Conforme
noticiado no jornal Correio Braziliense, um estudo do Instituto Internacional
de Estudos da Paz de Estocolmo (sigla Sipri, em inglês) divulgou que as
despesas do Brasil na área de defesa são menores do que as de qualquer um dos
membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(CSONU). Além disso, em comparação com os países do Brics (Rússia, Índia, China
e África do Sul) o Brasil somente tem gastos superiores em defesa em relação à
África do Sul. O Sipri mostrou que o Brasil reduziu seus gastos com material
bélico em 2011 por conta da crise financeira ou por motivos de ajustes
orçamentários e o relatório destacou ainda que os países latino-americanos
investem pouco de seu Produto Interno Bruto (PIB) com despesas militares, sendo
que, em 2011, o Brasil destinou 1,5% do PIB aos gastos militares, mas deste montante
cerca de 70% a 80% foram utilizados com folha de pagamento e previdência.
Analistas da área de defesa e estratégia destacaram a precariedade da qualidade
e quantidade dos armamentos brasileiros e a falta de investimento para
compensar esses fatos. De acordo com o consultor do Conselho de Defesa da União
das Nações Sul-Americanas (Unasul) e também professor do programa de
pós-graduação em
Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e
PUC-SP), Héctor Luis Saint-Pierre, “a proporção militar do Brasil não está à
altura de sua projeção estratégica no cenário internacional”. O professor
destacou que o valor do PIB utilizado em despesas militares inclui
treinamentos, inclusive para missões de paz, mas não especificamente em armamentos. Segundo
o coronel e professor do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), Geraldo Cavagnari, “o Brasil precisa ser uma
potência militar, assim como é geopolítica e economicamente”. Para Cavagnari
essa defasagem de investimentos decorre de uma situação de anos de estagnação
neste setor, que somente começou a modificar-se a partir da consolidação
econômica do país. Diante disso, segundo o Correio, o Brasil sofre críticas por
almejar um assento permanente no CSONU. Além disso, a defasagem de
investimentos em defesa tem sido justificativa para novos projetos, tais como a
construção do submarino nuclear, em parceria com a França, e o projeto FX-2,
para a renovação da frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o
coordenador de Estudos e Debates do Centro Brasileiro de Relações
Internacionais (Cebri), Leonardo Paz Neves, “ao fazer esses gastos, o Brasil
não apenas recupera os investimentos no reaparelhamento das Forças Armadas,
mas, ao mesmo tempo, busca sua ascensão internacional”. Finalmente, o professor
do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB),
Antonio Jorge Ramalho da Rocha, destacou que nenhum país foi capaz de manter a
sua diplomacia sem recursos bélicos à disposição, e que alguns países investiram
em defesa somente após a percepção de que os seus equipamentos militares
estavam obsoletos. (Correio Braziliense – Mundo – 19/04/12)
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