço capazes de atingir civis e combatentes sem distinção. O general de brigada
e diretor de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, Aderico Mattioli,
defendeu que o material exportado, apesar de indicar munição pesada, era antigo
e poderia estar destinado ao treinamento de militares. Por outro lado, o Brasil
já figurava, antes dos novos dados, como um dos alvos das ONGs que monitoram o
comércio de armas; em 2001, o Instituto Internacional de Estocolmo para
Pesquisa sobre a Paz (Sipri) indicou a venda total de US$ 287,4 milhões naquele
ano, projetando o país para a décima posição no ranking liderado pelos EUA, que
venderam US$ 6 bilhões. O assunto foi pauta de reunião especial das Nações
Unidas durante a semana do dia 20/07/2012 que pretendia discutir novo Tratado
de Comércio de Armas. De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, o Brasil buscou limitar o rigor do Tratado em
negociação na Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com o jornal, o
projeto poderia impactar os interesses do país, já que este possui empresas no
setor que estão em processo de internacionalização, além de diversas que já
praticam esta atividade. A Folha afirmou
que as empresas não desejam revelar suas negociações nem seus clientes, pois
podem enfrentar possíveis críticas “caso suas armas sejam utilizadas para
desestabilizar uma região, violar direitos humanos, fomentar o crime transnacional
e o terrorismo ou atrapalhar o combate à pobreza”. Foi destacado que uma série
de países tem o mesmo intuito do Brasil, o que contribui para que os princípios
que o país compartilha sejam aplicados. O periódico ainda destacou que há o
fomento, até mesmo na redução de impostos, para que indústrias brasileiras
dessa área se desenvolvam, devido às divisas e aos empregos em áreas
tecnológicas que geram. Foi mencionado que indústrias de outros países, ao
sofrerem rigorosos controles para sua exportação, “buscam meios de moldar o
novo ambiente regulatório em benefício próprio”. Estas empresas argumentam que
um rigoroso tratado seria benéfico para os lucros, juntamente com a criação de
um controle de qualidade e padronização que contribuiria para a ampliação de
mercados. Além destes objetivos, o controle das vendas também seria uma
realidade, de forma que a “reputação” das empresas e acionistas fosse
preservada. Por fim, argumentou-se que, se a indústria nacional continuar a
contribuir contra a transparência, “todos perdem”, até mesmo o cidadão
brasileiro que acaba por custear um negócio que não referendou. Em coluna do
mesmo periódico, foram lançados dois argumentos em tentativa de mudar
a opinião do governo brasileiro sobre a transparência no comércio internacional
de armas, já que o país se mostrou contrário à proposta, mesmo frente à
Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro deles, que, segundo a Folha, já está em prática na indústria
bélica, apontou a necessidade de indicar a origem dos armamentos, obrigando que
cada arma e projétil carregue uma "inscrição indelével", marcada a
laser, indicando sua procedência. Com essa medida, seria possível identificar
as violações de normas internacionais e de direitos humanos e atribuir parte
dos danos ao país fornecedor de armas. O segundo argumento indicou que a
necessidade do sigilo sobre a exportação de armas existe porque os compradores
o necessitam, a fim de não tornar públicos o tipo e quantidade dos armamentos
que adquirem. Neste sentido, a Folha defendeu
que "a conveniência militar alheia não é problema a ser
resolvido pelo Brasil. Ainda mais se o pretendente a comprador é uma ameaça a
relações normais com seus vizinhos ou à liberdade e aos direitos humanos em seu
país". Por fim, o periódico indicou uma possível transgressão de
regras internacionais pelo Brasil, que exportaria bombas condenadas e
armamentos para o Oriente Médio, ditaduras africanas e outras operações, apesar
de se mostrar "condoido" com tais genocídios. (Folha de S. Paulo - Mundo - 22/07/12; Folha de S. Paulo –
Mundo – 25/07/12; Folha de S. Paulo – Poder –
24/07/12; Folha
de S. Paulo - Poder - 26/07/12; Folha
de S. Paulo - Opinião - 25/07/12)
Acesso aos documentos sigilosos do regime militar III: Fotografias revelam efeitos da tortura
De
acordo com a Folha de S. Paulo, uma foto
inédita de 1970, da ex-militante de esquerda Vera Sílvia Magalhães, revelou os
efeitos da tortura a que foi submetida em um prédio do Exército, no Rio de
Janeiro. A foto está sob a guarda do Arquivo Nacional, em Brasília, e retrata
Vera sem conseguir ficar em pé, amparada pelo também prisioneiro, Cid Benjamin.
Ambos ex-militantes do grupo comunista clandestino, Movimento Revolucionário 8
de Outubro (MR-8), fizeram parte do sequestro do embaixador norte-americano,
Charles Burke Elbrick, em 1969. Em outra imagem, Magalhães foi fotografada em
uma cadeira diferente das dos demais presos. As fotografias foram tiradas pouco
tempo antes de o grupo ter sido trocado pelo embaixador alemão Ehrenfried Von
Holleben, também sequestrado. Do Rio de Janeiro o grupo seguiu para a Argélia,
sendo que parte regressou clandestinamente ao Brasil e alguns foram mortos pelo
regime militar (1964-1985). Em depoimento à Câmara dos Deputados, em 2003,
Magalhães confirmou que as torturas a impediram de ficar em pé, relatando
também que fora a única a sofrer tal ação na sexta-feira Santa, na Polícia do
Exército, onde militares declararam que a torturariam como homem, “como Jesus
Cristo”, classificando o que sofreu como ação "inteiramente
desmesurada". (Folha de S. Paulo – Poder – 24/07/12)
Acesso aos documentos sigilosos do regime militar II: Militares relacionaram sequestro de embaixador alemão à performance da Seleção Brasileira na Copa de 1970
Segundo o Correio Braziliense, documentos do Ministério
da Aeronáutica, de 1970, revelaram que informes militares relacionaram o
sequestro do embaixador alemão, Ehrenfried von Holleben, à performace da
Seleção Brasileira de futebol na Copa do Mundo, comandada por Mário Jorge Lobo
Zagallo. Nos relatórios, os militares afirmavam que Zagallo e seu time estavam
“alarmados” e que o sequestro, realizado no Rio de Janeiro, poderia influenciar
o psicológico dos jogadores que se encontravam na cidade de Guadalajara, no
México. Como forma de libertar o embaixador, os militantes da Vanguarda Popular
Revolucionária e da Frente de Libertação Nacional exigiam a libertação de 40
presos políticos. Para homenagear os campeões da Copa, o então prefeito de São
Paulo, Paulo Maluf, presenteara os jogadores brasileiros e a comissão técnica
com 25 fuscas. A doação realizada por Maluf rendera-lhe processo judicial, por
lesão aos cofres públicos, ação que foi registrada nos informes dos militares e
que atualmente faz parte do acervo do Arquivo Nacional. (Correio Braziliense - Política - 24/07/12)
Acesso aos documentos sigilosos do regime militar I: Militares monitoraram Pelé entre os anos 1972 e 1985
De acordo com o jornal Correio Braziliense, documentos do
Ministério da Aeronáutica e do Serviço Nacional de Informações (SNI), que se
tornaram públicos com a Lei de Acesso à Informação, revelaram que os militares
monitoraram o jogador de futebol Pelé entre os anos de 1972 e 1985. Documentos
do acervo do Arquivo Nacional registraram relatórios da Inteligência em
negócios imobiliários, na transação para alterar a classificação etária de um
filme e na suposta militância de um dos funcionários de Pelé. Após o jogador
“consagrar-se com o tricampeonato mundial”, os militares teriam ficado
temerosos com uma suposta aproximação do jogador com o Partido Democrático
Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola, chegando à conclusão, no início de 1980,
de que o atleta estaria se utilizando do prestígio do futebol na vida pública.
Informes ainda relatam que Pelé teria sido recrutado para ser candidato a
vice-governador nas eleições de 1986, pelo PDT. Documentos de 1974 apontaram
ainda que os militares destinaram dois relatórios para avaliar a Campanha da
Fraternidade daquele ano, sob o tema “Onde está o teu irmão?”, visto a suposta
existência de uma mensagem subliminar que denunciava o desaparecimento de
militares da oposição. Nos documentos do regime militar (1964-1985), o
funcionário de Pelé, Francisco Fornos, foi investigado por supostamente ter se
utilizado do tema da Campanha da Fraternidade para protestar em panfletos. Pelé
também foi foco dos militares ao pleitear a alteração da restrição de idade do
filme “Os Trombadinhas”. Os responsáveis pela Divisão de Censura de Diversões
Públicas (DCDP), órgão ligado à Polícia Federal, compreenderam a ação de Pelé
como um ato de desobediência e, como “lição”, o filme foi retido por oito
meses. A proximidade de Pelé com o presidente do Santos Futebol Clube, em 1972,
Vasco José Faé, também foi averiguada: “Os militares relataram que Faé se
tornou sócio majoritário de uma rádio que abrigava ‘esquerdistas’ investigados
pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops)”. (Correio Braziliense – Política - 24/07/12)
A Comissão da Verdade e os trabalhos de investigação sobre o regime militar III: Reabertura do processo de Ruy Carlos Berbert
Conforme noticiado pelo periódico O Estado de S. Paulo, na reabertura do
caso do ex-guerrilheiro Ruy Carlos Berbert, foram encontrados documentos que
tratam de ordem para escavação do local onde supostamente estaria o corpo do
guerrilheiro. A ordem teria sido emitida em 1992, pela juíza Sarita Von Roeder;
este documento está arquivado na cidade de Natividade, atualmente no estado do
Tocantins, onde Berbert estaria enterrado. As buscas foram realizadas e a
ossada não foi localizada até o momento, embora nos documentos encontrados
conste “o local exato” onde o guerrilheiro teria sido enterrado; moradores da
região afirmam que a localização apontada está errada. Segundo o perito
responsável pela coordenação técnica da operação, Badan Palhares, apesar de terem
ocorrido 12 escavações pelo cemitério de Natividade, a operação foi frustrada
pelo desencontro de informações e falta de recursos para realizá-la. A Comissão
da Verdade reabriu o processo em maio de 2012 e poderá recomendar novas buscas.
(O Estado de S. Paulo – Nacional – 23/07/12)
A Comissão da Verdade e os trabalhos de investigação sobre o regime militar II: Ministério Público Federal adverte sobre a ineficiência na localização de desaparecidos políticos
Conforme noticiado
pelo jornal O Estado de S. Paulo, o
Ministério Público Federal (MPF) acusou, junto à Comissão da Verdade, a
Comissão de Mortos e Desaparecidos e a Secretaria de Direitos Humanos por
omissão e improbidade administrativa na busca dos corpos dos desparecidos
políticos. Em documento intitulado “Relatório para Fins de Prosseguimento nos
Trabalhos de Busca e Identificação de Mortos e Desaparecidos Políticos no
município de São Paulo”, há citação à demasiada “ineficiência no cumprimento de
suas funções”. Inicialmente, o MPF havia creditado à falta de recursos técnicos
e humanos as dificuldades para realizar as funções; a falta de resultados
apresentados tem preocupado os órgãos responsáveis, segundo o jornal. A
Comissão da Verdade, através de seu coordenador, Gilson Dipp, encaminhou ao
Ministério da Justiça ofício pedindo esclarecimentos quanto às acusações feitas
pelo MPF sobre a atuação da Comissão de Mortos e Desaparecidos com relação ao
andamento e o progresso de seus trabalhos. O relatório cita que a Secretaria e
a Comissão não realizaram suas “obrigações legais de ofício” e cobra ação
imediata de ambos. Os procuradores apontaram, no relatório, casos, como as
ossadas encontradas no cemitério do Araçá, na cidade de São Paulo, à disposição
desde 2001, que ainda não foram analisadas pelas equipes responsáveis pelo
trabalho de identificação. Corpos de militantes dos quais se tem indicações,
como o de Hiroaki Torigoe, também não
entraram nas pautas da Comissão de Mortos e Desaparecidos e há ainda os que
aguardam finalização de exames para devida identificação, como os de Luiz
Hirata e Aylton Mortati. No caso da ossada de Francisco Manoel Chaves, a mesma
se encontra desde 2010 no Instituto Médico Legal de Brasília aguardando
análise. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozzo, também foi cobrado sobre
a atuação do Núcleo de Pesquisa em Identificação Humana para Mortos e
Desaparecidos Políticos da Polícia Federal, que vem trabalhando junto à
Comissão de Mortos e Desaparecidos desde 2010. A Secretaria Especial de Direitos
Humanos afirmou não ter recebido o relatório do MPF e que a busca pelos
desaparecidos políticos constitui sua maior prioridade, contando realizá-la com
apoio do Ministério Público e da Comissão da Verdade. (O Estado de S. Paulo –
Nacional – 23/07/12)
A Comissão da Verdade e os trabalhos de investigação sobre o regime militar I: Comissão requisita nomes dos responsáveis pela destruição de documentos
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a Comissão da Verdade requisitou ao Ministério
da Defesa uma lista com os nomes dos responsáveis pela destruição dos
documentos sigilosos que tratavam das violações de direitos humanos ocorridas
durante o regime militar (1964-1985). O coordenador da Comissão da Verdade,
Gilson Dipp, afirmou: "do Ministério da Defesa queremos
saber se há documentos, se não há, se havia, quem destruiu, quem determinou a
destruição". De acordo com José Carlos Dias, também membro da Comissão, a
falta de acesso aos arquivos militares tem sido o principal obstáculo para o
trabalho do colegiado. Em resposta, o Ministério da Defesa afirmou que o
ministro Celso Amorim determinou que houvesse total colaboração com a Comissão
e que aguarda respostas por parte dos comandos militares a respeito dos
questionamentos realizados. Ainda de acordo com Dipp, a Comissão pretende
cobrar do governo brasileiro o cumprimento dos tratados internacionais em
direitos humanos dos quais é signatário. (Folha de S. Paulo – Poder – 27/07/12)
Brasil auxiliará na recomposição das Forças Armadas do Haiti
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em um encontro realizado no dia 26/07/12, os
ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e do Haiti, Jean Rodolphe Joazile,
acertaram que o Brasil irá auxiliar o Haiti a recompor suas Forças Armadas,
banidas desde 1995. O governo brasileiro enviará ao Haiti uma missão de
militares para realizar um diagnóstico da situação atual. A recomposição das
Forças Armadas haitianas é uma das principais propostas do presidente Michel
Martelly, eleito em 2011. (O Estado de S. Paulo – Internacional – 27/07/12)
Governo do Ceará indenizará 18 famílias de ex-guerrilheiros
De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, o governo do Ceará
irá indenizar, em agosto de 2012, 18 famílias de ex-guerrilheiros. Os
pagamentos são “referentes a processos de anistiados políticos deferidos entre
2008 e 2009”. A Comissão Especial da Anistia julgou 228 processos e avaliou os
pedidos indenizatórios de indivíduos detidos entre 02/09/1961 e 15/08/1979 que
estavam sob responsabilidade de órgãos oficiais do estado, acusado de
participar de atividades políticas, tendo provocado danos físicos e
psicológicos. O jornal afirmou que já foram pagos R$ 5,5 milhões em
indenizações. (O Estado de S. Paulo – 25/07/12)
Ministro cede documentos que detalham estratégia de defesa
De acordo com o periódico Correio Braziliense, o Ministro da
Defesa, Celso Amorim, disponibilizou na internet, no dia 24/07/12, os conteúdos
da revisão da Estratégia Nacional de Defesa (END), o Livro Branco e a
reformulação da Política Nacional de Defesa. No dia 17/07/12, Amorim entregou
estes documentos para o presidente do Senado, José Sarney, e, em etapa próxima,
os mesmos serão enviados ao Congresso Nacional para avaliação. Segundo o Correio, o novo conteúdo da END
considera estratégicos os setores espacial, cibernético e nuclear, além de
detalhar sobre “o funcionamento do Estado-Maior Conjunto, que, subordinado ao Ministério
da Defesa, coordena as Forças Armadas”. (Correio Braziliense – 25/07/12)
Escombros da Estação Comandante Ferraz podem causar contaminação na Antártida
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a demora na retirada dos escombros da Estação
Comandante Ferraz, incendiada no início de 2012, na Antártida, aumentou o risco
de vazamento de materiais tóxicos no solo. O incêndio, que aconteceu no dia
25/02/12, retratado no Informe Brasil No. 04/2012, deixou dois militares mortos
e destruiu completamente a estação brasileira no continente. Segundo O Estado, houve, na ocasião, dois tipos
de contaminação: a atmosférica, causada pela nuvem tóxica, e a do solo,
ocasionada pelos destroços. Uma vez que o Brasil não pôde terminar de retirar
os escombros antes do início do inverno, por volta do mês de abril, parte deles
ainda permanece no local e está encoberta pela neve; no verão, com o degelo,
pode haver vazamento de materiais altamente tóxicos. A Marinha informou, em
nota, que isolou os escombros para evitar o contato com a neve e que prevê a
retomada dos trabalhos de limpeza do local para novembro de 2012, ou seja, no
início do verão no continente antártico. De acordo com o jornal, na noite do
incidente acontecia uma festa na estação, chamada Baile da Terceira Idade, e o
alarme de incêndio teria sido desligado para evitar que o mecanismo fosse
acionado pelo gelo seco usado na pista de dança. O ministro da Defesa, Celso
Amorim, evitou comentar o assunto, afirmando apenas que há investigação em
curso e que não seria possível tirar conclusões precipitadas sobre as causas do
incêndio. Sua assessoria, entretanto, destacou que Amorim estava ciente da
realização desse baile e que apenas não sabia que o alarme de incêndio fora
desligado. Ainda, segundo O Estado,
os cientistas que perderam documentos pessoais e materiais de trabalho no
incêndio assinaram um manifesto no qual afirmaram não ter recebido assistência
do governo, que não emitiu sequer declarações atestando a perda de documentos
de identificação e passaportes, nem as indenizações pelas perdas pessoais e
profissionais que teriam sido prometidas oficialmente na época do ocorrido.
Sobre as indenizações, a assessoria de Amorim destacou que o ministro nunca
teria afirmado que haveria tal restituição e que foi feito um estudo para
indenizar somente as famílias das duas vítimas fatais. (O Estado de S. Paulo –
Vida – 21/07/12)
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Coluna opinativa critica ensinamento de táticas criminosas em treinamento do Exército
Em coluna opinativa no periódico Folha de S. Paulo, Janio de Freitas, com base em informações publicadas pelo jornal O Globo, na coluna "Panorama Político", de Ilimar Franco, a respeito do testemunho de treinamentos do 1º. Batalhão de Polícia do Exército nas ruas do Rio de Janeiro, afirmou que o ministro da Defesa, Celso Amorim, deve à população brasileira “a informação de que o seu Exército não é, ou não continuará a ser, também escola de crimes”. Segundo Freitas, os instrutores são criminosos, pois fazem a “indução de crime de morte”, com crueldade, contrariamente ao direito brasileiro. Tais práticas já foram motivo para incluir o Brasil nos acusados de crime contra a humanidade tanto na Corte Internacional da Organização dos Estados Americanos quanto nas Nações Unidas. Freitas relacionou as atuais instruções dadas aos soldados com o ocorrido na “câmara de tortura e morte” denominada Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na época do regime militar (1964-1985). O jornalista observou que o futuro imaginado por setores do Exército não está relacionado ao futuro democrático estabelecido por instituições superiores, a Constituição Federal e o desejo nacional. (Folha de S. Paulo – Poder – 17/07/12)
Inquérito Policial Militar que apurou o incêndio na base Comandante Ferraz foi concluído
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a investigação
sobre o incêndio que destruiu a base brasileira Comandante Ferraz na Antártida,
na madrugada do dia 25/02/12, levantou que durante o incêndio funcionários
militares e civis da Marinha e cientistas de universidades brasileiras
participavam de uma festa em homenagem à professora Therezinha Monteiro Absher,
da Universidade Federal do Paraná. De acordo com o inquérito policial militar
(IPM), aberto no dia do desastre, a festa foi mantida sob sigilo por parte da
Marinha e dos 31 cientistas que estavam na base, entretanto os responsáveis pela
investigação começaram a suspeitar que o alarme de incêndio tivesse sido
desligado por ordem do comando da base, pois não disparou quando o incêndio
começou. Isso ocorreu para que nada atrapalhasse a festa, uma vez que na pista
de dança havia um mecanismo que espalhava fumaça produzida por gelo seco e esta
poderia disparar os alarmes denunciando um falso incêndio, devido à alta
sensibilidade destes. Nos depoimentos, os cientistas não souberam afirmar se os
alarmes haviam sido desligados ou não, pois a decisão sobre isto seria de
atribuição militar. O inquérito foi concluído e encaminhado para a 11ª
Circunscrição Judiciária Militar, classificado como sigiloso conforme o artigo
16 do Código de Processo Penal Militar. Os cientistas alegam que a festa foi fundamental
para que não houvesse vitimas entre eles, pois caso contrário, estariam
recolhidos em seus alojamentos, que foram destruídos pelo incêndio. De acordo
com o que foi apurado pelo Estado, os
cientistas afirmaram que, extraoficialmente, foram informados que três
militares poderão ser indiciados pelo fato: o comandante da base, capitão de
fragata Fernando Tadeu Coimbra; o sargento Luciano Gomes Medeiros, ferido durante o incêndio, e responsável pelos
geradores; e o sargento João Cavaci, técnico em eletrônica da base. Ainda
segundo o jornal, os cientistas reclamam que não foram indenizados pelo governo
federal pelas perdas sofridas durante a tragédia, como havia sido prometido
pelo contra-almirante Marcos José de Carvalho Ferreira, que auxiliou os sobreviventes
logo após o fato, em nome do governo e também pelo ministro da Defesa, Celso
Amorim, em seus pronunciamentos. Entretanto, a Marinha afirmou as indenizações
são de responsabilidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, que
negou ser o responsável pelo caso. Em nota, o Ministério afirmou que
"representantes da comunidade científica reivindicaram a reposição de
equipamentos científicos perdidos no incêndio" e que "esta ação já
foi aprovada pela pasta e os recursos já estão em trâmite no Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para dispêndio final".
(O Estado de S. Paulo – Vida – 20/07/12)
Palácio do Planalto recebeu novo helicóptero
Conforme noticiado pelos periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo
e O Estado de S. Paulo, o Palácio do
Planalto recebeu no dia 18/07/12 um novo helicóptero modelo VH-36, ou EC-725. O
equipamento faz parte de um contrato de R$ 5,3 bilhões assinado pelo governo
com a empresa Helibras para a construção de 50 unidades, duas para o governo e
as demais para as Forças Armadas. De acordo com o Correio, já foram entregues três aeronaves às Forças e estima-se
que em 2013 mais uma seja destinada ao Planalto. O ministro da Defesa, Celso
Amorim, apontou para a necessidade de aumentar o percentual dos componentes
nacionais deste modelo. Espera-se que até 2014 a nacionalização dos
helicópteros chegue a 50%. (Correio Braziliense – 19/07/12; O Estado de S.
Paulo – Nacional – 19/07/12; Folha de S. Paulo – Poder - 19/07/12)
Comissão da Verdade solicita documentos ao estado de São Paulo
Segundo notícia publicada pela Folha de S. Paulo, a Comissão Nacional
da Verdade solicitou ao governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckimin,
acesso a documentos não divulgados do regime militar (1964-1985), pertencentes
às Polícias Civil e Militar e ao Instituto Médico-Legal (IML). Alckimin afirmou
que parte dos documentos já se encontra disponível. (Folha de S. Paulo –
Política – 19/07/12)
Laudo de “maioridade mental” foi usado por militares para manter um menor de idade preso durante o regime militar
Conforme noticiado pelo
jornal Folha de S. Paulo, César Benjamin,
preso político durante o regime militar (1964-1985), revelou em depoimento à
Comissão da Verdade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que a Justiça
Militar reconheceu um laudo de “maioridade mental” para que ele fosse mantido
preso mesmo sendo menor de idade. Benjamin na ocasião tinha dezessete anos e
era militante estudantil ligado ao Movimento Revolucionário Oito de Outubro
(MR-8). Ele foi detido pelo Exército no estado da Bahia em 1970 e depois
transferido ao Rio de Janeiro. Em depoimento, Benjamin afirmou que meses após
ser preso, foi examinado por um tenente-médico, identificado como Leuzzi, que,
“em dez minutos de conversa” atestou que sua idade mental era de 35 anos. O
laudo foi utilizado pela Justiça Militar para manter o então militante, ainda
menor de idade, em cárcere. Benjamin apontou também ter sofrido sessões de
torturas no Batalhão da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. Segundo a Folha, o depoimento deverá ser
encaminhado à Comissão Nacional da Verdade. (Folha de S. Paulo – Política –
19/07/12)
Amorim alega que verba destinada às Forças Armadas é “razoável”
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ED FERREIRA/AE. Verba da Defesa é ‘razoável’, diz Amorim. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012, p.A9. |
Segundo o periódico O Estado de S. Paulo, no dia 18/07/12, o
ministro da Defesa, Celso Amorim, alegou, em entrevista no Senado, que o
orçamento das Forças Armadas é suficiente para que estas realizem suas funções.
O jornal destacou que, em abril de 2012, Amorim sugeriu que o investimento no
setor militar fosse cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), que equivale
aproximadamente ao investimento em Defesa realizado pelos países dos Brics;
porém, afirmou que o Brasil investe aproximadamente 1,5% do PIB. O Estado evidenciou que a verba prevista
para o setor, este ano, está em torno de R$60 milhões. No dia 19/07/12, o Correio Braziliense publicou que a
presidenta da República, Dilma Rousseff, afirmou que se houver espaço no
Orçamento de 2013, haverá reajustes aos servidores públicos com salários
defasados, o que inclui os militares, que reivindicam cerca de R$ 21 bilhões. O
último dia para enviar a proposta orçamentária ao Congresso é 31/08/12 e,
portanto, até esta data, não há nada definido. Segundo Amorim, entre os anos de
2002 e 2010 os militares tiveram a menor reposição salarial entre as categorias
federais, de somente 85,29%, enquanto alguns setores atingiram o percentual de
153%. Por outro lado, o Correio
apontou que, por conta das medidas governamentais que visam evitar o aumento do
desemprego e estimular os investimentos no setor privado, a fim de fomentar a
economia brasileira, o espaço para reajustes fica cada vez menor. (Correio
Braziliense – 19/07/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 18/07/12)
Ministro da Defesa entrega versões do Livro Branco de Defesa Nacional ao Congresso
De acordo com o periódico Correio Braziliense, o ministro da
Defesa, Celso Amorim, enviou no dia 17/07/12 ao presidente do Congresso
Nacional, o senador José Sarney, “as versões preliminares do Livro Branco de
Defesa nacional”. (Correio Braziliense – Brasília-DF – 18/07/12)
Prefeitura de São Paulo retira de viaduto homenagem a militar
Conforme noticiou o jornal O Estado de S. Paulo, de acordo com lei promulgada pelo prefeito da
cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, houve uma alteração na nomenclatura do
viaduto que antes homenageava o general Milton Tavares de Souza, um dos
expoentes do governo autoritário instaurado em 1964. O viaduto passa agora a se
chamar Domingos Franciulli Neto, em homenagem ao ministro do Supremo Tribunal
Federal, morto em 2005. A atitude gerou certa repercussão, questionando a
relevância de Souza e se no momento atual uma homenagem desse tipo seria
adequada para uma figura histórica “sobre a qual pairam extremas dúvidas”. Ivan
Herzog, filho do jornalista Vladmir Herzog, se pronunciou contrário à alteração
dos nomes, uma vez que considera necessário que as pessoas saibam da existência
dessas figuras e dos momentos vividos pelo Brasil. Ivan Seixas, integrante da
Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, por outro lado, se pronunciou a
favor, afirmando que Souza deve ser “colocado na história como chefe de um
bando de assassinos” e que as homenagens públicas deveriam se destinar a outras
figuras da história do Brasil. (O Estado de São Paulo – Metrópole – 16/07/12)
Editorial avalia positivamente a atuação do Exército em obras de infraestrutura
O jornal O Estado de S. Paulo publicou no dia
16/07/12 editorial salientando a atuação do Exército brasileiro em obras de
infraestrutura realizadas no país, coordenadas pelo Departamento de Engenharia
e Construção do Exército (DEC). De acordo com o jornal, ao contrário das
notícias sobre superfaturamento e atraso em obras públicas que se publicam
rotineiramente, as obras sob responsabilidade do DEC estão sendo concluídas
antes do previsto, e em alguns casos a custos inferiores ao orçamento original.
O editorial ressaltou que, embora a missão do Exército não esteja relacionada à
execução desse tipo de serviço, o trabalho da instituição é sério e competente.
O Exército está envolvido em mais de 34 obras, sendo 25 destas referentes ao
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com destaque para a reforma do aeroporto
de Cumbica, no estado de São Paulo, finalizada com 15 meses de antecedência e
com o custo reduzido em cerca R$130 milhões, o que representa uma economia de
quase 25% do orçamento de R$473 milhões inicialmente previsto. (O Estado de S.
Paulo – Nacional – 16/07/12)
Transferência tecnológica para a compra dos caças F-18 Super Hornet pode ser ampliada
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o pacote de
transferência tecnológica a ser concedido junto à possível compra dos caças
F-18 Super Hornet, da empresa Boeing, pelo projeto brasileiro de modernização
da Força Aérea, FX-2, pode ser ampliado de acordo com o aprofundamento da
cooperação e confiança entre os governos dos Estados Unidos da América (EUA) e
do Brasil, bem como entre a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a
empresa estadunidense Boeing. De acordo com o vice-presidente do Programa
Boeing F/A-18, Mike Gibbons, “o Brasil e os EUA precisam um do outro. Os EUA
precisam do Brasil para estar seguros. Por isso, se o Brasil comprar os F-18
Super Hornet e se tornar um aliado do EUA, a parceria e a confiança mútuas vão
se expandir e a transferência tecnológica será estendida para um potencial
adicional”. De acordo com o Estado, a
Boeing vem demonstrando, cada vez mais, o forte interesse em ampliar os
negócios com o Brasil, como por exemplo, ao ter aberto um escritório na cidade
de São Paulo, ao ter enviado a ex-embaixadora americana Donna Hrinak como sua
representante, e ao ter fechado acordos com a Embraer para o aperfeiçoamento do
caça modelo A-29 Super Tucano, e a venda do modelo cargueiro KC-390. Além
disso, a empresa estadunidense fechou parceria com a empresa AEL Sistemas
(subsidiária no Brasil da empresa israelense Elbit Systems) para fornecimento
de novas telas do painel de controle de seus caças. Em contrapartida, o jornal
avaliou que essa promessa de transferência tecnológica ampliada não se traduz
na palavra “irrestrita”, que está presente na oferta da empresa francesa Dassault,
outra concorrente do projeto brasileiro FX-2. O Estado destacou que, apesar das promessas de transferência
tecnológica anunciadas inclusive pelo secretário da Defesa dos EUA, Leon
Panetta, essa decisão cabe ao Senado estadunidense. Gibbons, por sua vez,
acredita que o Senado não teria como recuar diante dessas propostas e afirmou
que a Boeing já estaria preparada para iniciar a produção dos caças ainda esse
ano, caso a compra se concretize. (O Estado de S. Paulo – Nacional – 14/07/12)
Comitê Interamericano de Direitos Humanos cobra governo brasileiro sobre desaparecidos no Araguaia
Conforme noticiado
pelo periódico O Estado de S. Paulo, o
Comitê Interamericano de Direitos Humanos, órgão vinculado à Organização dos
Estados Americanos (OEA), questionou o governo brasileiro quanto ao cumprimento
da solicitação da busca e apresentação dos restos mortais de dissidentes do
regime militar (1964-1985) assassinados durante a Guerrilha do Araguaia (1972-1975).
Os familiares das vítimas, que já haviam recorrido à Corte e ganho a causa em
2010, se apresentaram novamente, desta vez alegando insatisfação com o
resultado das buscas. Segundo os familiares, os grupos de trabalho que foram
designados para fazer a busca estariam trabalhando sem metodologia científica
ou orientação, e dessa forma desperdiçando dinheiro público. As críticas dos
parentes se concentram também no fato de não serem usados os arquivos das
Forças Armadas da época para que a identificação seja feita e também a perícia
que não ocorreu em ossadas que já foram encontradas e transferidas para o
Distrito Federal. O governo afirmou que responderá os questionamentos do Comitê
no prazo determinado. Gilles Gomes, representante da Secretaria de Direitos
Humanos no Grupo de Trabalho do Araguaia, afirmou que o grupo divulgará um relatório
sobre as atividades já realizadas e os resultados obtidos, e também que não
deve haver tanto “fetichismo” com relação aos documentos oficiais, uma vez que
Gilles levanta a possibilidade de alteração dos documentos, ou mesmo de já
haver ocorrido alguma “limpeza” na região. Sávio Andrade Filho atribuiu as
dificuldades da busca ao tamanho da área em que ela ocorre, sendo sete mil quilômetros
quadrados no sul do estado Pará e norte do Tocantins, região de solo arenoso e
com incidência constante de chuvas. Porém, afirmou que muitos avanços foram
feitos apesar das dificuldades encontradas, já que o grupo dispõe de uma série
de competências técnicas e recursos que permitem que seus integrantes trabalhem
melhor para encontrar os desaparecidos. No dia 17/07/12, o Estado noticiou que a Comissão da Verdade
irá acompanhar as investigações do Grupo de Trabalho. Os familiares dos
desaparecidos serão ouvidos na cidade de São Paulo, visto que, de acordo com a
advogada e integrante da Comissão, Rosa Maria Cardoso da Cunha, tais dispõem de
informações úteis para que as investigações não dependam apenas de documentos.
Segundo o jornal, recentemente 19 ossadas foram encaminhadas à Universidade de
Brasília, onde deverão ser analisadas. O ministro do Superior Tribunal de
Justiça e integrante da Comissão, Gilson Dipp, sugeriu que o Brasil procure
ajuda exterior, caso não tenha conhecimento científico e tecnológico
satisfatório para a identificação das ossadas. Contudo, o Grupo de Trabalho
respondeu a ele que “a tecnologia empregada é a mais avançada do mundo”. No dia 18/07/12, o
Estado noticiou que representantes do Ministério da Defesa, da Justiça e
dos Direitos Humanos afirmaram que as críticas quanto às buscas são “’improcedentes’
e ‘todos os esforços estão sendo feitos para encontrar os desaparecidos e
devolvê-los às famílias’”. Até o momento, não houve identificação de nenhum
guerrilheiro. (O Estado de S. Paulo - Nacional - 16/07/12; O Estado de S. Paulo
– Nacional – 17/07/12; O Estado de S. Paulo - Nacional - 18/07/12)
Comissão da Verdade retoma investigações e buscas do corpo de guerrilheiro
Conforme publicação do jornal O Estado de S. Paulo, a Comissão da
Verdade reabriu
as investigações e irá organizar nova busca pelo corpo de Ruy Carlos
Vieira Berbert, guerrilheiro do Movimento pela Libertação Popular (Molipo)
morto em 1972 em uma cadeia na cidade de Natividade, estado do Tocantins. A
Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos já havia conduzido uma
missão de busca dos restos mortais do militante, em 1992; no entanto, três
filhas de Domingos Nunes da Silva, um morador de Natividade que morreu na mesma
noite que Berbert, em 02/01/1972, alegaram que a comissão escavou o
lugar errado. Segundo o periódico, a versão sobre a morte do militante contada
pelos militares “sustenta que Berbert se suicidou com uma corda que ganhou de
presente de uma moradora da cidade”. No Cartório de Registro Civil da cidade
constam dois óbitos naquela noite, e fotos inéditas de Berbert divulgadas pelo Estado comprovariam que o governo
militar sempre soube de sua morte, mas ocultou o fato de seus familiares. De
acordo com o secretário da Junta Militar de Natividade em 1972, Ayram Bispo
Macedo, existe a possibilidade de que o
corpo de Berbert tenha sido retirado do cemitério dois anos após o enterro, em
uma “operação de limpeza” do Exército. Tal fato reforçaria a tese de que o
guerrilheiro não cometera suicídio. O único fotógrafo da cidade em 1972,
Antônio Rodrigues de França, foi chamado para fotografar Berbert no dia de sua
morte na cela, e contou que fez fotos quando o cadáver ainda estava preso à
corda, mas tais fotos não constam nos documentos encontrados no Arquivo
Nacional. (O
Estado de S. Paulo – Nacional – 15/07/12)
Livro traz perfis de personagens símbolos da resistência ao regime militar
Conforme publicado no
periódico Folha de S. Paulo, o livro “A
Mulher que Era o General da Casa”, escrito pelo jornalista Paulo Moreira Leite,
retrata um conjunto de perfis de personagens importantes para a resistência
civil ao regime militar (1964-1985), e busca, segundo a Folha, mostrar “a essência de cada uma das militâncias”. Sobre o
período, Moreira Leite acredita que há aqueles que tentam “esconder as
responsabilidades, embaralhar os papéis de cada um em nosso passado e, assim,
deformar as consciências”. Dentre os personagens retratados na obra estão: um
dos responsáveis pelo projeto Brasil: Nunca Mais, o reverendo Jaime Wrigh; o
ativista político filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e
ex-candidato à presidência da república, Plínio de Arruda Sampaio; o rabino
Henry Sobel, que esteve diretamente envolvido no esclarecimento do suposto
suicídio do jornalista Vladimir Herzog, que também é retratado no livro; o
sociólogo e professor, Florestan Fernandes; e, por fim, aquela que é
referenciada no título do livro, Therezinha Zerbini, que foi esposa do general
que se opôs ao golpe de 1964 que deu início ao regime militar. Zerbini teria
colocado sua casa à disposição de opositores do regime, e foi presa por oito
meses, no mesmo cárcere em que esteve a presidenta da República, Dilma
Rousseff. (Folha de S. Paulo – Poder – 14/07/12)
Arquivo Nacional possui fotos de presos políticos da época do regime militar
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Arquivo libera foto que revela lesões a bala em Lamarca. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012. |
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Arquivo libera foto que revela lesões a bala em Lamarca. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012. |
De acordo com o
jornal Folha de S. Paulo, fotos
provenientes do Arquivo Nacional, abertas à consulta pública recentemente, retratam
importantes líderes da esquerda presos durante o regime militar (1964-1985),
acusados de subversão e ligações com a luta armada. Algumas delas são inéditas,
como aquelas que retratam o atual secretário do Meio Ambiente do estado do Rio
de Janeiro, Carlos Minc, que participou do roubo do cofre do ex-governador do
estado de São Paulo, Adhemar de Barros, em 1969, organizado pela Vanguarda
Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares). O ex-deputado Fernando
Gabeira, que participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick,
em 1969, também aparece em algumas fotos, assim como o militante de esquerda
que era membro da Aliança Libertadora Nacional, Apolônio de Carvalho, e o
ex-deputado José Dirceu, que foi preso no 30º Congresso da União Nacional dos
Estudantes na cidade de Ibiúna, no estado de São Paulo, em 1968. No dia
18/07/12, a Folha ainda destacou a
existência de fotos sob tutela do Arquivo Nacional que mostram militantes
feridos durante o regime militar, possivelmente tiradas no Instituto Médico
Legal de Salvador. Uma delas é a de Carlos Lamarca, que comprova os ferimentos
a bala que o levaram a morte no ano de 1971. Outra foto destacada pela Folha é a do corpo de José Campos
Barreto, militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8). Ambos
foram mortos pela Operação Pajussara, do Exército. A ativista de direitos humanos Suzana Lisboa
afirmou não possuir “nenhuma dúvida sobre a execução deles”. O jornal ainda
destacou a foto do engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira, morto no ano de 1971,
após ter sido torturado no Departamento
de Ordem Política e Social (Dops).
A Folha evidenciou que Ferreira estava saudável quando preso pelo Dops,
onze dias antes de sua morte, porém a causa desta, segundo relatório oficial,
foi uma doença hepática. No livro “Os Anos de Chumbo”, o general do I
Exército, Adyr Fiúza de Castro, reconheceu que Ferreira teria morrido por
consequência de torturas. O periódico Correio Braziliense noticiou que também foram abertos à consulta documentos
que tratavam do monitoramento a jornalistas estrangeiros no Brasil, os quais descreviam
as atividades desses profissionais, suas relações com o governo e os
classificavam às vezes como “indesejáveis” ou de alguma forma nocivos ao
regime. Correspondentes internacionais, como Claude Vanhecke, que trabalhava na
época para o Le Monde, e Marvine Enrietta Howe, então correspondente do The New
York Times, embora soubessem que não agradavam aos militares, se mostraram
surpresos ao saber que existiam dossiês a seu respeito no Arquivo Nacional.
Vanhecke chegou a relatar que já tinha conhecimento da espionagem a sua rotina,
mas que não entendia o porquê do teor dos relatórios a seu respeito; Howe afirmou
não saber por que foi monitorada. Os jornalistas ainda descreveram outros
empecilhos a suas atividades, como a necessidade de ir para países vizinhos
para fazer o envio de reportagens e driblar a censura. (Correio Braziliense –
16/07/12; Folha de S. Paulo – Poder – 14/07/12; Folha de S. Paulo – Poder – 18/07/12)
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